- 21/11/2017
O Globo
O novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, prometeu dar celeridade ao inquérito em que o presidente Michel Temer é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por supostas irregularidades no decreto dos portos. Temer é investigado em outros dois inquéritos, mas eles estão paralisados porque a Câmara dos Deputados não deu aval para a continuidade das apurações. “Ele (Temer) continuará sendo investigado, sem nenhum problema. Terá toda celeridade, como os demais inquéritos no Supremo Tribunal Federal” — disse Segóvia.
Em entrevista coletiva após a cerimônia de posse, o diretor-geral foi questionado sobre as investigações envolvendo Temer. Inicialmente, ele citou apenas os dois casos em que já houve denúncia do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, mas que se encontram paradas porque a Câmara não deu autorização para seu prosseguimento. Somente depois, ao ser lembrado pelos jornalistas do terceiro inquérito, ele disse que Temer continuaria sendo investigado.
TRÊS INVESTIGAÇÕES – “Temer sofreu duas investigações os quais foram concluídos pela PF. O relatório foi encaminhado a Janot e ele ofereceu denúncias, que foram suspensas pelo Congresso Nacional” — disse Segóvia inicialmente.
Temer também é investigado em inquérito por supostamente ter beneficiado a empresa Rodrimar no porto de Santos. No STF, o caso é relatado pelo ministro Luís Roberto Barroso, que já autorizou a PF a colher depoimento do presidente.
Segóvia reafirmou que pretende concluir as investigações de todos os inquéritos envolvendo a Lava-Jato em tramitação no STF até o meio do ano que vem, antes das eleições. Disse que todos os inquéritos terão planos de investigação e que o planejamento será finalizado em 15 dias.
É UMA META — “Se não houver conclusão dessas investigação até o meio do ano que vem, elas continuarão. É só uma meta a ser alcançada” — explicou .
Sobre os delegados que tocam os inquéritos no STF, ele disse que a responsabilidade sobre eventuais mudanças na equipe ficarão a cargo do novo diretor de Combate à Corrupção, Eugênio Ricas. Segóvia garantiu que não vai interferir.
“Eu não vou interferir nas equipes de investigação. A equipe de investigação hoje é pequena. A ideia é que ele amplie” — afirmou o diretor-geral da PF.
CASO JBS – Ele levantou suspeitas sobre a conclusão das investigações da JBS por parte da Procuradoria Geral da República (PGR), que resultou nas duas denúncias contra Temer. Segóvia disse que, se dependesse da PF, a apuração não teria terminado em prazo tão curto.
“Talvez uma única mala não desse toda a materialidade para apontar se houve ou não crime, e quais são os partícipes. Isso poderia ter sido respondido se a investigação tivesse mais tempo. E quem colocou esse deadline foi o Ministério Público Federal. E também seria esclarecido por que Joesley (Batista, dono da JBS) sabia quando iria acontecer (a divulgação da delação) para ganhar milhões no mercado de capitais” — disse Segóvia.
Em resposta a uma pergunta na coletiva, o diretor-geral disse que eventual investigação contra Janot depende de um pedido externo. Mas não disse quais fatos relacionados ao ex-procurador-geral precisam ser apurados: “Se vamos investigar Janot, isso dependerá se vão pedir”.
ACORDOS DE DELAÇÃO – O diretor-geral voltou a defender a possibilidade de a PF firmar acordos de delação. O tema está sendo discutido no STF. O MPF é contra a PF poder fazer acordos de colaboração com investigados.
“A direção geral não vai mudar o foco nas delações premiadas feitas pela PF. E devemos voltar a fazer visitas aos ministros do STF para justamente explicar os motivos que a lei já expõe. A lei expõe que PF tem atribuição de fazer delações premiadas. Como uma ferramenta de investigação, ela tem que fazer parte das atribuições da PF. Não vamos desistir. Vamos ao STF falar com cada ministro, se necessário” — disse Segóvia.
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