terça-feira, 22 de março de 2016

Canil clandestino perde na Justiça e cães ficarão com novos donos

Rafaela Felicciano/Metrópoles

Decisão judicial mantém animais com voluntários. Alvo de denúncia do em dezembro, canil funcionava em um condomínio no Jardim Botânico. Ao todo, 86 cachorros foram apreendidos pela Delegacia do Meio Ambiente


canil clandestino que funcionava em um condomínio no Jardim Botânico perdeu a batalha nos tribunais para reaver os 86 animais apreendidos pela Delegacia do Meio Ambiente (Dema) durante uma operação de combate a maus-tratos no fim do ano passado. O caso foi denunciado pelo Metrópoles em 21 de dezembro de 2015 e, na manhã de segunda-feira (21/3), a juíza Elisabeth Amarante Minaré, do 1º Juizado Especial Criminal, decidiu que todos os cães permanecerão em seus lares adotivos de forma definitiva.

Durante a audiência de conciliação, da qual participaram a proprietária do canil, Edmê Maria de Oliveira, um representante do Ministério Público e a advogada de um grupo de protetores de animais, foi sacramentado o acordo para a suspensão da ação penal em troca de a ex-dona dos cachorros não recorrer da decisão. A magistrada que julgou o caso ainda determinou que a residência onde funcionava o canil seja alvo de visitas mensais, feitas por protetores que vão fiscalizar o local a fim de evitar que mais cães sejam criados sem o devido cuidado.
Segundo a advogada Ana Paula Vasconcelos, que defende o grupo de protetores, as pessoas que acolheram os cães assinarão um termo de doação para garantir a propriedade sobre os animais. “Além disso, os donos vão se comprometer a castrar os animais para afastar qualquer possibilidade de que voltem a ser usados como matrizes”, disse.
RecuperaçãoAtualmente, os cães resgatados se recuperaram quase por completo de doenças graves que haviam contraído quando estavam enjaulados no canil clandestino. “Com carinho, amor e também muitos cuidados veterinários, todos os animais ganharam uma vida nova e não sofrem mais”, contou a protetora Márcia Moscoso, que ajudou a encontrar lares para alguns dos animais resgatados.
Dos 86 animais tirados do canil, 83 necessitaram de cuidados, como acompanhamento veterinário e tratamento com medicação. “Muitos tinham doenças graves, em decorrência do abandono. Queda de pelos, dentes caídos e erupções no couro foram apenas alguns dos sintomas que esses cães apresentavam quando foram apreendidos”, lembrou Márcia.
De acordo com o delegado-chefe da Delegacia do Meio Ambiente, Ivan Dantas, o inquérito sobre o canil clandestino foi bem respaldado com fotos, vídeos e com o laudo do Instituto de Criminalística, que confirmaram os maus-tratos.
Fizemos um trabalho para comprovar, de forma inquestionável, que os animais viviam em péssimas condições. Isso tornou a decisão da Justiça mais fácil para manter os cães nos lares adotivos"
Ivan Dantas, delegado-chefe da Dema

Relembre o casoQuem chegava ao canil já ouvia os latidos antes que o portão de ferro fosse aberto. Escondidos nos fundos do lote, os animais estavam confinados em gaiolas, no escuro, sujos e sem cuidados, vítimas de maus-tratos, onde a produção em massa de filhotes de raça fazia o negócio prosperar.
Segundo as denúncias, o cheiro forte das fezes e urina se acumulavam debaixo das gaiolas. A criação dava lugar a um teste de sobrevivência. Os que morriam ou que ficavam doentes eram descartados, segundo acusavam os defensores dos animais. Sem controle, o local havia se tornado uma “fábrica de filhotes”.
Dezenas de cães da mesma família ficavam amontoados em pequenas baias de concreto e arame, conforme revelaram as imagens repassadas à polícia. Como resultado, o cruzamento dos animais acabavam gerando filhotes deformados, sem patas ou olhos. Os que não serviam para a venda eram dispensados, segundo denúncias de grupos de proteção de animais.
Assista ao vídeo da denúncia contra o canil:

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