Profissionais são suspeitos de participar do golpe de Estado frustrado.
Presidente Erdogan se reúne com líderes da oposição.
As autoridades turcas anunciaram nesta segunda-feira (25) ordens de detenção contra 42 jornalistas em uma nova fase dos expurgos contra suspeitos de participar do golpe de Estado frustrado no dia 15 de julho, que deixou 270 mortos, informa a France Presse. Também nesta segunda, o presidente Recep Tayyip Erdogan se reuniu com líderes da oposição.
Entre os jornalistas que tiverem detenção ordenada está Nazli Ilicak, figura de destaque na Turquia, demitida do jornal pró-governamental Sabah em 2013 por ter criticado ministros envolvidos em um escândalo de corrupção, informou a agência de notícias Anatolia. Segundo a agência Dogan, 11 jornalistas estavam supostamente no exterior.
O anúncio das prisões ocorreu poucas horas depois de a justiça decretar prisão preventiva para 40 militares em Istambul, no último episódio de caça às bruxas contra os partidários de Fethullah Gülen, clérigo exilado nos Estados Unidos desde 1999 e acusado porAncara de ser o mentor da tentativa fracassada de golpe de 15 de julho. Gülen nega envolvimento.
O anúncio das prisões ocorreu poucas horas depois de a justiça decretar prisão preventiva para 40 militares em Istambul, no último episódio de caça às bruxas contra os partidários de Fethullah Gülen, clérigo exilado nos Estados Unidos desde 1999 e acusado porAncara de ser o mentor da tentativa fracassada de golpe de 15 de julho. Gülen nega envolvimento.
No dia 19 de julho, o regulador turco dos meios audiovisuais havia retirado a licença de transmissão de muitas redes de televisão e rádio suspeitas de apoiar a rede de Gülen. Além disso, 31 intelectuais e professores foram detidos em uma operação em Istambul por seus supostos vínculos com Gülen.
A magnitude do expurgo posterior à tentativa de golpe - 13.000 pessoas em prisão preventiva, 5.800 detidos e dezenas de milhares de funcionários demitidos ou suspensos - provoca uma grande inquietação dentro e fora daTurquia.
A magnitude do expurgo posterior à tentativa de golpe - 13.000 pessoas em prisão preventiva, 5.800 detidos e dezenas de milhares de funcionários demitidos ou suspensos - provoca uma grande inquietação dentro e fora daTurquia.
O expurgo se estendeu nesta segunda à companhia aérea nacional Turkish Airlines, que demitiu 221 funcionários em razão de suas supostas ligações com Gulen.
Erdogan declarou estado de emergência no país, o que o permite assinar novas leis antes de aprovação parlamentar e limitar os direitos que julgar necessários. O governo reiterou que essas medidas são necessárias para identificar apoiadores do golpe e que não vão infringir os direitos de turcos comuns.
A ONG Anistia Internacional afirmou no domingo que havia reunido "provas confiáveis" de torturas e estupros de pessoas detidas após a tentativa de golpe.
A ONG Anistia Internacional afirmou no domingo que havia reunido "provas confiáveis" de torturas e estupros de pessoas detidas após a tentativa de golpe.
Erdogan se reúne com oposição
Paralelamente e em um gesto a favor da unidade pouco habitual, Erdogan se reuniu nesta segunda por três horas no palácio presidencial com o líder do partido de oposição CHP, Kemal Kiliçdaroglu.
Paralelamente e em um gesto a favor da unidade pouco habitual, Erdogan se reuniu nesta segunda por três horas no palácio presidencial com o líder do partido de oposição CHP, Kemal Kiliçdaroglu.
Ele, que havia jurado nunca colocar os pés no palácio presidencial, saiu do encontro declarando estar satisfeito com esta "reunião positiva para a normalização" da situação no país.
Erdogan também convidou para o encontro o chefe do Partido da Ação Nacional (MHP, direita), Devlet Bahceli, enquanto o líder do partido pró-curdo HDP, acusado de apoiar o terrorismo por seus vínculos com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, rebeldes curdos), ficou de fora do convite.
Na véspera, o CHP, principal partido rival do islamita-conservador AKP (no poder), havia organizado uma grande manifestação em apoio ao governo na emblemática praça Taksim de Istambul para mostrar sua rejeição ao golpe.
Durante o protesto, o chefe do CHP convocou o governo a respeitar o Estado de direito e "punir o quanto antes" os que lincharam soldados na noite do levante.
Nova Constituição
Após o encontro de Erdogan com líderes opositores, o primeiro-ministro Binali Yildirim afirmou que o governo está pronto para trabalhar com os principais partidos da oposição na redação de uma nova Constituição.
Após o encontro de Erdogan com líderes opositores, o primeiro-ministro Binali Yildirim afirmou que o governo está pronto para trabalhar com os principais partidos da oposição na redação de uma nova Constituição.
"Todos os principais partidos estão prontos para começar a trabalhar em uma nova Constituição", disse Yildirim à imprensa, segundo a AFP.
O ministro também anunciou que a Ponte do Bósforo, inaugurada em 1973, será rebatizada em honra das vítimas da tentativa de golpe de estado como Ponte dos Mártires de 15 de julho.
'Caminho errado'
Após 10 dias de caçada, sete soldados suspeitos de fazer parte do comando que atacou o hotel de Marmaris (oeste) onde o presidente Erdogan passava férias foram colocados em detenção provisória. Três foram capturados durante uma blitz rodoviária.
Após 10 dias de caçada, sete soldados suspeitos de fazer parte do comando que atacou o hotel de Marmaris (oeste) onde o presidente Erdogan passava férias foram colocados em detenção provisória. Três foram capturados durante uma blitz rodoviária.
Detida na noite de sábado, a segunda mulher convertida em piloto militar na Turquia, Kerime Kumas, reconheceu ter pilotado um helicóptero que transportou golpistas, embora tenha garantido que na ocasião não sabia que se tratava de um golpe de Estado.
O chefe do Estado-Maior do exército turco, Hulusi Akar, que enfrentou os golpistas e foi feito refém, disse aos investigadores em um comunicado que os generais rebeldes disseram que ele poderia falar pessoalmente com Gülen caso se unisse a eles.
"Disse 'vocês estão no caminho errado'. Falei 'não façam isso, não derramem sangue', mas (o general rebelde) Mehmet Disli disse 'já tomamos esse caminho. Não voltaremos atrás'".
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