Por Lisandra Paraguassu e Leonardo Goy
BRASÍLIA (Reuters) - Na primeira reunião com sua equipe depois da reforma ministerial, a presidente Dilma Rousseff cobrou de seus auxiliares fidelidade e um trabalho com as bancadas para evitar novas surpresas no Congresso, como em votações importantes e em meio ao risco de um processo de impeachment.
“A reforma está feita, foi discutida com partidos e com bancadas. A partir de agora é previsível que seja monitorado com um olho mais preciso pelo ministro Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) a postura de cada bancada nas votações", disse o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, escalado para fazer um relato à imprensa ao final da reunião.
"A presidente se sente mais confortável de fazer uma cobrança mais sistemática e objetiva... Reciprocidade é bem vida e será demandada”, acrescentou.
Na semana em que o governo enfrentou dois dias seguidos de derrotas no Congresso ao não obter quórum para apreciação dos vetos presidenciais, a reunião serviu, segundo o ministro, para reorganizar a relação política com os aliados.
Wagner minimizou a rebelião de partidos como PSD, PTB e PROS, entre outros, que se retiraram do bloco liderado pelo líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), e causaram a falta de quórum na terça e na quarta-feira. O ministro creditou o episódio a uma “frustração de expectativas”.
“Reconhecemos que algumas coisas acertadas com parlamentares ainda não foram operacionalizadas por vários motivos, isso será desobstruído”, afirmou. Durante a reunião, Berzoini, responsável pela articulação com os partidos, cobrou dos ministros que agilizem nomeações, liberações de emendas e programas que já foram acertados pelo governo mas ainda não liberados.
Um ministro que participou da reunião disse, porém, que o tom da conversa não foi de cobrança, e que partiu dos próprios ministros a iniciativa de se oferecer para conversar com as bancadas sobre temas mais delicados, como a apreciação, pela Comissão Mista de Orçamento (CMO), do relatório aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) na véspera, que recomenda ao Congresso a rejeição das contas do governo do ano passado.
“A Dilma pediu a ajuda de todos, mas não foi em clima de cobrança. Partiu de alguns ministros mencionar a CMO e dizer que se sentem convocados a ajudar”, disse.
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