sexta-feira, 9 de outubro de 2015

BC não pode exagerar na reação a movimentos de curto prazo do mercado, diz Tombini

Por Alonso Soto
LIMA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reconheceu nesta quinta-feira que a alta do dólar impõe dificuldades adicionais para a política monetária, mas disse que o BC não pode reagir de forma exagerada a movimentos de curto prazo do mercado, pois poderia gerar mais volatilidade.
Em discurso no âmbito da Reunião Anual do FMI e do Banco Mundial, em Lima, no Peru, Tombini repetiu que a manutenção da taxa de juros no nível atual, de 14,25 por cento ao ano, por um período de tempo suficientemente prolongado é necessária para a convergência da inflação à meta de 4,5 por cento no final de 2016.
Tombini apontou que a apreciação da moeda norte-americana, que no ano já soma mais de 40 por cento, ajuda nas contas externas no país, mas "impõe dificuldades adicionais para a condução da política monetária".
Ele admitiu ter havido deterioração no balanço de riscos para a inflação, citando as incertezas relativas à trajetória fiscal e eventos não econômicos, mas afirmou que o BC está monitorando de perto os mercados para avaliar o quão duradouros são os efeitos desses movimentos nos preços de ativos e nas expectativas.
"Estamos vendo níveis anormais de incerteza e não sabemos ainda se eles vão persistir. Neste contexto, é importante que o BC não reaja de forma exagerada aos movimentos do mercado de curto prazo, o que poderia na verdade adicionar volatilidade", prosseguiu.
Economistas de instituições financeiras vêm sucessivamente elevando suas expectativas para a inflação medida pelo IPCA, num contexto de crise política e indefinições fiscais que acabaram desaguando na perda pelo Brasil do selo de bom pagador pela agência de classificação Standard & Poor's em setembro.
Como reflexo deste cenário, o dólar segue em trajetória de intensa valorização no ano, apesar da moderação vista nas últimas sessões. Diante do impacto que a moeda norte-americana tem sobre a inflação, economistas passaram a ver que o início da queda dos juros demorará mais tempo para ocorrer no ano que vem, apesar da deterioração mais acentuada esperada para a economia.

Em seu discurso, Tombini reconheceu que no curto prazo a pressão inflacionária decorrente da depreciação do real tende a ser maior que o efeito da fraqueza da atividade, mas reforçou que no médio prazo, o efeito desinflacionário será maior. 

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