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Num Médio Oriente muito instável, Arábia Saudita, em guerra no Iémen, recebe bombas inteligentes dos EUA. Venda terá de ser aprovada no Congresso, acção que não se espera difícil.
A guerra na Síria tem estado ao longo deste ano debaixo de fogo da opinião pública ocidental, com a chegada de milhares de refugiados à Europa e, este mês, dois atentados terroristas – a colocação de uma bomba a bordo de um avião comercial russo e o massacre de sexta-feira em Paris – a elevarem as medidas de combate ao ISIS. De Damasco, capital síria, a Riade, capital da Arábia Saudita, a distância é menor que de Lisboa a Paris, mas os relatos da guerra que os sauditas travam com os rebeldes no Iémen não chegam com a mesma intensidade ao velho continente.
Agora, os EUA poderão ter dado um passo na direcção da generalização internacional da visibilidade desse conflito, ao aprovarem a venda de 1,29 mil milhões de dólares de armamento aos históricos aliados sauditas. Além do Iémen, o destino deste arsenal é, segundo contou, à Reuters, fonte próxima do processo, também as operações contra o ISIS.
A venda, contada pela AFP, terá de passar pelo Congresso norte-americano, antes de as forças armadas da Arábia Saudita, que têm aviões em acção contra as forças rebeldes no Iémen, poderem receber as mais de 19 mil bombas e bombas inteligentes de fabrico norte-americano. Entre elas, os designados “destruidores de bunkers”, BLU 109, com capacidade para penetrar e destruir estruturas de betão armado.
Além das bombas, os sauditas receberão, segundo reporta a AFP, milhares de kits preparados para transformar munições obsoletas em bombas inteligentes guiadas por satélite. A venda do armamento reflecte, explica a Reuters, a determinação de Barack Obama em aumentar o apoio à Arábia Saudita e outros aliados sunitas, depois de a sua administração ter intermediado um acordo nuclear com os rivais iranianos shiitas.
A notícia da venda, veiculada pela AFP, a partir de informações do Departamento de Estado norte-americano, lembra que as operações dos sauditas contra as milícia Huthi no Iémen têm estado envoltas em polémica, devido aos frequentes relatórios de baixas entre civis. Lembra a agência que Washington confia em Riade para o combate, a norte, aos ‘jihadistas’ do ISIS no Iraque e Síria.
A Defense Security Cooperation Agency, agência para a execução dos programas de cooperação no âmbito da segurança, afirma que “a venda proposta aumenta a capacidade da Arábia Saudita para enfrentar presentes e futuras ameaças de potenciais adversários durante operações de combate”. A entrega deste armamento “apoia as missões de segurança da Arábia Saudita e promove a estabilidade na região”, indica a agência norte-americana.
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