terça-feira, 6 de outubro de 2015

Contas de Cunha chegam da Suíça e começa tradução do francês Ideia é apresentar ao menos três denúncias em outubro de casos mais maduros envolvendo outros políticos na Opera

Os arquivos digitais com as investigações do Ministério Pública da Suíça sobre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), chegaram às mãos dos investigadores da Lava-Jato. Cautela foi a ordem do dia já na sexta-feira no bunker montado pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, para abrigar o grupo de trabalho da operação nos tribunais superiores. Nesta semana, eles devem se empenhar em traduzir as informações sobre extratos de contas bancárias atribuídas ao deputado e seus familiares, onde foram localizados US$ 5 milhões aproximadamente.

Há mais um de um banco da Suíça no material enviado pelos investigadores estrangeiros. Mas não se sabe se são referências a contas de outros investigados, que poderia ter abastecido ou se beneficiado das contas bancárias ligadas a Cunha. O deputado nega possuir bens fora do país. “Tudo o que eu tenho está no meu imposto de renda, declarado à Justiça Eleitoral, não sou sócio de nenhuma offshore, não mantenho conta no exterior de nenhuma natureza”, afirmou ele ao Correio em 12 de março. Na sexta-feira, ele reiterou declarações semelhantes feitas naquele dia perante a CPI da Petrobras.

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A tradução dos materiais – em francês – deve se concentrar na elaboração das trilhas dos valores. Ou seja, fazer os gráficos que demonstram como o dinheiro, seguindo a tese do Ministério Público, saiu dos cofres da Petrobras, chegou ao estaleiro Samsung, passou pelo lobista Júlio Camargo e foi para em contas de Cunha no exterior.

O deputado já foi denunciado ao STF por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele foi acusado pela Procuradoria Geral da República (PGR) de receber ao menos US$ 5 milhões de propina de Camargo depois que ele conseguiu vender dois navios-sonda à Petrobras, pelo valor de US$ 1,2 bilhão em 2006 e 2007. O deputado nega o recebimento de propina.

Como a denúncia já foi apresentada, há duas possibilidade com a chegada do material da Suíça. Uma é reforçar a acusação antiga com novas informações ou apresentar uma denúncia nova. Mas é preciso “muita calma” segundo um investigador ouvido pelo Correio, até porque há outras prioridades em andamento no grupo de trabalho. A ideia é trabalhar no material de Cunha nesta semana para ter uma visão completa do que é possível fazer.

Novas denúncias

À parte disso, os investigadores avaliar que é possível fechar outras investigações mais maduras. Uma perspectiva é apresentar pelo menos mais três novas denúncias da Lava-Jato em outubro. Para isso, faltaria localizar poucas provas para confirmar algumas declarações de delatores, como o dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa. A própria PF já encerrou investigações em relação a alguns políticos ainda não denunciados, como o deputado Vander Loubet (PT-MS).

Oposição balança
A oposição balançou em seu apoio a Eduardo Cunha na segunda-feira. Pela manhã, o líder do DEM, Mendonça Filho (PE), disse ser necessário apurar “sem blindagem” a existência das contas do presidente da Câmara. “Sempre que há denúncias, que se se apure sem blindagem, exercendo o direito de defesa.” À tarde, o líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), afirmou que o partido pediu explicações a Cunha, que disse estar à espera do material enviado pela Suíça. Ele disse que os fatos são “gravíssimos”, mas que vai aguardar a chegada dos documentos. “É um dever dele dar explicações não só com o parlamento, mas com o país. O PSDB cobra essas explicações dele.” Na sexta-feira, o vice-líder do PPS, Arnaldo Jordy (SP), pediu a saída de Cunha do cargo.

No PT, o clima é de espera. Pelo menos num primeiro momento, embora atacar Cunha parece não ser uma boa estratégia em meio à aliança com o PMDB, recém-aquinhoado com sete pastas nas reforma ministerial da presidente Dilma Rousseff. Ontem, Cunha disse que não comentaria o fato de deputados pedirem seu afastamento por causa de seu envolvimento na Operação Lava-Jato. Ao mesmo tempo, disse que vai despachar os pedidos de impeachment da presidente mais tarde, em conjunto com outros.

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