O canil clandestino que funcionava em um condomínio no Jardim Botânico perdeu a batalha nos tribunais para reaver os 86 animais apreendidos pela Delegacia do Meio Ambiente (Dema) durante uma operação de combate a maus-tratos no fim do ano passado. O caso foi denunciado pelo Metrópoles em 21 de dezembro de 2015 e, na manhã de segunda-feira (21/3), a juíza Elisabeth Amarante Minaré, do 1º Juizado Especial Criminal, decidiu que todos os cães permanecerão em seus lares adotivos de forma definitiva.
Durante a audiência de conciliação, da qual participaram a proprietária do canil, Edmê Maria de Oliveira, um representante do Ministério Público e a advogada de um grupo de protetores de animais, foi sacramentado o acordo para a suspensão da ação penal em troca de a ex-dona dos cachorros não recorrer da decisão. A magistrada que julgou o caso ainda determinou que a residência onde funcionava o canil seja alvo de visitas mensais, feitas por protetores que vão fiscalizar o local a fim de evitar que mais cães sejam criados sem o devido cuidado.
Segundo a advogada Ana Paula Vasconcelos, que defende o grupo de protetores, as pessoas que acolheram os cães assinarão um termo de doação para garantir a propriedade sobre os animais. “Além disso, os donos vão se comprometer a castrar os animais para afastar qualquer possibilidade de que voltem a ser usados como matrizes”, disse.
RecuperaçãoAtualmente, os cães resgatados se recuperaram quase por completo de doenças graves que haviam contraído quando estavam enjaulados no canil clandestino. “Com carinho, amor e também muitos cuidados veterinários, todos os animais ganharam uma vida nova e não sofrem mais”, contou a protetora Márcia Moscoso, que ajudou a encontrar lares para alguns dos animais resgatados.
Dos 86 animais tirados do canil, 83 necessitaram de cuidados, como acompanhamento veterinário e tratamento com medicação. “Muitos tinham doenças graves, em decorrência do abandono. Queda de pelos, dentes caídos e erupções no couro foram apenas alguns dos sintomas que esses cães apresentavam quando foram apreendidos”, lembrou Márcia.
De acordo com o delegado-chefe da Delegacia do Meio Ambiente, Ivan Dantas, o inquérito sobre o canil clandestino foi bem respaldado com fotos, vídeos e com o laudo do Instituto de Criminalística, que confirmaram os maus-tratos.
Fizemos um trabalho para comprovar, de forma inquestionável, que os animais viviam em péssimas condições. Isso tornou a decisão da Justiça mais fácil para manter os cães nos lares adotivos"
Relembre o casoQuem chegava ao canil já ouvia os latidos antes que o portão de ferro fosse aberto. Escondidos nos fundos do lote, os animais estavam confinados em gaiolas, no escuro, sujos e sem cuidados, vítimas de maus-tratos, onde a produção em massa de filhotes de raça fazia o negócio prosperar.
Segundo as denúncias, o cheiro forte das fezes e urina se acumulavam debaixo das gaiolas. A criação dava lugar a um teste de sobrevivência. Os que morriam ou que ficavam doentes eram descartados, segundo acusavam os defensores dos animais. Sem controle, o local havia se tornado uma “fábrica de filhotes”.
Dezenas de cães da mesma família ficavam amontoados em pequenas baias de concreto e arame, conforme revelaram as imagens repassadas à polícia. Como resultado, o cruzamento dos animais acabavam gerando filhotes deformados, sem patas ou olhos. Os que não serviam para a venda eram dispensados, segundo denúncias de grupos de proteção de animais.
Assista ao vídeo da denúncia contra o canil:
Nenhum comentário:
Postar um comentário