O deputado russo Alexander Starovoitov, do Partido Liberal Democrata da Rússia, pediu ao procurador-geral russo para investigar a empresa Apple devido a distribuição de 'propaganda gay' para menores. Em causa está o lançamento do último álbum dos U2, 'Sounds of Innocence', em setembro do ano passado, a que a Apple se associou oferecendo (ou, como muitos acusam, 'impingindo') o álbum aos seus utilizadores. Ou seja, as faixas de 'Sound of Innocence' foram descarregadas automaticamente para os telemóveis dos usuários da Apple, sem necessitar de aprovação.
E se a ação promocional de lançamento do novo trabalho da banda de Bono Vox foi de imediato envolta em polémica, agora é Alexander Starovoitov que defende que a ação, que chegou a mais de 500 milhões de utilizadores do iTunes, continha 'conteúdo ilegal'. O deputado ao parlamento russo refere-se à a capa do álbum: uma fotografia de Glen Luchford onde Larry Mullen Jr, baterista da banda, surge abraçado ao seu filho de 18 anos, Elvis, que se encontra em tronco nu.
O político da direita russa considera por isso que 'Sounds of Innocence' incentiva o sexo entre homens. E não é o único a pensar assim: segundo o britânico The Guardian, o jornal russo Izvestia - órgão conotado com as posições do Kremlin -, cita Evgeny Tonky, um advogado que se diz 'preparado' para processar a Apple, em busca de compensações morais por danos causados ao seu filho.
Caso a Apple seja condenada por distribuição de propaganda gay aos jovens, pode vir a ter de se retirar da Rússia durante 90 dias, ou pagar uma multa de quase 18 mil euros.
No site da banda, os U2 defendem que esta capa, a preto e branco, surge como uma metáfora visual do álbum e dos temas relacionados com a intimidade, e referem que pretendem mostrar que "manter a nossa inocência é muito mais difícil do que acreditar na inocência de outro".
Também "Boy", o primeiro álbum da banda (1980) e "War" (1983), apresentavam um rapaz em tronco nu na capa. A edição norte-americana do primeiro viria mesmo a conhecer outra capa, com uma foto dos U2 a aparecer de forma desfocada, numa tentativa da Warner Bros de evitar a polémica.