sábado, 30 de maio de 2015

Pessimismo no Brasil bate recorde com crise econômica e corrupção

Protesto do Dia Nacional de Paralisação em frente à Volkswagen, em São Bernardo do Campo, São Paulo. / ADONIS GUERRA (SMABC)
Bateu um desânimo geral entre os brasileiros diante das notícias negativas deste ano. Uma pesquisa do Instituto Ibope, realizada em 141 cidades, revela que 36% dos brasileiros estão pessimistas em relação ao futuro do país, e outros 12% estão muito pessimistas. Ou seja, 47% da população está sem esperança sobre o que virá. É o pior resultado desde 2001, ano do apagão, quando o racionamento de energia tirou o humor do país. Mais do que isso, mostra a rota descendente da confiança popular durante a gestão da presidenta Dilma Rousseff, o que explica a hostilidade persistente de alguns setores a sua pessoa. No começo do seu primeiro mandato, em 2011, 73% se declaravam otimistas com o futuro. No ano passado, esse porcentual caiu para 49%.
Quando a avaliação leva em conta o poder de compra e a região dos entrevistados, os nordestinos e os de menor poder aquisitivo lideram o pessimismo, justamente os que compõem prioritariamente o perfil de eleitores da presidenta. No Nordeste, 51% estão pessimistas ou muito pessimistas, contra 50% dos que foram ouvidos no Sudeste, 41% do Norte e Centro-Oeste e 46% do Sul.Atualmente, 20% estão confiantes, e uma parcela de 28% não se diz nem otimista e nem pessimista. O estado de ânimo atual não chega a surpreender, diante dos escândalos de corrupção, e a crise econômicaque afeta o cotidiano dos brasileiros.
Mais da metade (53%) dos que ganham até um salário mínimo está pessimista em relação ao futuro, contra 49% dos que ganham mais de cinco salários.
O levantamento divulgado nesta sexta, que ouviu 2002 pessoas, mostra que as principais preocupações da população residem na saúde (o mais relevante, segundo 25% dos entrevistados), seguido pelas drogas (14%) e corrupção (13%), seguidos por segurança e educação (9% para cada um).
Num ano marcado pelo desemprego depois de mais de uma década de mercado de trabalho aquecido, muitos brasileiros manifestaram saudade dos tempos de Fernando Henrique Cardoso (1994-2002). Confrontados com a frase “O desemprego hoje no país é menor do que no governo FHC”, 21% dos entrevistados pelo Ibope disseram discordar totalmente dessa afirmação, embora outros 21% concordem. Durante o Governo Fernando Henrique Cardoso a taxa de desocupação era de dois dígitos, quase o dobro da atual, mas no dia a dia as pessoas não estão preocupadas com porcentuais de comparação. A paralisia depois de anos de prosperidade gera uma frustração que está refletida na pesquisa.
Os preços em alta são uma preocupação latente dos brasileiros. Para 25% das pessoas, a inflação atual é mais alta do que nos anos de Fernando Henrique, embora a realidade seja o contrário. O mal-estar com o Governo atual acaba contagiando a memória – nos anos FHC houve um pico inflacionário de 12% em 2002 – mas a expectativa é que esse problema que o Brasil enfrentou por mais de um século já estivesse equacionado. A alta de tarifas e da gasolina deu um salto no início do ano, corroendo a renda dos brasileiros. E ainda que o índice inflacionário oficial esteja na casa dos 8%, para quase metade dos brasileiros a ‘sensação térmica’ é que ela supera esse porcentual: para 18% das pessoas ouvidas pelo instituto ela está entre 9% e 12% e para 19% ela é maior que 12%. A divulgação do PIB negativo (-0,2%) nesta sexta aumenta a sensação de desalento. Diante da certeza de que o ano seguirá recessivo, dificilmente o pessimismo será revertido no curto prazo.

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