A pedido do deputado Chico Vigilante (PT), Câmara vai pedir cópia de pedidos de licença feitos pela Geológica Consultoria Ambiental ao Ibram. A empresa patrocinou seminário do Ibram em janeiro
A Câmara Legislativa vai investigar as relações mantidas pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram), responsável pela emissão de licenças ambientais no Distrito Federal, e as empresas interessadas nessas autorizações. O próximo passo será analisar cópias de processos e pedidos de licença feitos pela Geológica Consultoria Ambiental ao instituto. A empresa presta consultoria a várias outras, que dependem do órgão para tocar seus negócios.
O deputado Chico Vigilante (PT) protocolou, na última quarta-feira (23), um requerimento na Mesa Diretora da Câmara para cobrar explicações do Ibram sobre sua relação com a consultoria, comandada por Cristiano Goulart Simas Gomes. O proprietário teria forte influência no departamento responsável pela emissão de licenças ambientais, de acordo com denúncias recebidas pelo distrital.
Depois do pedido de patrocínio feito pelo instituto a empresas privadas para realizar seminário com a participação de 60 comissionados, o órgão ficou na mira dos distritais. A Geológica foi uma das maiores financiadoras do encontro. No último dia 3 de março, a presidente do Ibram, Jane Maria Vilas Boas, também prestou esclarecimentos naComissão do Meio Ambiente.
ARTE/METRÓPOLES
Vigilante recebeu informações de servidores do Ibram de que Cristiano Gomes, dono da Geológica, atua como lobista dentro do Ibram para defender interesses de clientes. A Geológica assessora outras empresas no trâmite de processos dentro do órgão. Uma das contas de Gomes seria a JC Gontijo, outra patrocinadora do seminário de janeiro. Os funcionários entraram em contato com assessores do deputado e afirmaram que Cristiano “manda e desmanda lá (no Ibram)”.
Por isso, um dos pedidos de Vigilante é a remessa de cópias de “processos, requerimentos e pedidos de licença ambiental elaborados pela Geológica”. Após receber a documentação, o distrital promete acionar o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF). “Espero que o governador tenha coragem e capacidade de demitir essa presidente do Ibram”, afirma o parlamentar.
As suspeitas sobre a atuação do empresário no órgão responsável pelas autorizações ambientais surgiram após a realização do seminário do Ibram. Segundo a presidente do instituto, o evento custou R$ 15 mil. Deste total, R$ 10 mil foram doados pela Geológica Consultoria Ambiental. O restante foi patrocinado pela construtora JC Gontijo, como mostrou o Metrópolesà época. Os pedidos de financiamento do encontro também foram feitos à Cimentos Ciplan. Jane Maria, no entanto, afirmou que a empresa não fez nenhum repasse de verba.
Explicações inconsistentes
Jane Maria prestou esclarecimentos aos deputados na Comissão do Meio Ambiente da Câmara Legislativa no último dia 3. Ela diz ter feito consultas internas sobre a legalidade dos pedidos de patrocínio. Mesmo sem autorização formal para solicitar o patrocínio, ela seguiu adiante em sua decisão. “Falei com o controlador-geral do DF, Henrique Moraes Ziller, que disse não haver restrição para esse tipo de pedido. Infelizmente, não tive o cuidado de fazer consultas por escrito”, disse em depoimento aos parlamentares.
Jane Maria prestou esclarecimentos aos deputados na Comissão do Meio Ambiente da Câmara Legislativa no último dia 3. Ela diz ter feito consultas internas sobre a legalidade dos pedidos de patrocínio. Mesmo sem autorização formal para solicitar o patrocínio, ela seguiu adiante em sua decisão. “Falei com o controlador-geral do DF, Henrique Moraes Ziller, que disse não haver restrição para esse tipo de pedido. Infelizmente, não tive o cuidado de fazer consultas por escrito”, disse em depoimento aos parlamentares.
Para a presidente do órgão, não há conflito de interesses no patrocínio realizado pelas empresas ao seminário. “Jamais esse episódio vai gerar um olhar diferente sobre os processos dessas empresas que tramitam no Ibram”, afirmou.
Cristiano Gomes não foi localizado pelo Metrópoles, que tentou contatos por telefone e e-mail. Nenhuma resposta foi recebida até a publicação dessa reportagem.
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