Antes do Gabinete de Segurança Institucional, documento revela que chefe da CIA em Brasília se encontrou com a Polícia Federal pouco tempo depois de Michel Temer assumir o poder
O diretor-geral da Polícia Federal brasileira, Leandro Daiello, se encontrou no dia 11 de julho de 2016 com o chefe do posto da CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos) em Brasília, Duyane Norman – o mesmo agente que se reuniu com o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sergio Etchegoyen, no dia 9 de junho deste ano, conforme divulgado na agenda oficial das duas autoridades brasileiras.
O compromisso divulgado em julho do ano passado na agenda oficial de Daiello mostrava que o diretor-geral da PF se encontrou com Duyane Norman e Joseph Direnzo, classificados apenas pela sigla CIA. Já na agenda do general Etchegoyen, apenas o nome de Norman estava marcado, porém apresentado como “chefe do posto da CIA em Brasília”.
Em um perfil na rede social LinkedIn, Duyane Norman diz ser um “Foreign Service Officer” (ou “funcionário de relações exteriores“, em tradução livre) desde abril de 1992 que trabalha para o governo federal dos EUA e mora em Brasília. Seu nome não consta no site da CIA nem em outras redes sociais.
Já Joseph Direnzo atua como diretor de parcerias em pesquisas do Centro de Excelência em Resiliência Costeira, órgão do Departamento de Segurança Interna dos EUA. Oficial da guarda costeira norte-americana aposentado, Direnzo atuou em operações antiterroristas em conjunto com a Marinha dos EUA e serviu em países do Golfo Árabe e em Porto Rico.
A divulgação pelo GSI do cargo de Norman e de sua identidade como chefe da CIA no país foi observada nesta segunda-feira (19/06) por João Augusto de Castro Neves, diretor para a América Latina do Eurasia Group, uma consultoria de risco político. Em um post no Twitter, Neves apontou como uma informação mantida sob sigilo pelo governo norte-americano foi divulgada na agenda oficial de Etchegoyen, disponível para todos na internet. “O governo brasileiro involuntariamente expôs um agente da CIA?“, questionou.
Opera Mundi enviou uma lista de 12 perguntas ao GSI e à PF, questionando os temas tratados e os objetivos dos encontros oficiais com supostos representantes da CIA.
Em nota, o GSI respondeu:
“Em resposta às suas indagações encaminhadas por e-mail nesta data, informamos o seguinte:
1. A Agenda do Ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institucional é um dos instrumentos da Transparência Ativa prevista na Lei Nr 12.527, de 18 Nov 11, Lei de Acesso à Informação, e está disponível no site www.gsi.gov.br;
2. Ressalta-se, ainda, que nas audiências são registrados os nomes e os cargos das autoridades, observando-se, sem exceção, o Princípio da Publicidade previsto no Art 37 da Constituição da República Federativa do Brasil;
3. Por fim, registramos que a autoridade americana realizou uma visita de cortesia ao Ministro do GSI por estar retornando aos EUA após o término de sua missão no Brasil.
Atenciosamente, Assessoria de Comunicação Social do GSI Brasília, DF, 19 de junho de 2017.”
A Polícia Federal não havia se manifestado até a publicação desta matéria.
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