sexta-feira, 15 de maio de 2015

Ministério Público pede condenação de Cerveró por lavagem de dinheiro Para defesa, pedido era esperado, mas não há 'elemento de prova'. MP também pediu que ele ressarça cofres públicos em R$ 2,5 milhões.

Ministério Público Federal (MPF) pediu a condenação do ex-diretor da área Internacional da Petrobas Nestor Cerverópor lavagem de dinheiro.
Cerveró está preso em Curitiba e responde a dois processos na Operação Lava Jato. O pedido do MPF foi registrado no andamento processual do caso na noite desta quinta-feira (14).

No dia 24 de fevereiro, o MPF havia apresentado denúncia contra Cerveró, que significa a abertura de inquérito diante de índícios de crime.
Ao pedir a condenação, o MPF considera que, ao longo das investigações do inquérito, houve provas suficientes para atestar a existência do crime e a autoria.
Defesa
Ao G1, o advogado de Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, afirmou que "não existe nenhum elemento de prova" para a condenação do ex-diretor. Ele afirmou que o pedido de condenação do MPF já era esperado, mas, segundo a defesa, as provas de acusação não comprovam a participação a Cerveró no esquema.
"Não existe nada que o implique nesta denúncia. Até porque, o crime de lavagem de dinheiro tem que ter um crime antecedente. Você só lava o que é ilegal. Muito embora o MPF tenha pedido a condenação, isso não significa absolutamente nada, porque as provas antecedentes são no sentido de absolver o Cerveró", afirmou.
No pedido de condenação, o MPF requer que a pena seja cumprida em regime incialmente fechado e que a prisão preventiva do ex-diretor seja mantida, além do pagamento de R$ 2,5 milhões como reparação de danos para os cofres públicos.
Agora, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância, vai decidir se aplica ou não a condenação a Cerveró. Moro também vai definir o período de uma eventual pena na cadeia.
Nestor Cerveró é apontado pelo MPF como um dos beneficiários do esquema de pagamento de propina em contratos da Petrobras investigados pela Lava Jato.

Na denúncia que originou o pedido de condenação, procuradores da República alegam que parte do dinheiro pago ao ex-diretor no esquema foi enviado ao exterior por meio de offshores, empresas de fachada no exterior, localizadas no Uruguai e na Suíça.
Nestor Cerveró permanece em silêncio durante sessão de depoimento na CPI da Petrobrás, realizada na Justiça Federal, em Curitiba (PR), nesta segunda-feira (10) (Foto: Geraldo Bubniak/AGB/Estadão Conteúdo)Nestor Cerveró está preso em Curitiba
(Foto: Geraldo Bubniak/AGB/Estadão Conteúdo)
Cobertura no Rio
De acordo com as investigações, em uma dessas operações, o ex-diretor da Petrobras repatriou ao Brasil, por meio de uma empresa de fachada, recursos repassados para a offshore Jolmey para comprar uma cobertura de luxo no Rio.
Os procuradores explicam na denúncia que apesar de estar registrada em nome de terceiros, a offshore era de propriedade de Cerveró.
No pedido desta quarta, os procuradores da Repúbica pediram que a pena imposta a Cerveró fosse agravada por conta dos "motivos", "circunstâncias" e "consequências" do crime.
"As suas ações foram movidas em busca de enriquecimento fácil e pela ganância injustificável, já que possuía renda mensal de aproximadamente R$ 110.000,00, muito acima da média do Brasileiro, excelente emprego, previdência garantida e conjunto de patrimônio confortável", afirma o pedido de condenação.
Inicialmente, também eram reús neste processo o lobista Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema – o partido nega – e o advogado uruguaio Oscar Algorta. O processo contra Baiano, no entanto, foi arquivado pela Justiça e o de Algorta se tornou uma ação penal em separado.

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