Após concordar com sua extradição aos Estados Unidos em audiência com autoridades suíças nesta terça-feira, o ex-presidente da CBF José Maria Marin deverá embarcar aos Estados Unidos dentro dos próximos dez dias, segundo autoridades suíças.
"Ele viajará em um voo comercial juntamente com um policial americano, que será deslocado especialmente até à Suíça para acompanhá-lo", explicou à BBC Brasil o porta-voz do Ministério da Justiça suíço, Folco Galli.
Marin está preso desde 27 de maio, quando investigações de corrupção lideradas pela Justiça americana trouxeram à luz suspeitas sobre um extenso esquema de propinas dentro da Fifa. Junto com ele outros seis cartolas da organização também tiveram as prisões decretadas pela Justiça dos EUA.
O pedido formal de extradição foi submetido ao Escritório da Justiça Federal suíça em 1º de julho, com base em uma ordem de prisão emitida em 20 de maio pela Procuradoria do Distrito Leste de Nova York.
Marin é acusado de aceitar milhões de dólares em subornos pagos por empresas de marketing esportivo em conexão com a venda de direitos comerciais para a Copa América de 2015, 2016, 2019 e 2023, bem como para a Copa do Brasil no período de 2013 a 2022.
Segundo autoridades suíças, Marin teria compartilhado o dinheiro ilegal com outras autoridades do futebol, em ações que resultaram no "desvio de fundos da Fifa de duas confederações continentais e da organização nacional de futebol do Brasil".
Quando o advogado suíço que cuidava do caso Marin, Georg Friedli, foi contatado ele limitou-se a informar que estava de férias.
Relatos publicados anteriormente pela imprensa brasileira, mas não confirmados pela BBC Brasil, sugerem que Marin teria concordado com sua extradição porque estaria deprimido com a rotina na prisão suíça.
Rotina na prisão
Procurado pela BBC Brasil, o departamento responsável pelas prisões na região de de Zurique, onde Marin ficou detido, disse não poder revelar exatamente em qual das dez instituições administradas pela jurisdição ele se encontra, mas disponibilizou detalhes da rotina padrão.
A pedido próprio, Marin aguarda a extradição em uma cela sozinho, de aproximadamente 12 metros quadrados e equipada com uma pia e um vaso sanitário. A ducha é comunitária e só pode ser utilizada duas a três vezes por semana.
Na prisão Marin tem o direito de alugar uma televisão e pode trabalhar, caso tenha vontade, ajudando na cozinha do presídio ou cumprindo tarefas gerais.
Não há cafeteria e as refeições são servidas na cela.
Em um dia comum os presos acordam às 7h, recebem o café e têm a manhã livre para trabalhos ou leitura até às 11h25. As manhãs são pontuadas com a prática diária de uma hora de caminhada.
Após o almoço, as tarefas seguem até às 16h30, quando a porta das celas são novamente fechadas.
Dentro da prisão os detentos circulam sem algemas e possuem acesso a uma biblioteca, porém sem conexão com a internet.
Durante a semana apenas uma refeição quente é servida por dia, e macarrão é o prato típico. Café, pão, manteiga, queijo e geleia são os ingredientes das outras duas refeições frias. A prisão oferece exceções a essa dieta quando há prescrição médica específica, como no caso de pacientes com diabetes e alergias.
Marin pode receber os advogados nas horas estipuladas e também visitas uma vez por semana, desde que a Justiça aprove antecipadamente o contato.
"As celas são mais ou menos iguais, fora a diferença no tamanho caso sejam para dois ou três prisioneiros. Não temos celas especialmente luxuosas", explica Rebecca da Silva, porta-voz do governo.
"Não há privilégios. Cada prisioneiro, independente da idade, pode receber assistência médica e ser transferido para uma prisão hospitalar."
A população prisional de Zurique é de aproximadamente 730 detentos.
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