- 23/08/2017
O novo escândalo sobre as relações entre Michel Temer e Joesley Batista é, agora, as supostas viagens dele e Marcela Temer no Learjet 45 PR-JBS do empresário.
É desvio de ordem ético-moral que só tem importância por demonstrar a longa intimidade com o homem que, agora, alega tê-lo subornado. E, no caso de ser provado que utilizou e o negou como fez ontem o Planalto, ser desnudado como o vil mentiroso que já demonstrou ser em outras questões, como a da “boa índole” de Rodrigo Rocha Loures.
Para a apuração dos atos de corrupção de Michel Temer, porém, muito mais relevante são os temas que vieram à tona sobre seus negócios (históricos e de amplo conhecimento nos meios políticos) no Porto de Santos.
É deles que trata hoje a coluna de Bernardo de Mello Franco, na Folha, valendo-se do testemunho de alguém que, em matéria de sordidez, sabia de muito: Antonio Carlos Magalhães.
Na Estrada De Santos
Bernardo de Mello Franco, na Folha
Em junho de 1999, o senador Antonio Carlos Magalhães disparou: “Se abrirem um inquérito sobre o porto de Santos, Temer ficará péssimo”. Dezoito anos depois, a profecia de ACM volta a assombrar o presidente. O tema aparece em 9 das perguntas que a Polícia Federal enviou ao Planalto.
“Vossa Excelência tem relação de proximidade com empresários atuantes no segmento portuário, especialmente de Santos?”, questiona o item 54. O interrogatório também trata do decreto dos portos, que Temer assinou no mês passado, renovando as concessões do setor sem licitação.
Os jornais registram a influência do peemedebista em Santos desde os anos 90. No segundo mandato do tucano, a Codesp passou ao comando de Wagner Rossi, um dos homens mais próximos do atual presidente. A estatal administra o porto e regula a atuação das empresas da área.
Em 2011, o Supremo Tribunal Federal abriu inquérito sobre Temer por suspeitas de corrupção na gestão do afilhado. O então vice-presidente foi investigado, mas a corte arquivou o caso por falta de provas.
Desta vez, há novas pistas sobre a atuação do peemedebista. Seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, preso na semana passada, foi gravado quando conversava com um empresário interessado no decreto dos portos. Os investigadores apuram as relações do homem da mala e de seu chefe com a concessionária Rodrimar, que já recebeu uma visita da PF.
Pelo teor do interrogatório, policiais e procuradores que investigam Temer parecem convencidos de que todos os caminhos levam a Santos.
Ao levantar a lebre, ACM afirmou que “as coisas morais nunca foram o forte do senhor Michel Temer”. O presidente devolveu de bate-pronto: “Em matéria de moral, dou de dez a zero nele. Comigo ele não vai avacalhar”. O senador baiano respondeu com outra provocação: “Eu não poderia avacalhá-lo, porque avacalhado ele já é. Não me impressiona sua pose de mordomo de filme de terror”.
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