quarta-feira, 13 de julho de 2016

Justiça define futuro político do clã Roriz nesta quarta-feira (13/7)


Daniel Ferreira/Metrópoles

Julgamento de recurso no TJDFT pode encerrar a participação da família na vida pública. Joaquim Roriz e Jaqueline já estão inelegíveis, mas voltam ao banco dos réus em ação que também envolve as filhas Liliane e Weslliane, além do neto Rodrigo



O sobrenome Roriz, antes sinônimo de um poder que extrapolava os limites geográficos do Distrito Federal, pode chegar ao fim de uma trajetória política que por décadas influenciou a capital da República. Nesta quarta-feira (13/7), a 5ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT) julga recurso da defesa do ex-governador Joaquim Roriz sobre o processo que condena ele, as filhas Weslliane, Jaqueline e Liliane por improbidade administrativa. O neto do patriarca, Rodrigo Domingos Roriz, também é alvo da ação.


A previsão é de que o julgamento comece às 13h30. Se três desembargadores forem unânimes em negar a apelação da defesa, os cinco integrantes do clã podem ficar inelegíveis por 10 anos. O ex-governador e a filha do meio, a ex-deputada federal Jaqueline, já são considerados fichas sujas e não podem disputar cargo eletivo. Única com mandato atualmente, a deputada distrital Liliane pode perder o posto.
Todos são julgados no processo em que Joaquim Roriz, enquanto era governador, teria facilitado um empréstimo de R$ 6,7 milhões do Banco de Brasília (BRB) à construtora WRJ Engenharia em troca de 12 apartamentos no Edifício Monet, em Águas Claras. Os parentes dele teriam sido beneficiados.
O julgamento terá quatro desembargadores, mas só três votarão sobre o recurso de decisão em primeira instância, proferida pelo juiz Jansen Fialho de Almeida, em julho de 2015. No documento, o magistrado determina a perda de função pública de todo o clã, caso ela exista; e condena ao pagamento de multa civil no valor de três vezes do patrimônio adquirido ilicitamente, entre outras sanções.
Confira 14 fatos que você precisa saber sobre o clã Roriz
Joaquim Roriz
É fundador do PT
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Acredite se quiser, mas o maior protagonista de disputas com o PT no DF ajudou a fundar a legenda em Goiás em 1980. A carreira política de Roriz, no entanto, começou bem antes. Em 1968, elegeu-se vereador e, 10 anos depois, deputado estadual por Luziânia, sua cidade natal. Em 1982, garantiu vaga na Câmara dos Deputados e, quatro anos mais tarde, foi eleito vice-governador de Goiás pelo PMDB. Assumiu a prefeitura de Goiânia, como interventor, em 1987. A história de Joaquim Roriz com Brasília começou em 1988, quando foi indicado por José Sarney para assumir o Governo do DF. Depois, comandou o Palácio do Buriti em outros três mandatos e foi eleito senador.

Criou 13 cidades
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Joaquim Roriz é acusado por muitos de ter promovido o inchaço populacional no DF. Enquanto ocupou o cargo de governador, ficou famoso por distribuir lotes, o que gerou uma migração desordenada para a capital da República. Durante as gestões dele, foram criadas 13 cidades: Riacho Fundo 1 e 2, Itapoã, Águas Claras, Sobradinho 2, Sudoeste, Varjão, Jardim Botânico, Santa Maria, Paranoá, São Sebastião, Samambaia e Recanto das Emas.

Foi pai de um menino e perdeu uma irmã
Um dos episódios mais tristes vivenciados pela família Roriz foi a morte prematura do único filho homem do casal. Hemofílico, o pequeno Pedro faleceu aos 5 anos depois de sofrer uma hemorragia. Em 1º de janeiro de 2000, outra tragédia abalou a família. A hélice traseira de um helicóptero da PM matou a professora Íris Luzia Roriz, irmã do então governador do DF e mãe de Dedé Roriz. Durante o triste episódio, Íris carregava uma santa nas mãos, que havia buscado para uma procissão organizada pelo então governador Roriz.
Dividiu o GDF com um KubitschekEm 1988, o então presidente da República, José Sarney, nomeou Roriz governador “biônico” do DF. Dois anos mais tarde, ocorreu a primeira eleição direta para o GDF, e Roriz venceu a disputa, com Márcia Kubitschek como vice-governadora. Márcia era filha de Juscelino Kubitschek.
Tropeçou nos anões do Orçamento
A condenação, no TJDFT, por improbidade administrativa no esquema que envolve os apartamentos em Águas Claras e o caso da Bezerra de Ouro (veja abaixo) não são os únicos escândalos que envolvem o nome de Joaquim Roriz. No início da década de 1990, ele foi citado no caso dos Anões do Orçamento. O delator da fraude disse que encontrou Roriz na casa do então deputado João Alves, onde teriam sido oferecidos recursos para a aprovação de emendas. A acusação nunca chegou a ser provada.
Ministro-relâmpago de Collor
Entre 15 de março e 29 de março de 1990, foi ministro da Agricultura e Reforma Agrária no governo Collor, renunciando ao cargo para disputar o Governo do Distrito Federal. Dezessete anos mais tarde, uma nova renúncia: desta vez, do cargo de senador, para escapar de um processo por quebra de decoro parlamentar que poderia torná-lo inelegível.
De nada adiantou renunciar. Está inelegível
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Responsável por colocar fim à carreira de Joaquim Roriz, o escândalo da Bezerra de Ouro — no qual o ex-governador era acusado de desvio de recursos públicos e favorecimento ilegal — apenas recentemente rendeu condenação judicial. Depois de ser absolvido em primeira instância, Roriz acabou condenado, em 15 de novembro de 2015, pela 1ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios. A decisão foi unânime. Na Justiça Federal, ele foi considerado inocente em denúncias criminais sobre o caso.

