Desde que saiu da prisão, em abril de 2016, um ex-funcionário da Odebrecht e hoje delator trava uma briga com o acessório que carrega junto do corpo, a tornozeleira eletrônica.
Os problemas vão da falta de assistência técnica no Rio de Janeiro,
onde mora, às duas horas diárias que fica conectado à tomada para
recarregar a bateria do aparelho. O tamanho da peça, que dificulta o uso
de roupas como bermudas, calças justas ou botas sem chamar atenção
também é alvo frequente de reclamação.
O desconforto foi repassado aos demais
companheiros que, em breve, padecerão das mesmas dificuldades — os 77
colaboradores do grupo que assinaram acordos com a Procuradoria-Geral da
República, incluindo o patriarca, Emílio Odebrecht, e o filho Marcelo
terão que cumprir algum tipo de prisão com monitoramento eletrônico. A
maioria deles, porém, não começou a execução da pena.
Para dar mais comodidade a todos, a empreiteira
vem tentando substituir o atual aparelho por outros menores e com
baterias de duração mais longa. Quando ainda negociava os acordos de
delação premiada e de leniência com a força-tarefa de Curitiba no ano
passado, a Odebrecht propôs ao órgão comprar os novos modelos para todos
seus colaboradores e também fazer uma doação para suprir o déficit de
tornozeleiras eletrônicas em todo Brasil. Para procuradores, que negaram
a oferta, tamanha generosidade tinha o objetivo de melhorar a vida dos
presos do grupo e blindar a empresa do discurso de que seus funcionários
seriam privilegiados diante dos demais.
A Odebrecht procurou também juízes de seções de
execução penais e o Ministério da Justiça, mas não conseguiu abrir
negociação até o momento. Foi sugerido que procurasse os departamentos
penitenciários de cada estado brasileiro, mas ainda não começou a
peregrinação.
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