Estudioso e políticos acreditam que, mantendo-se no poder, presidente se desgastará ainda mais, até o fim do mandato
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A vitória de Michel Temer ao conseguir barrar a denúncia da Procuradoria-Geral da República, que o acusava de corrupção passiva, no plenário da Câmara, na última quarta-feira (2), pode ser benéfica para o PT e para Lula, nas próximas eleições.
A avaliação é do cientista político e professor emérito da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Fábio Wanderley Reis. Ele acredita que, apesar da vitória, Temer deixou claro que não governa com facilidade e com amplo apoio, afinal de contas foram 263 deputados a favor do relatório do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), que recomendava o não prosseguimento da investigação ao Supremo Tribunal Federal (STF), e 227 contrários, além de duas abstenções e 19 ausências. Ou seja, um placar apertado.
Juntando os votos pró-Temer, abstenções e ausências, o governo chega a 284 votos. Apenas em termos de comparação, no caso de precisar aprovar mudanças na Constituição, por exemplo, são necessários 308 votos.
"Não foi vitória arrasadora, foi uma vitória apertada relativamente, mostrando que nesse número há reticências e traições. Isso reforça a ideia de que será difícil para Temer executar uma administração com êxito, ainda mais sair como candidato viável para 2018", disse.
Sem tanta força dentro do congresso e com um nível de rejeição da população que chega a 80%, segundo as últimas pesquisas realizadas, o professor acredita que a imagem de Temer sofrerá um desgaste ainda maior, até o fim do governo.
“É difícil imaginar que Temer se recupere e que recupere as condições de administração. Do ponto de vista eleitoral, isso é vantajoso para o PT", diz.
Segundo informações do portal Uol, essa tese também é um consenso entre membros do partido. Parlamentares, porém, evitam falar publicamente que o "sangramento" do opositor peemedebista favorece a candidatura do ex-presidente.
"Do ponto de vista eleitoral, não é nenhum desastre a permanência de Temer. Mas é um desastre ético-moral para o Brasil", faz questão de afirmar o deputado Wadih Damous (PT-RJ).
Ele explica que se o governo do peemedebista "definhar e sangrar" por um longo tempo, causará um impacto positivo na candidatura do PT. "Mas a gente não pensa assim", justifica. "Temos a obrigação moral da proteção de evitar que um presidente denunciado por um crime gravíssimo se mantenha no cargo".
Já o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), líder do partido na Câmara, diz que a “expectativa é que a crise só vai se agravar, porque o governo não vai ter os votos para aprovar as reformas que quer”. “Eles tinham 400 deputados na base aliada, mas tiveram 263 votos. Inundou a caravela, que ainda vai afundar".
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