BRASIL
O presidente quer tempo para provar que o governo ainda tem força para aprovar as reformas defendidas pelo partido, principalmente a da Previdência
12 jun 2017, 07h44
São Paulo – O presidente Michel Temer apelou ao governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, e ao prefeito, João Doria, para que eles trabalhem no sentido de esvaziar o caráter deliberativo da reunião da Executiva ampliada do PSDB marcada para hoje e que pode definir a saída dos tucanos da base aliada ao Palácio do Planalto.
Após a vitória de Temer no julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na sexta-feira, 9, o presidente, por meio de aliados e ministros do PSDB, pediu a Doria e a Alckmin que deem mais tempo a ele para reorganizar sua base e mostrar que o governo ainda tem força para aprovar as reformas defendidas pelo prefeito e pelo governador, principalmente a da Previdência.
Dentro do próprio PSDB é dado como certo que Temer não conseguirá fazer as reformas sem o apoio dos tucanos.
O medo de Temer é de que a saída do PSDB do governo crie um “efeito manada”, na expressão de um senador do PMDB próximo a Temer, às vésperas de a Câmara dos Deputados analisar uma eventual denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente. Ou seja, a saída dos tucanos pode motivar outros partidos a seguir o mesmo caminho.
Na avaliação do Planalto, se os dois tucanos paulistas trabalharem para esvaziar a reunião de hoje ou para cabalar votos pela permanência do PSDB na base, a vitória de Temer estará garantida na Executiva, que tem 17 membros, caso haja uma votação deliberativa.
Rumo a 2018
Para auxiliares de Temer, as pretensões eleitorais de Alckmin e Doria favorecem um entendimento deles com o Planalto neste momento.
A dupla também receia que a saída do PSDB da base governista leve o partido automaticamente para a oposição, o que favoreceria o PT e deixaria o governador numa posição de isolamento político para 2018.
A ambos ainda interessaria manter Temer no cargo, ainda que com baixa popularidade, até 2018, quando um dos dois poderá ser o candidato a presidente.
No PSDB, a compreensão é de que a substituição de Temer, via eleição indireta no Congresso, poderia abrir caminho para Rodrigo Maia (DEM-RJ) ser candidato e permanecer no cargo de presidente, o que elevaria o cacife eleitoral do partido dele para 2018 e dificultaria um entendimento com os tucanos.
Até ontem à noite, Doria e Alckmin trabalhavam fortemente pelas pretensões de Temer dentro do PSDB. Porém, ambos não querem tomar o carimbo de “fiador” de um presidente prestes a ser denunciado no Supremo Tribunal Federal.
Por isso, a dupla aceita dar mais um crédito a Temer, mas com prazo de validade definido e sujeito a uma mudança de rumos, na dependência de eventuais “fatos novos” e decisões da Justiça.
Ontem, Alckmin manteve seu discurso: “O importante é que o PSDB vai apoiar as reformas. Se vai preservar os ministérios, não importa”. O Planalto já tem apoios do grupo do senador Aécio Neves (PSDB-MG) na Executiva, além dos quatro ministros tucanos – Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores), Bruno Araújo (Cidades), Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Luislinda Valois (Direitos Humanos).
Os governistas esperam aprovar neste mês a reforma trabalhista no Senado, enquanto reorganizam as forças na Câmara. O Planalto receia que uma decisão desfavorável a Temer no PSDB, somada à repercussão da reportagem da revista Veja de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) espionou o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, desmobilize o Congresso.
Crise de identidade
A reunião de hoje ocorre num momento difícil na história do PSDB, fundado em 1988. Um tucano experiente lembrou uma frase do Manifesto ao Povo Brasileiro, feito pela sigla no ano da fundação: “Longe das benesses oficiais, mas perto do pulsar das ruas, nasce o novo partido”. Para ele, este é o momento de o partido decidir de qual desses lados quer chegar até o ano que vem.
Hoje, o partido deve adiar mais uma vez a decisão. “A ideia é não tomar uma decisão. É muito curto o tempo entre a decisão do TSE e a reunião”, disse o secretário-geral do PSDB, deputado federal Silvio Torres (SP). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Aguiasemrumo: Romulo Sanches de
Oliveira
O TSE perdoa Temer: Cinco grandes
lições de como funciona o Brasil
TSE perdoa Temer:
Cinco grandes lições de como funciona
o Brasil
Para quem acompanha a política
nacional, esta sexta (9) foi um dia bem instrutivo.
