segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Disputa entre PF e MPF só beneficia o crime organizado, diz Segovia



Em um discurso crítico, o novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, reafirmou o combate à corrupção como prioridade da nova gestão da instituição e pontuou que é necessário “iniciar um novo capítulo”, deixando de lado “vaidade e sede de poder”. Segóvia recebeu formalmente o cargo do ex-comandante da PF, Leandro Daiello, em uma cerimônia realizada na manhã desta segunda-feira (20/11), no Ministério da Justiça, com a presença do presidente Michel Temer (PMDB).
A transmissão de cargo teve início por volta das 10h40 e durou por volta de trinta minutos. Além de Temer, a cerimônia contou com a presença de autoridades como o ministro da Justiça, Torquato Jardim; o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e o vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli. Apenas Segóvia, Daiello e Jardim, no entanto, falaram durante o evento.

Durante o seu discurso, Segovia pregou uma Polícia Federal “forte e indivisível” no que classificou como tempos “de um vendaval de dúvidas”. O novo diretor-geral reconheceu a “infeliz disputa institucional de poder” entre o Ministério Público Federal (MPF) e a PF. “O único que se beneficia com essa disputa é o crime organizado”, completou.
O novo diretor-geral reforçou o combate à corrupção como a agenda prioritária da PF, citando a continuidade de operações especiais como Lava Jato, Cui Bonno e Cadeia Velha. Em 2018, segundo Segovia, a PF deverá ter um “capítulo especial”, coibindo qualquer crime “independente dos partidos políticos”.
Antecessor de Segóvia no cargo, Leandro Daiello fez um discurso emocionado e foi aplaudido de pé pela audiência no Ministério da Justiça. “Fizemos o que tinha de ser feito. Quando olharmos para trás, teremos a certeza de que cumprimos a nossa missão”, disse. Após quase sete anos no cargo, Daiello se aposentará da Polícia Federal.
“Propósitos ocultos”
Com um discurso de forte tom político, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, criticou o que chamou de “vaidade fruto da ambição e de propósitos ocultos”. “Os prejuízos que causam as condutas desviadas agridem e agridem sempre a sociedade muito mais do que o indivíduo, porque geram a dúvida coletiva da isenção da conduta”, afirmou o ministro.
O presidente Michel Temer não discursou durante a cerimônia. No Twitter, o presidente agradeceu o antecessor Leandro Daiello pelas suas contribuições “à instituição e ao país” e desejou sucesso ao novo diretor-geral da Polícia Federal.
Agradeço ao doutor Leandro Daiello pelo trabalho que realizou como diretor-geral desde 2011. Foram quase 7 anos de dedicação à @policiafederal. Receba nossos renovados agradecimentos por sua contribuição para a instituição e para o País. pic.twitter.com/E3SNiXTADa
Ao doutor Fernando Segóvia, desejo sucesso nesta função que agora assume. Com a capacidade de trabalho e o preparo profissional, estou certo de que teremos uma @policiafederalcada vez mais forte. pic.twitter.com/kldOUW5bNS







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Indicação
Segovia tomou posse no dia 10 de novembro, em um evento fora da agenda oficial do ministro da Justiça, Torquato Jardim. Em sua fala, o novo diretor reforçou a importância de operações de combate à corrupção, afirmou que ampliará a operação Lava Jato e criará novas frentes de trabalho.
A sua indicação ao topo da Polícia Federal foi cercada de polêmicas. Sugestão do PMDB e apoiado pelo ex-presidente José Sarney e pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, o novo diretor assumiu a dianteira da lista para o cargo, superando o preferido de Jardim, Rogério Galloro.
De lá para cá, o novo diretor da PF já teve reuniões com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, e o presidente Michel Temer. Com este último, o encontro se deu fora da agenda oficial, na última quinta (16), sendo acrescentado no roteiro do dia do presidente apenas no início da noite.


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