Secou um alambique
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Uma das atrações da Palmas, fazenda do clã, sempre foi um alambique, que produzia cachaça das boas, dizem os admiradores da bebida. Depois que Roriz adoeceu — ele tem problemas renais crônicos e submete-se a hemodiálise diariamente —, a família achou por bem acabar com a produção para desestimular o consumo do ex-governador. Durante muito tempo, ele ainda conseguiu driblar a vigilância de dona Weslian, sua mulher, pedindo a assessores que disfarçassem a pinga em garrafas de água e até xícaras de café. Enquanto o alambique estava na ativa, a família costumava presentear visitas com garrafas de cachaça.


Dona Weslian
Teve mais votos que Magela, Abadia e RollembergA possibilidade de Joaquim Roriz se tornar inelegível criou um fenômeno das urnas nas eleições de 2010, e uma senhora que nunca havia disputado cargo eletivo conseguiu ultrapassar a impressionante marca dos 440 mil votos. Dona Weslian, como é conhecida, chegou ao segundo turno, quando perdeu para Agnelo Queiroz (PT). Os votos que ela recebeu superaram os de figuras tarimbadas da política local em outras disputas pelo GDF, como Maria de Lourdes Abadia, que teve 315,6 mil votos em 2006; e Rodrigo Rollemberg, com 83,3 mil votos em 2002. Não é ré no processo que terá recurso julgado nesta quarta (13) no TJDFT.
Não entende de debate, mas é especialista em marmelada
Naqueles já distantes meses de campanha em 2010, Dona Weslian protagonizou cenas hilárias e demonstrou que o que lhe sobrava em carisma faltava em tino para discutir propostas com os adversários. Tanto que foi autora de uma pérola que entrou para a história das eleições no DF, quando, em um debate na Rede Globo, disse: “Eu quero defender toda aquela corrupção”. Dona Weslian não teve os ingredientes necessários para assar os rivais na arena política, mas governa como ninguém os utensílios necessários a preparação de quitutes. Cozinheira de mão cheia, é conhecida por executar receitas com maestria. Domina pratos salgados, mas sua especialidade são os doces, com predileção por marmeladas.
Liliane e Jaqueline
Não se bicam
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Irmãs costumam disputar o amor e a atenção dos pais desde pequenas. Com Liliane e Jaqueline Roriz, essa cisma foi sempre fermentada. Aposta do pai como herdeira do espólio político da família, Jaqueline teve apoio incondicional do ex-governador para conquistar vaga de distrital e, depois, ser eleita deputada federal. A preferência acabou gerando ciúmes entre as irmãs. Em 2014, Jaqueline teve a candidatura barrada pela Lei da Ficha Limpa. Com isso, a caçula, Liliane, atual vice-presidente da Câmara Legislativa, acabou sendo a opção do patriarca para tentar manter o nome da família.

Brigaram por causa de CelinaUm dos principais embates que as duas tiveram foi em torno da hoje presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão (PPS). Jaqueline acreditava que Celina tinha mais traquejo que a própria irmã Liliane para concorrer à vaga de distrital e defendeu que o pai apoiasse a agregada em vez de respaldar a candidatura da filha caçula.
Weslliane
O negócio dela é administrar a Palma…
quijoQUIJO

Nunca quis saber de política e é quem toca os negócios da família Roriz. À frente da Empresa Agropecuária Palma Ltda, fazenda que processa e vende vários alimentos derivados do leite, ela é quem mais conhece da crise que a família enfrenta nos negócios.

…E os problemasEntre os quais, um débito que motivou a Justiça, em 2013, a penhorar metade das ações da Palma. A medida foi uma forma de pressionar os donos da fazenda a pagar uma dívida com um fornecedor arrastada durante duas décadas e estimada, naquela época, em R$ 14,4 milhões.  
Colaboraram Lilian Tahan e Luiz Prisco
  

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