Procuradora-geral considera ex-ministro chefe de organização criminosa, acusação que recaiu sobre Temer em denúncia de Janot
Na quinta-feira 19, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, enviou um parecer ao Supremo Tribunal Federal em que pede a manutenção da prisão preventiva de Geddel Vieira Lima. Segundo ela, o ex-ministro “parece” ter assumido a posição de líder de uma organização criminosa.
Adversário de Michel Temer após o impeachment, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) ironizou Dodge em sua conta no Twitter. “Engraçado… Nunca soube que Geddel era o Chefe. Para mim, o chefe dele era outro”, escreveu. “Era ouTro”, completou em uma segunda publicação, em referência à inicial do presidente, seu correligionário.
Indicada por Temer ao cargo que assumiu em setembro, a procuradora-geral desafia a versão de seu antecessor, Rodrigo Janot, sobre a liderança do esquema na Caixa Econômica Federal que levou à descoberta dos 51 milhões em espécie encontrados em um bunker ligado a Geddel e a seu irmão, o deputado Lúcio Vieira Lima.
Em sua segunda denúncia contra Michel Temer, a ser apreciada pela Câmara até o fim deste mês, Janot aponta o presidente como líder de uma organização criminosa que teria abocanhado 170 milhões de reais em propina em esquemas relacionados à Caixa. Segundo o ex-procurador-geral, Temer era o líder da organização que incluía Geddel, o ex-deputado Eduardo Cunha, atualmente preso em Curitiba, e o ex-ministro Henrique Eduardo Alves.
Em seu ofício, Dodge afirma que Geddel “fez muito em pouco tempo”, embora ainda não se saiba desde quando ou para quem a fortuna encontrada no apartamento na Bahia começou a ser guardada.
Segundo a procuradora-geral, está sendo investigada uma “poderosa organização criminosa que teria se infiltrado nos altos escalões da Administração Pública”. A procuradora-geral não cita Temer como integrante, apenas Cunha. “(A organização) seria integrada, segundo indícios já coligidos, por um ex-ministro de Estado e o ex-presidente da Câmara dos Deputados”, afirmou Dodge.
A segunda denúncia de Janot contra Temer procurou relacionar os desvios no banco, supostamente liderados pelo atual presidente, com os 51 milhões de reais em dinheiro vivo encontrados no bunker. Na acusação contra o PMDB da Câmara, o procurador-geral cita Funaro ao afirmar que o esquema no banco continuou mesmo após a saída de Geddel da Vice-presidência da Caixa. Em sua delação, o operador do PMDB afirmou que “tem certeza de que até a presente data Geddel continua a ter influência na área de crédito da Caixa Econômica Federal”.
Com base nesse relato, o procurador-geral mencionou a apreensão dos 51 milhões de reais e afirma: “Esse valores certamente guardam relação direta com os esquemas ilíticos operados pelos denunciados”, entre eles, o próprio Temer. Em seguida, Janot destaca uma foto das caixas e malas recheadas de notas encontradas no apartamento atribuído a Geddel.
A denúncia menciona também um trecho do relatório conclusivo da Polícia Federal, apresentado ao STF na segunda-feira 11, contra o PMDB da Câmara. A PF levantou a hipótese de o valor estar relacionado a outros ilícitos do grupo de Temer, inclusive envolvendo a ciência de Geddel e seu irmão, o deputado Lucio Vieira Lima.
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