segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Círio de Nazaré leva 2 milhões de fiéis às ruas de Belém

Manifestações de fé, emoção e solidariedade transformaram a capital paraense neste domingo. O Círio de Nazaré, maior procissão católica do país, reuniu mais de 2 milhões de pessoas em Belém, de acordo com a organização do evento. A romaria ocorre todo segundo domingo de outubro.
Durante as cinco horas de procissão, paraenses e devotos brasileiros e estrangeiros pagaram promessas e prestaram homenagens à Nossa Senhora de Nazaré, considerada padroeira do Pará e Rainha da Amazônia.
A imagem peregrina da santa partiu da Catedral de Belém, no Largo da Sé, às 6h30, após missa celebrada pelo Arcebispo metropolitano de Belém, Dom Alberto Taveira.
O percurso, de 3,6 quilômetros, foi concluído por volta das 11h30, quando então a imagem chegou à Praça Santuário.
Cerca de 7 mil pessoas conduziram a corda que puxa a berlinda com a imagem de Nossa Senhora. Considerada um grande símbolo da festa, a corda tem 400 metros e é disputada centímetro a centímetro pelos fieis.
Muitos pagadores de promessas fizeram o percurso descalços ou de joelhos, como Jane Silva, 42 anos, que fez um agradecimento pela saúde da mãe e da filha, e, mesmo com os joelhos feridos, conseguiu cumprir o compromisso. “Minha mãe teve leucemia e, minha filha, epilepsia. Graças a Deus e Nossa senhora de Nazaré, elas estão curadas”, disse.
O colombiano Wilson Carbarra está no Pará pela primeira vez. A convite da noiva, a paraense Rita Casado, ele veio participar das festividades do Círio de Nazaré.
“Parece maravilhosa a procissão do Círio, é comparada com a Semana Santa na Colômbia”,disse.
Com os pés descalços, a paraense Albani Oliveira, 53 anos, carregava a maquete de uma casa na cabeça para agradecer a conquista da casa própria.
“Eu consegui mudar de casa para uma casa maior, para dar mais conforto para a minha família. No Círio passado eu pedi que Nossa Senhora me desse essa graça. E eu ganhei”, contou.
Durante todo o percurso, pessoas ajudam os romeiros, estendendo caixas de papelão pelo caminho, para que eles conseguissem cumprir as promessas de joelhos. Além disso, milhares de voluntários da Força Estadual de Saúde e da Cruz Vermelha prestaram ajuda aos devotos que se sentiram mal durante a procissão.
Além de uma festa católica, o Círio de Nazaré é uma importante manifestação cultural paraense. Em dezembro de 2013, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) reconheceu a festividade como Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade.
As romarias oficiais do Círio são realizadas há 223 anos. A procissão principal chegou ao fim, mas outras seis romarias acontecem no próximo fim de semana. A concha acústica da Praça Santuário vai receber atrações até o dia 26 de outubro.
Almoço do Círio
Após a grande procissão, é tradição no Pará o almoço em família, com pratos típicos da região, como o pato no tucupi, o jambu, a maniçoba, o vatapá, o tacacá e o arroz paraense.
Na casa da economista Rita Casado, a preparação para a ceia do domingo do Círio começou com uma semana de antecedência. “É que para preparar a maniçoba, é preciso cozinhar as folhas da maniva [mandioca] por sete dias, para retirar da planta um ácido que é venenoso”, explicou.
Rita disse que a família sempre se reúne para o almoço no dia do Círio, mas este ano a data é ainda mais especial. “Pela primeira vez estou recebendo meu noivo, que é colombiano. Também tem um tio que mora há 45 anos em Miami e veio para cá. Outra tia de Porto Alegre também está aqui. É a tradição da família reunida”.
De acordo com a Secretaria de Turismo do Estado do Pará, Belém recebeu cerca de 84 mil visitantes para as festividades do Círio 2015.
Recado aos fiéis
Por meio do Twitter, a presidenta Dilma Rousseff saudou os fiéis que participam do Círio de Nazaré e disse que é “sempre comovente” assistir à manifestação de fé e alegria dos milhões de brasileiros que acompanham a procissão em Belém.
“Meu abraço aos paraenses e turistas que enchem as ruas de Belém em uma das manifestações católicas mais fortes do mundo”, escreveu.
Editor Luana Lourenço

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