domingo, 31 de maio de 2015

Há várias maneiras de se esfolar um gato. Um leão é mais difícil

MIGUEL A. LOPES

Uma expulsão, dois disparates, um guarda-redes com cãibras e uma vitória nas grandes penalidades. O Sporting ganhou a Taça de Portugal porque lutou, correu e quis mais do que o Braga. 

Sabe aquelas equipas das quais dizemos que são a cara do treinador, porque são nervosas como ele é nervoso, agressivas como ele é agressivo, ou, então, que são defensivas porque ele foi defesa ou ofensivas porque ele foi avançado? O Sporting não é uma dessas equipas. 
Marco Silva foi defesa e gosta de um futebol de ataque mas o clube que ele treina sofre golos que as equipas que defendem bem não sofrem - de contra-ataque. Porque para fechar portas quando se joga de peito aberto, são precisos tipos concentradinhos, que quatro (ou cinco) subam ao mesmo tempo para o fora-de-jogo, e, sobretudo que todos eles sejam rápidos e certeiros a roubar a bola quando a perdem. Caso contrário, dá buraco. E num buraco todos podem cair. 
Foi assim que o Sporting de Braga fez dois golos: pelo corredor esquerdo, que é o direito do Sporting Clube de Portugal, o primeiro num penalti de Ederzito, por falta de Cédric sobre Djavan, e o outro de Rafa, por falta de jeito de Miguel Lopes. E Marco Silva, já o disse, foi defesa - mais do que isso, foi defesa direito. Há alguma coisa que não bate certo nesta história.
Sim, podemos discutir a expulsão de Cédric que deixou o Braga com mais um e com um a zero, mas é indiscutível que o Sporting começou a final a perder porque deu dois tiros nos pés que podiam ter levado ao fundo uma época. Mas não levaram. Porque há várias maneiras de se esfolar um gato; um leão é mais difícil.
Do zero ao 90
JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA
Quando se apanhou em desvantagem, o Sporting fez o que tinha a fazer (atacar e desequilibrar-se) e o Braga também (defender e contra-atacar, porque ter bola no pé não é com ele). As coisas andaram para trás e para a frente e para os lados, com pouco perigo em ambas as balizas na primeira-parte. 
E, na segunda-parte, a lengalenga continuou igual até que Montero entrou e Slimani arranjou companhia e os centrais bracaranses ficaram com mais um para marcar. Aí, tudo mudou. 
Foi nessa altura que Kritchiuk nos fez recordar aquela eliminatória com o Benfica em que pôs as mãos e os pés em todo lado - e foi também nessa altura que Slimani, que é valente, marcou o golo que o Sporting merecia por nunca ter desistido dele. E como havia tempo e Marco Ferreira ainda o esticou um bocadinho mais, o final da final foi épico: Montero fez o 2-2. 
Do 90 ao limite da velocidade
MIGUEL A. LOPES
Seguiu-se para bingo e como mais tarde podia haver lotaria de grandes penalidades, Sporting e Braga entraram com jeitinho porque o corpo tinha de ser poupado para o que lá viesse. Houve um ou dois lances perigosos, o primeiro de Nani, o segundo de Salvador Agra, mas o cabedal não dava para grandes correrias - era tempo para eles esticarem as pernas ou de ter alguém a esticá-las por eles. Que nisto das cãibras não há cor e a dor é igual para todos.
Os penaltis
0-1, Alan marca (Braga)
1-1, Adrien marca (Sporting)
1-1, André Pinto falha (Braga)
2-1, Nani marca (Sporting)
2-1, Ederzito falha (Braga)
3-1, Slimani marca (Sporting)
3-1, Agra falha (Braga)

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