segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Mais acordos de delação premiada na Operação Lava Jato.

Edição do dia 17/11/2014
17/11/2014 22h33 - Atualizado em 17/11/2014 22h33

Janot prevê mais acordos de delação premiada na Operação Lava Jato

Dois delatores já contaram que pagaram milhões de reais em suborno para fechar contratos com a Petrobras.

O Procurador-Geral da República prevê que mais presos vão acabar decidindo fazer um acordo de delação premiada. Dois delatores já contaram que pagaram milhões de reais em suborno para fechar contratos com a Petrobras.
Segundo investigadores, Júlio Camargo e Augusto Mendonça Neto, executivos ligados à empresa Toyo Setal, revelaram como atuavam para pagar propina às diretorias de Abastecimento, comandada na época por Paulo Roberto Costa, atualmente em prisão domiciliar, e para a de Serviços, de Renato Duque, preso na última sexta-feira (14).
Nos depoimentos, eles contaram que houve desvio de dinheiro em pelo menos nove obras da Petrobras ou envolvendo a empresa. Entre elas, o Comperj, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, as refinarias Repav, Repar e Replan, e gasoduto Urucu-Manaus.
Segundo Júlio Camargo, funcionava assim: o consórcio responsável pela obra contratava uma das três empresas de consultoria dele: Treviso, Auguri ou Piemonte Empreendimentos. E, segundo ele, pagavam comissões milionárias pelas supostas consultorias. De acordo com Júlio Camargo. Uma parte desse dinheiro era para pagar a propina. Segundo relato ao Ministério Público, a maior parcela do suborno ia para contas em bancos na Suíça e no Uruguai.
No depoimento, Camargo detalhou uma das operações: em 2009, na Repar, o consórcio CCPR, liderado pela Camargo Corrêa, contratou a consultoria Treviso pelo valor de R$ 48 milhões. A propina nessa negociação, de acordo com ele, foi de R$ 12 milhões.
Uma parte foi depositada na conta de uma empresa offshore, a Drenos, no Banco Cramer, na Suíça. Ainda segundo Júlio Camargo, a conta era mantida pelo ex-diretor da Petrobras Renato Duque. Outra parte da propina foi paga, em dinheiro vivo, no Brasil.
Júlio Camargo disse também que o dinheiro foi transferido no exterior para contas indicadas pelo doleiro Alberto Youssef, que repassou o valor equivalente em reais para ele. Júlio Camargo também contou que Renato Duque e Pedro Barusco, gerente da estatal subordinado a Duque,  enviaram emissários para pegar a propina nos escritórios dele, em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Apesar de ser citado nos depoimentos como um dos responsáveis por pedir e receber propina, Pedro Barusco não foi preso. Segundo os investigadores, ele vai fazer acordo de delação premiada, para contar tudo o que sabe sobre o esquema de corrupção na diretoria que era comandada por Renato Duque.
A negociação prevê que ele devolva aos cofres públicos US$ 97 milhões, cerca de R$ 252 milhões. Parte do dinheiro foi bloqueada na Justiça.
O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, diz que espera novos acordos de delação.
“A expectativa é sim que venham mais delações. O interesse do Ministério Público é terminar esses processos o mais rápido possível”, afirma Rodrigo Janot.
O grupo Camargo Corrêa declarou que não teve acesso aos depoimentos, e que repudia acusações sem comprovação.
A defesa de Renato Duque informou que ele prestou depoimento nesta segunda (17) à Polícia Federal e disse desconhecer a existência de cartel envolvendo fornecedores da Petrobras.
Pedro Barusco não foi encontrado para comentar as denúncias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário