O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, encerrou na segunda-feira no Chile sua viagem pela América Latina, onde assinou o último de uma série de acordos para o investimento de 250 bilhões de dólares na região nos próximos 10 anos. Num sinal da importância dessa visita, a presidenta do Chile, Michelle Bachelet, dedicou sua agenda quase exclusivamente a acompanhar Li em seis eventos durante o dia. Antes de passar pelo Chile, o dirigente chinês já havia assinadoambiciosos acordos comerciais no Brasil, Colômbia e Peru.
Li participou de uma reunião ampliada das delegações no Palácio de La Moneda e, à noite, foi homenageado com um jantar no mesmo local, sede da presidência chilena. Ele e Bachelet assinaram uma série de tratados, incluindo um que evita a dupla tributação e outro, entre os respectivos bancos centrais, para swaps cambiais. A cooperação financeira entre os dois países é crucial neste momento, pois em breve começara a funcionar no Chile o Banco Chinês da Construção, o segundo mais importante do país asiático.
O Chile foi o primeiro país sul-americano a reconhecer a República Popular da China, há exatos 45 anos, e o primeiro a assinar um acordo de livre comércio. Mas, apesar de ter se tornado o terceiro principal sócio comercial da China na região, os chilenos ficaram para trás como receptores de investimentos chineses até agora. Este, entretanto, é um momento decisivo para as economias de ambos os lados do Pacífico: devido ao menor ritmo de crescimento previsto para nos próximos anos, tanto na China como na América Latina, o comércio bilateral não continuará expandindo-se a taxas tão elevadas, por isso é preciso procurar novas oportunidades.“Temos uma relação comercial muito profunda, e [a China] é nosso principal sócio comercial. Esta relação é frutífera e continua se fortalecendo”, observou o ministro da Fazenda de Bachelet, Rodrigo Valdés, depois de participar da assinatura dos tratados no La Moneda.
De acordo com um documento divulgado na segunda-feira pela CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), a diversificação das exportações é o principal desafio da América Latina em sua relação comercial com a China. Apesar de o comércio bilateral ter crescido 22 vezes entre 2000 e 2014, 75% das exportações latino-americanas para o gigante asiático continuam se concentrando em uma limitada cesta de produtos.
O Chile foi o primeiro país sul-americano a reconhecer a República Popular da China, há exatos 45 anos, e o primeiro a assinar um acordo de livre comércio
“Para reverter a preocupante reprimarização exportadora é preciso obter avanços em produtividade, inovação, infraestrutura, logística e formação e capacitação de recursos humanos. Esses avanços são fundamentais para crescer com igualdade, em um contexto de acelerada mudança tecnológica”, afirmou Alicia Bárcena, secretária executiva da CEPAL.
A inesgotável disposição financeira da China para tecer alianças e conquistar poder e influência na América Latina ficou clara na atual viagem de Li, que teve início há uma semana no Brasil, onde Li e a presidenta Dilma Rousseff assinaram 35 acordos de investimento num valor de 53 bilhões de dólares (164,3 bilhões de reais) e avançaram em um projeto chamativo: a ferrovia transoceânica, que será construída com capital chinês para ligar o Atlântico ao Pacífico, atravessando o Brasil de leste a oeste.
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