Foram, ao menos, cinco grandes lições
de como o país funciona:
1) A justiça não é cega – O Tribunal
Superior Eleitoral contrariou o relator Herman
Benjamin (https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2017/06/09/relator-vecaixa-2-e-pede-cassacao-da-chapa-dilma-temer.htm)
e absolveu a campanha de
Dilma Rousseff e Michel Temer de
crime eleitoral por 4 votos a 3. Isso garantiu uma
sobrevida ao governo de Temer. Para
isso, foi ignorada farta quantidade de provas
e evidências apresentadas, mostrando
que PT e PMDB se beneficiaram de caixa 2
na eleição de 2014. A vitória só foi
possível graças à atuação
constrangedora de Gilmar Mendes,
amigo pessoal de Temer, que acumulou as
funções de presidente da corte e
advogado de defesa. Aviso: quem disser a
frase ''Se Dilma Rousseff fosse a
presidente, a decisão teria sido outra'', corre o
risco de ser processado pelo
digníssimo.
2) Vida de jornalista vale pouco –
Durante a sessão do julgamento desta sexta, o
ministro do TSE Napoleão Maia
confessou seu desejo de decapitar ou degolar
(https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2017/06/09/apos-filho-serbarrado-no-tse-ministro-desabafa-em-plenario-e-faz-gesto-da-ira-do-profeta.htm)
Jornalistas. Por conta de uma
denúncia veiculada – de que delatores da JBS haviam
envolvido seu nome em um caso de
tráfico de influência – Maia desejou que
''desabe a ira do profeta'' sobre os
profissionais de imprensa envolvidos. Ele, que é
cristão, apelou a Maomé –
demonstrando o melhor do sincretismo religioso
tupiniquim. E enquanto falava da ira,
simulou o gesto de uma lâmina cortando a
própria garganta.
3) O cinismo político não tem limites
– Temer, talvez sentindo-se revigorado pelo
vento favorável que soprava do TSE,
devolveu em branco as 82 perguntas que a
Polícia Federal fez a ele
(https://noticias.uol.com.br/politica/ultimasnoticias/2017/06/09/temer-nao-responde-perguntas-da-pf-e-pede-arquivamento-deinquerito-no-stf.htm)
no inquérito sobre suspeita de seu
envolvimento em corrupção,
organização criminosa e obstrução de
Justiça. Ele já havia pedido uma extensão de
prazo para enviar as respostas.
Agora, afirmando que as questões se desviaram do
tema, solicitou arquivamento do
inquérito. Em sua petição, seus advogados
reclamaram que ele é ''alvo de um rol
de abusos e agressões aos seus direitos
individuais e à sua condição de
mandatário da nação''.
4) Ética não pode prejudicar negócios
– Reportagem da BBC, publicada nesta
sexta
(https://economia.uol.com.br/noticias/bbc/2017/06/09/com-ou-sem-temerpara-mercado-o-que-interessa-e-aprovacao-das-reformas.htm),
mostra o que pensa
o mercado sobre Temer. ''Quem é o
presidente do país fica em segundo plano'',
afirmou um empresário. ''Como pessoa
física, está todo mundo enojado'', explicou
um segundo. ''Se vamos prender todo
mundo, não sobra ninguém'', ponderou um
terceiro. ''Atrapalhou muito, foi
decepcionante'', avaliou um quarto. ''Quem vai
conquistar apoio não é ele, são as
reformas propriamente ditas. Passadas as
medidas, vamos ver se os outros
seguirão apoiando um presidente não legítimo'',
2017610 TSE perdoa Temer: Cinco
grandes lições de como funciona o Brasil Cotidiano Cotidiano
https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2017/06/09/tseperdoatemercincograndeslicoesdecomofuncionaobrasil/
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cravou um quinto. O mercado, na
verdade, professa a crença da imortalidade das
reformas: se Temer voltar ao pó, elas
reencarnarão no corpo de outra pessoa.
Como Rodrigo Maia, Tasso Jereissati,
Cármen Lúcia, Fernando Henrique, Nelson
Jobim, Henrique Meirelles ou o
próprio Gilmar Mendes.
5) O Congresso vive em um universo
paralelo – O mesmo forno a lenha
Senhor Michel Temer: Parabéns... Você
chegou à Presidência da República não por méritos pessoais? Muito menos pelo
PMDB!
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