sexta-feira, 8 de maio de 2015

Comandante geral da Polícia Militar do PR entrega o cargo, diz governo Coronel Cesar Kogut alegou 'dificuldades intransponíveis com a Sesp'. Chefe do Estado-Maior da PM vai assumir interinamente as funções.

O comandante geral da Polícia Militar (PM) do Paraná César Vinícius Kogut entregou o cargo no fim da tarde desta quinta-feira (7). Ele desistiu de permanecer à frente da corporação após o episódio que terminou com mais de 200 feridos, num confronto entre policiais e manifestantes, no dia 29 de abril. O grupo, que tinha majoritariamente professores, protestava contra a votação de um projeto de lei que mudou a gestão de recursos da ParanáPrevidência.
Kogut participou de uma reunião com o governador Beto Richa (PSDB), na qual deixou o cargo de comandante-geral à disposição. O coronel Carlos Alberto Bührer Moreira, chefe do Estado Maior da PM, vai assumir as funções de Kogut interinamente.
Em nota, Kogut agradeceu ao efetivo pelo apoio. "Agradeço a todos que me deram sustentação para que eu pudesse conduzir a corporação com transparência, eficácia e serenidade".
O abalo à imagem da Polícia Militar após a operação ficou caracterizado com as declarações posteriores ao confronto. A PM, a Secretaria de Segurança Pública e o Governo do Estado defendiam que a participação de integrantes de movimentos black blocks fomentou a ação policial. Ao todo, 14 pessoas foram detidas. Contudo, a Defensoria Pública e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) apontaram que não havia indícios de que essas pessoas participavam de tais movimentos radicais.

De acordo com a assessoria do governo, Kogut justificou a saída por conta de "dificuldades administrativas intransponíveis com a direção da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp)".
Além disso, uma entrevista do secretário de Segurança Pública, Fernando Francischini, acabou colocando a maior parte da culpa pelos feridos nos comandantes da PM. Segundo Francischini, ele não havia participado diretamente da ação. A informação foi desmentida em uma carta assinada por Kogut e outros coronéis da PM, na qual eles alegavam que o secretário era informado de cada passo da ação policial.
Confronto
O conflito de 29 de abril, que resultou em mais de 200 pessoas feridas, aconteceu no dia em que os professores protestavam em frente à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) contra o projeto do governo estadual que mudava a forma de custear a ParanaPrevidência, o regime da Previdência Social dos servidores do estado.
Com a paralisação, quase um milhão de alunos estão sem aula em todo o estado. A Justiça chegou a determinar o retorno imediato dos professores às salas de aula, mas o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato) entrou com recurso.
Com a aprovação do texto na Assembleia e a sanção do governador, a greve foi continuada. Nesta quinta-feira, professores e funcionários das escolas em greve há 13 dias realizam ato em frente à sede da Secretaria de Estado da Educação (Seed), em Curitiba, e dos Núcleos Regionais de Educação, em várias cidades do Paraná, na manhã desta quinta-feira (7). Na quarta (6), a entidade enviou um ofício à nova secretária de Educação, Ana Seres Trento Comin, solicitando uma audiência de negociação para debater a questão da data-base e as punições aos grevistas. A reunião começou às 11h e terminou sem acordo entre os trabalhadores e a nova secretária.
Policiais que faziam um cerco ao prédio da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) disparam em confronto com manifestantes em Curitiba, durante protesto contra votação de projeto que promove mudanças na Previdência estadual (Foto: Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo)Policiais que faziam um cerco ao prédio da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) disparam em confronto com manifestantes em Curitiba, durante protesto contra votação de projeto que promove mudanças na Previdência estadual (Foto: Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo)

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