Enquanto o GDF alega não ter dinheiro para conceder reajustes, diversas categorias mantêm paralisações ou redução da jornada de trabalho
O funcionalismo público do DF não tem dado trégua ao governo local. Há 37 dias em greve, os metroviários tiveram nova reunião com a direção da empresa nesta quarta-feira (20/7) e, mais uma vez, a conversa não avançou. O mesmo acontece com os funcionários da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), que estão de braços cruzados há mais de dois meses, sem perspectiva de encerrar a paralisação. Os agentes da Polícia Civil deram início à operação tartaruga há 20 dias e, agora, os delegados também avaliam a possibilidade de aderir ao movimento.
Em 5 de julho, o Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT-10) decidiu que a greve dos metroviários não é abusiva ou ilegal. De lá para cá, a direção do metrô e os representantes da categoria se reuniram diversas vezes, sem sucesso, na tentativa de colocar fim ao movimento. Os metroviários seguem cumprindo a determinação da Justiça de garantir o transporte dos usuários nos horários de pico: das 6h às 9h e das 17h às 20h30.
Não houve nenhuma proposta por parte da empresa e o movimento grevista continua"
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A pauta de reivindicações do sindicato inclui melhorias nas condições de trabalho dos funcionários, a contratação de concursados aprovados, o fim da terceirização para operação das bilheterias do sistema e a recomposição salarial referente ao período 2015/2016.
Parados há 66 dias, os servidores da Caesb não estão otimistas em relação ao fim da greve. Segundo o Sindágua, que representa a categoria, não há vontade política por parte da empresa e do próprio Governo do Distrito Federal (GDF) para negociar. “Desde o início queremos apenas a reposição das perdas salariais e também o abono dos dias não trabalhados devido à greve. Mas a empresa se nega a aceitar e até mesmo a negociar”, informa a entidade.
Más notíciasA Polícia Civil (PC) também engrossa a lista de categorias insatisfeitas. Os delegados do DF se reúnem nesta quinta-feira (21) para determinar os detalhes de uma paralisação “por falta de condições técnicas e de segurança dos servidores”, segundo informa nota do Sindicato dos Delegados de Polícia do Distrito Federal (Sindepo-DF). A entidade reivindica a recomposição salarial e a manutenção da isonomia com a Polícia Federal.
O descontentamento com as condições de trabalho também é apontado pelos agentes da PC. Desde 4 de julho, eles reduziram o ritmo de trabalho ao deixarem de realizar atividades que fogem de suas atribuições. O movimento prejudica as investigações em curso, já que as provas testemunhais deixam de ser colhidas — em um mês, o número delas pode chegar a 30 mil.
Policiais militares e bombeiros também reivindicam a reestruturação da carreira e aumento salarial para as categorias. Já para outubro, diversas categorias de servidores públicos esperam receber o reajuste salarial que deveria ter sido incorporado aos vencimentos ainda em 2015, mas acabou adiado por falta de recursos. Se isso não acontecer, uma greve geral pode ser deflagrada.
NegociaçãoA justificativa do governo é de que não há dinheiro em caixa para arcar com os aumentos pedidos pelos servidores. A Caesb alega que os salários dos empregados “estão acima da média do mercado local e nacional” e denomina a greve como um ato de “radicalização”. O Metrô, em nota oficial, informa que “a empresa lamenta os transtornos causados com a paralisação e explica que o GDF está impedido de recompor salários e de contratar os aprovados no último concurso em razão do limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)”.
Procurado, o GDF informou, por meio da Casa Civil, que não há como atender à reivindicação de reajuste de 9,32% dos funcionários da Caesb, “tendo em vista as dificuldades econômicas e financeiras enfrentadas pela empresa, pelo Distrito Federal e também pelo país”. A companhia entrou com o dissídio de greve e aguarda o julgamento por parte do Tribunal Regional do Trabalho. Ainda de acordo com a pasta, o Metrô mantém o diálogo com a categoria.
“Já a Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Paz Social informa que as negociações salariais entre a Polícia Civil e o governo estão em andamento e dependem, entre outros fatores, da definição da recomposição salarial do Departamento de Polícia Federal, ainda não formalizada na esfera da União”, completa a nota.
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