Com o governador investigado e o seu principal
adversário atrás das grades, o Rio Grande o Norte vive um cenário de
“terra arrasada” para as eleições de 2018.
Se há três anos Robinson Faria (PSD) e Henrique
Eduardo Alves (PMDB) duelavam em uma das disputas mais acirradas do
país, hoje ambos enfrentam reveses que devem mudar completamente o
quadro eleitoral no Estado, tradicionalmente dominado por quatro clãs:
os Alves, os Maia, os Rosado e os Faria.
Eleito em 2014, Robinson Faria vive seu momento
mais difícil: foi denunciado pela Procuradoria Geral da República por
suspeita de obstrução de Justiça no âmbito da Operação Dama de Espadas,
que investigou fraudes na Assembleia Legislativa.
No campo administrativo, enfrenta uma grave
crise financeira que resultou em atrasos no pagamento aos servidores –os
salários de setembro terminarão de ser pagos apenas em novembro. “A
questão eleitoral se tornou acessória diante das adversidades da crise
que o governo enfrenta”, diz o vice-governador Fábio Dantas (PC do B).
Desgastado, o governador terá dificuldades até
em formar uma chapa e pode não disputar a reeleição caso se torne réu no
Superior Tribunal de Justiça. Se esse cenário se concretizar, será a
segunda eleição seguida na qual o governador não vai para a reeleição
–em 2014, a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) ficou fora da disputa.
Na oposição, a prisão de Henrique Eduardo Alves
em desdobramento da Operação Lava Jato desestruturou o grupo capitaneado
pelo PMDB. O ex-deputado costumava ser o principal articular político,
fazendo o contato com prefeitos e coordenando campanhas.
Também investigados na Lava Jato, os senadores
Garibaldi Alves (PMDB) e Agripino Maia (DEM) terão uma eleição difícil
para renovar seus mandatos no próximo ano.
O nome natural do grupo para ao governo é o do
prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), primo de Henrique Alves e
Garibaldi Alves. Mas o sobrenome que costumava ser um trunfo é encarado
como a principal dificuldade do prefeito, que tem trajetória política
própria e chegou a ser adversário dos primos em outras eleições.
Diante do desgaste dos sobrenomes tradicionais,
nomes de fora dos grupos familiares têm sido cogitados para a disputa de
2018. Dono da rede de lojas Riachuelo, o empresário Flávio Rocha
aparece como principal opção, assim como do dono da distribuidora de
combustíveis Ale, Marcelo Alecrim.
“São dois nomes que pacificariam a nossa base.
São empresários bem-sucedidos, mas que sempre tiveram bom trânsito na
política”, afirma Agripino Maia.
Outro cotado ao governo é o ex-presidente do
Tribunal de Justiça do Estado, desembargador Cláudio Santos, que deve se
aposentar no início do próximo ano.
Nos últimos meses, ele intensificou críticas ao
governo de Robinson Faria e tem participado de solenidades e eventos por
todo o Estado. Procurado pela Folha, classificou como “especulação” a hipótese de candidatura.
TERCEIRA VIA
Entre os dois principais grupos políticos do
Estado, a senadora petista Fátima Bezerra aparece como uma terceira via
na disputa pelo governo. Ligada à educação e com forte inserção no
interior do Estado, é uma das principais apostas do PT para ampliar sua
presença no Nordeste.
Para garantir um palanque forte, o partido conta
com a presença do ex-presidente Lula como candidato a presidente ou
como cabo eleitoral. E tem buscado potenciais aliados para compor a
chapa uma chapa competitiva.
Uma das prováveis candidatas ao Senado na chapa deve vir de uma das famílias mais tradicionais do RN: a deputada federal Zenaide Maia (PR).
Caso confirme sua candidatura, ela deverá enfrentar o primo Agripino Maia nas urnas.
Para o cargo de vice-governador, o PT busca o
nome de um empresário. A ideia é reeditar uma chapa nos moldes da
formada por Lula e José Alencar em 2002 e 2006.
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