France Presse
Lahore, Paquistão - Ao menos 72 pessoas morreram - a maioria mulheres e crianças - e 340 ficaram feridas em um atentado suicida neste domingo à noite em um parque em Lahore, grande cidade do leste do Paquistão, onde cristãos celebravam a Páscoa.
28/3 - Atentado suicida em parque no PaquistãoO último boletim aponta 72 óbitos e 340 feridos, disse o porta-voz dos serviços de emergência Deeba Shahnaz. "O suicida conseguiu entrar no parque e se explodiu na área de brinquedos para as crianças. Por este motivo, muitas vítimas são mulheres e crianças", revelou um alto funcionário da cidade de Lahore, Mohammad Usman.
Segundo outro funcionário, entre os feridos há 50 crianças e várias mulheres, muitos em "estado crítico". O chefe do Estado-Maior do Exército, general Raheel Sharif, presidiu uma reunião de alto nível para coordenar a resposta ao "atentado suicida" e "levar à justiça os assassinos de nossos irmãos, irmãs e filhos".
A explosão ocorreu no parque de Gulshan-e-Iqbal, próximo ao centro da cidade, enquanto a comunidade cristã celebrava o domingo de Páscoa. O primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, condenou o atentado e recebeu as condolências de seu homólogo indiano, Narendra Modi.
Três dias de luto foram declarados na província de Pundjab, que tem Lahore como capital. A jovem paquistanesa e prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzaï, se disse "abatida por este massacre sem sentido". O líder da oposição, Imran Khan, condenou "com firmeza o atentado em Lahore no qual cidadãos inocentes, entre eles mulheres e crianças, perderam a vida".
Os Estados Unidos condenaram "fortemente o aparente ataque terrorista em Lahore, Paquistão", denunciando "um ato covarde no que foi durante muito tempo um precioso e plácido parque e agora morreram dezenas de civis inocentes".
O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, informou que o Papa Francisco foi informado deste "horrível massacre de dezenas de inocentes, que projeta uma sombra de tristeza e angústia sobre a festa da Páscoa". "Uma vez mais o ódio homicida afeta vilmente as pessoas que estão menos protegidas. Com o Papa, oramos pelas vítimas, estamos ao lado dos feridos, das famílias afetadas por uma imensa dor, dos membros das minorias cristãs afetadas novamente pela violência fanática, e de todo o povo paquistanês ferido".
O presidente francês, François Hollande, reafirmou sua ambição de "seguir combatendo o terrorismo em todo o mundo".
Horror no parque
Um médico, o doutor Ashraf, descreveu cenas de horror no hospital Jinnah onde trabalha. "Até agora já recebemos mais de 40 corpos e 200 feridos, e a maioria está em situação crítica. Temo que o número de mortos aumentará". "Estamos atendendo as pessoas no chão e nos corredores do hospital, e segue chegando mais gente" ferida.
O parque Gulshan-e-Iqbal, muito popular, estava especialmente cheio neste domingo de primavera, quando a comunidade cristã celebrava a Páscoa em Lahore, cidade de 8 milhões de habitantes. Javed Ali, residente de Lahore, 35 anos, cuja casa está situada diante da entrada do parque, disse à AFP que escutou "uma enorme explosão que destruiu as vidraças" de sua residência. "Tudo tremeu, as pessoas gritavam e havia poeira e fumaça por todas as partes". Segundo Ali, o parque "estava repleto de gente devido à Páscoa, muitos cristãos, tinha tanta gente que falei para minha família não ir até lá".
Em novembro de 2014, um atentado suicida dos talibãs em Wagah, na fronteira com a Índia, matou mais de cinquenta pessoas. Nos últimos anos, as igrejas têm sido alvos de ataques em Lahore, reduto do primeiro-ministro Nawaz Sharif, na província de Punjab.
No Paquistão, grupos islâmicos armados atacam com frequência a minoria cristã, que representa cerca de 2% da população deste país muçulmano, predominantemente sunita, de 200 milhões de habitantes. Alguns cristãos também foram acusados de ter ofendido o Islã, um crime punível com a pena de morte no Paquistão, segundo uma lei controversa de blasfêmia.
Neste domingo, a polícia disparou gás lacrimogêneo para dispersar cerca de 25.000 partidários de Mumtaz Qadri, um islamita executado no mês passado por matar em 2011 o governador de Punjab, Salman Taseer, que se manifestavam em Rawalpindi. Mumtaz Qadri tinha reivindicado o assassinato, alegando querer vingar Salman Taseer, um político progressista que havia defendido Asia Bibi, uma cristã condenada à morte por blasfêmia.
A manifestação de Rawalpindi não foi transmitida pelos canais de notícias, uma vez que os meios de comunicação estão sujeitos a uma censura crescente do Estado que não quer ver esse tipo de protesto crescer no resto do país.
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