Dias atrás escrevi que o Estado Islâmico (EI) é, hoje, muito mais do que uma organização terrorista formal e hierarquizada. O terrorismo do século 21 não é um grupo, mas uma ideologia à qual se filiam religiosos radicais, extremistas da direita à esquerda ou criminosos comuns.
Ainda que não se saiba detalhes do plano dos brasileiros presos na operação da Polícia Federal para atacar nos Jogos Olímpicos do Rio é possível que esses suspeitos nunca tenham treinado em campos terroristas do EI, embora tenham "jurado" fidelidade ao grupo – algo que qualquer um pode fazer pela internet, em páginas abertas ou em trocas de mensagens pelo Telegram, a rede social preferida pelos extremistas.
Ser uma causa líquida e não hierarquizada faz com que qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, possa ser um terrorista em potencial. Uma motivação seja ela qual for – causar um massacre por questões ideológicas ou simplesmente por uma revolta contra tudo ou contra todos – pode levar qualquer maluco a um ato de avançar com um caminhão sobre a multidão ou a invadir uma boate, como em Orlando.
Se algum brasileiro até esta quinta-feira achava que o Estado Islâmico ou a Guerra no Oriente Médio eram assuntos distantes de nós, não são mais. Respingaram das páginas do noticiário internacional, para as de esporte, de crônica policial e do nosso dia a dia. Nós, brasileiros, que sempre nos gabamos de não termos terremotos, furacões ou terrorismo em nosso território já não podemos nos sentir, assim, tão alheios. Acabou a inocência.
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