FATIAMENTO POLITIZOU
LÍDER DO PP E EX-PRESIDENTE DA CCJ CRITICA DENÚNCIAS 'FATIADAS'
Publicado: 27 de junho de 2017 às 19:39 - Atualizado às 21:16
A maioria dos integrantes da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ), que fará a análise inicial sobre a admissão ou não do processo contra Temer no Supremo Tribunal Federal (STF), deve deixar em segundo plano a gravidade da denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer (PMDB). O motivo é a alegada estratégia política do chefe da PGR, Rodrigo Janot, de “fatiar” a denúncia com o suposto objetivo de desgastar, politicamente, o presidente. A conclusão é do deputado federal Arthur Lira (PP-AL), integrante e ex-presidente da CCJ, que afirmou nesta terça-feira (27) existir um cenário inicialmente favorável a Temer, na Câmara dos Deputados.
Apesar da necessária análise jurídica, Arthur Lira considera que o teor da denúncia de Janot e a reação do pronunciamento de Temer soaram como “chutes na canela” que podem resultar no represamento da análise da Câmara, à espera das outras denúncias prometidas pela PGR, feitas com base nos acordos de delação premiada firmados por Joesley Batista e outros executivos da J&F, controladora do frigorífico JBS.
TEMER FOI DENUNCIADO POR CORRUPÇÃO PASSIVA (FOTO: MARCELO CAMARGO/ABR)
Outra hipótese é a politização do debate apressar a votação e livrar Temer do processo. Ao narrar o cenário do momento, o deputado federal alagoano pondera, por admitir ser difícil antecipar como será na CCJ, que tem 60 membros titulares e 60 suplentes. Muito menos no imprevisível Plenário da Câmara
“Mas, as contas dão aparentemente, a princípio, por uma maioria tranquila para o presidente, em receber denúncia. Na minha visão, o procurador, se tivesse apresentado a denúncia de uma vez só, talvez tivesse mais chance, a princípio, do que com a tese que ele adotou aí, de fazer fatiamento, para fazer desgaste político. Isso pode ter duas consequências, ou a Câmara pode represar, lá – ou seja, não trata de nada, até que ele mande as outras [denúncias] que ele disse que vai mandar – ou, julga logo. A chance de plenário é uma coisa meio doida. Você sabe como é o plenário da Casa. Mas, na CCJ, a princípio, a tese é de não receber”, avaliou Arthur Lira, ao ser provocado pelo Diário do Poder.
Para Arthur Lira, a maioria de seus colegas de Câmara entendem que a questão ganhou um tom muito político. Ainda mais com as ilações presentes no discurso de Temer, que atacou Rodrigo Janot, sugerindo que o procurador-geral da República tenha recebido parte dos 27 milhões de dólares que teriam sido pagos ao ex-vice-procurador Marcelo Miller, que passou a trabalhar no escritório de advocacia contratado pela JBS, quando deixou a PGR em março deste ano, após integrar a força-tarefa da Operação Lava Jato.
“A fala do presidente, hoje, fazendo ilação de que o assessor do Janot recebeu 27 milhões de dólares, sem cumprir quarentena, para ser advogado da JBS, que fez esse acordo... Ficou muito política a coisa. Deu um tom muito de chute na canela de um lado e chute na canela de outro. E isso deve ser tratado politicamente, mais do que juridicamente, entendeu?”, concluiu Arthur Lira.
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