terça-feira, 29 de março de 2016

Atentado suicida em parque no Paquistão deixa ao menos 72 mortos Três dias de luto foram declarados na província de Pundjab, que tem Lahore como capital


 France Presse
Lahore, Paquistão - Ao menos 72 pessoas morreram - a maioria mulheres e crianças - e 340 ficaram feridas em um atentado suicida neste domingo à noite em um parque em Lahore, grande cidade do leste do Paquistão, onde cristãos celebravam a Páscoa.
28/3 - Atentado suicida em parque no Paquistão


O último boletim aponta 72 óbitos e 340 feridos, disse o porta-voz dos serviços de emergência Deeba Shahnaz. "O suicida conseguiu entrar no parque e se explodiu na área de brinquedos para as crianças. Por este motivo, muitas vítimas são mulheres e crianças", revelou um alto funcionário da cidade de Lahore, Mohammad Usman.

Segundo outro funcionário, entre os feridos há 50 crianças e várias mulheres, muitos em "estado crítico". O chefe do Estado-Maior do Exército, general Raheel Sharif, presidiu uma reunião de alto nível para coordenar a resposta ao "atentado suicida" e "levar à justiça os assassinos de nossos irmãos, irmãs e filhos".

A explosão ocorreu no parque de Gulshan-e-Iqbal, próximo ao centro da cidade, enquanto a comunidade cristã celebrava o domingo de Páscoa. O primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, condenou o atentado e recebeu as condolências de seu homólogo indiano, Narendra Modi.

Três dias de luto foram declarados na província de Pundjab, que tem Lahore como capital. A jovem paquistanesa e prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzaï, se disse "abatida por este massacre sem sentido". O líder da oposição, Imran Khan, condenou "com firmeza o atentado em Lahore no qual cidadãos inocentes, entre eles mulheres e crianças, perderam a vida".

Os Estados Unidos condenaram "fortemente o aparente ataque terrorista em Lahore, Paquistão", denunciando "um ato covarde no que foi durante muito tempo um precioso e plácido parque e agora morreram dezenas de civis inocentes".

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, informou que o Papa Francisco foi informado deste "horrível massacre de dezenas de inocentes, que projeta uma sombra de tristeza e angústia sobre a festa da Páscoa". "Uma vez mais o ódio homicida afeta vilmente as pessoas que estão menos protegidas. Com o Papa, oramos pelas vítimas, estamos ao lado dos feridos, das famílias afetadas por uma imensa dor, dos membros das minorias cristãs afetadas novamente pela violência fanática, e de todo o povo paquistanês ferido".

O presidente francês, François Hollande, reafirmou sua ambição de "seguir combatendo o terrorismo em todo o mundo".

Horror no parque
Um médico, o doutor Ashraf, descreveu cenas de horror no hospital Jinnah onde trabalha. "Até agora já recebemos mais de 40 corpos e 200 feridos, e a maioria está em situação crítica. Temo que o número de mortos aumentará". "Estamos atendendo as pessoas no chão e nos corredores do hospital, e segue chegando mais gente" ferida.

O parque Gulshan-e-Iqbal, muito popular, estava especialmente cheio neste domingo de primavera, quando a comunidade cristã celebrava a Páscoa em Lahore, cidade de 8 milhões de habitantes. Javed Ali, residente de Lahore, 35 anos, cuja casa está situada diante da entrada do parque, disse à AFP que escutou "uma enorme explosão que destruiu as vidraças" de sua residência. "Tudo tremeu, as pessoas gritavam e havia poeira e fumaça por todas as partes". Segundo Ali, o parque "estava repleto de gente devido à Páscoa, muitos cristãos, tinha tanta gente que falei para minha família não ir até lá".

Em novembro de 2014, um atentado suicida dos talibãs em Wagah, na fronteira com a Índia, matou mais de cinquenta pessoas. Nos últimos anos, as igrejas têm sido alvos de ataques em Lahore, reduto do primeiro-ministro Nawaz Sharif, na província de Punjab.

No Paquistão, grupos islâmicos armados atacam com frequência a minoria cristã, que representa cerca de 2% da população deste país muçulmano, predominantemente sunita, de 200 milhões de habitantes. Alguns cristãos também foram acusados de ter ofendido o Islã, um crime punível com a pena de morte no Paquistão, segundo uma lei controversa de blasfêmia.

Neste domingo, a polícia disparou gás lacrimogêneo para dispersar cerca de 25.000 partidários de Mumtaz Qadri, um islamita executado no mês passado por matar em 2011 o governador de Punjab, Salman Taseer, que se manifestavam em Rawalpindi. Mumtaz Qadri tinha reivindicado o assassinato, alegando querer vingar Salman Taseer, um político progressista que havia defendido Asia Bibi, uma cristã condenada à morte por blasfêmia.

A manifestação de Rawalpindi não foi transmitida pelos canais de notícias, uma vez que os meios de comunicação estão sujeitos a uma censura crescente do Estado que não quer ver esse tipo de protesto crescer no resto do país.

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