quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Comandante Da FAB Diz Que Faltam Recursos Para Voos De Suprimento A Bases Militares Nas Fronteiras.




  • 19/10/2017
O comandante da FAB (Força Aérea Brasileira), tenente-brigadeiro do ar Nivaldo
Luiz Rossato, afirmou que estão faltando recursos para a realização de voos
frequentes de abastecimento destinados a pelotões especiais de fronteira do
Exército, isolados em áreas remotas do Brasil.
Os voos de apoio da FAB para bases do Exército na fronteira servem para levar
comida, gás de cozinha, combustível, munições e outros itens básicos para
guarnições isoladas na selva amazônica. Quando esses voos não são frequentes, o
suprimento dos militares depende de pequenos comboios que seguem em
pequenos barcos ou a pé pela selva em viagens que duram vários dias.
“Nós estamos voando 120 mil horas [por ano] e já voamos 200 mil horas. Temos
uma grande quantidade de pilotos fora do voo por falta de recursos”, disse Rossato
em entrevista ao UOL durante o Segundo Encontro Internacional Sobre
Financiamento de Projetos de Defesa, em São Paulo
Nos últimos cinco anos, as Forças Armadas sofreram com cortes de mais de 40%
em seus orçamentos.
Segundo o comandante da FAB, além de não conseguir voar semanalmente para
os 24 pelotões de fronteira do Exército na região amazônica, ainda haveria falta de
recursos para levar suprimentos para bases militares em Porto Velho (RO), Boa
Vista (RR), Manaus (AM), Belém (PA).


“Aquele militar que está a 2 mil quilômetros, a 3 mil quilômetros [dos centros
urbanos], se ele tivesse toda a semana um avião pequeno o atendendo, ele ficaria
feliz da vida. Se rareia isso é preciso ir de barco, o que dificulta o trabalho.
Queríamos atendê-los com muito mais frequência”, disse.
Os pelotões de fronteira são muitas vezes a única representação do Estado
brasileiro em regiões remotas de selva. A função deles é proteger a fronteira de
ameaças externas e combater o tráfico de armas de drogas.
Voos de apoio para a reconstrução da base da Marinha no continente Antártico
também estariam sendo afetados.
O comandante afirmou que a FAB vai
propor ao Ministério da Defesa que
antecipe a disponibilização de recursos
para atender o Exército e a Marinha. A
FAB afirmou que a proposta ainda não
foi formalizada e a pasta deve se
manifestar sobre a ideia após analisá-
la.
Reestruturação
Rossato também disse que a FAB está
apostando em recursos de tecnologia
da informação e na contratação de
militares temporários para tentar fechar
até 25 mil vagas nos próximos 20
anos. Hoje a Força Aérea tem cerca de
70 mil militares.
Ele afirmou, porém, que o processo de reestruturação da Aeronáutica não está
relacionado aos cortes de orçamento nas Forças Armadas.
A redução de tamanho da FAB, que começou em 2015, está relacionada às novas
características da aviação, que necessitaria mais de alta tecnologia do que de
pessoal.
Bases aéreas antigamente necessárias para proteger todo o território nacional
estão sendo fechadas. Isso porque os aviões modernos têm velocidade e
autonomia de voo para para atingir regiões distantes sem bases de apoio.
“Mas nós não vamos demitir ninguém, nós deixamos de ingressar gente nova na
Força Aérea e colocamos pessoal temporário”, disse o comandante. As escolas de
formação da Aeronáutica estão tentando reduzir pela metade o número de alunos.
Segundo ele, enquanto isso os oficiais de carreira vão se aposentando
naturalmente. Muitos postos vão então sendo substituídos por vagas de oficiais
temporários.

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