terça-feira, 21 de junho de 2016

Fraudes em licitações nas RAs desviaram mais de R$ 250 milhões


Suzano Almeida/Metrópoles


Mais de dez empresas estão sendo investigadas por combinarem preços de obras, serviços e eventos, no período entre 2012 e 2014. E-mails foram interceptados pela Polícia Civil



Mais de R$ 250 milhões foram desviados entre 2012 e 2014 em contratos e licitações realizadas em 19 administrações regionais do Distrito Federal. Segundo investigações da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública (Decap), há indícios de que os processos tenham sido fraudados, inclusive com a participação de empresas fantasmas em eventos e obras. Os serviços variavam entre R$ 40 mil e R$ 650 mil.



“São contratos com construtoras, com empresas de eventos e serviços em geral. Muitos já foram alvo de sindicância. O que nos chamou a atenção é que uma pessoa, por exemplo, aparece como o dono de mais de duas empresas diferentes”, disse ao Metrópoles o delegado-chefe da Decap, Alexandre Linhares (foto de destaque).
Pelo menos dez empresas, ligadas por vínculos familiares, estão na mira da Polícia Civil. Elas combinavam, por meio de e-mails interceptados pela Polícia Civil, quem iria vencer a licitação. Algumas, de acordo com as investigações, teriam sido criadas exatamente no período investigado, na gestão do petista Agnelo Queiroz à frente do GDF. Com o fim do governo passado, elas foram extintas.
Segundo Linhares, as empresas eram contratadas por convite, por se tratar de pequenas obras e serviços, como recapeamento e construção de meios-fios. Elas se apresentavam todas juntas e combinavam preços, evitando que outros estabelecimentos fora do esquema vencessem. “As empresas tinham o mesmo telefone, mesmo escritório de contabilidade, mesmo endereço. Até os contratos de propostas tinham os mesmos erros ortográficos”, disse o delegado.
Linhares contou que a maior parte dos contratos contava com alto grau de comprometimento do ex-administrador de Taguatinga, Márcio Hélio. “Processos foram destruídos”, destacou o policial. De acordo com ele, secretarias também serão investigadas para ver se há participação de outros servidores.
Entre as empresas citadas pelo delegado, que são alvo da investigação, estão a La D’art, Fiber, MG, Terra Plena, Bracon, Cometa, Dias Moisés, Mult Work e Estrela. A hipótese de a quadrilha ter escolhido pequenas obras por conta da Copa do Mundo também foi levantada pelo delegado, na tentativa de se evitar fiscalização.
Mandados
Nesta terça-feira (21/6), a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão em 19 administrações regionais (veja lista abaixo). Malotes com documentos e computadores foram encaminhados à sede da especializada.
Segundo Linhares, um dos indícios de que há irregularidade é que as empresas vencedoras dos contratos tinham ligação com sócios de empresas concorrentes. Na opinião dele, isso pode indicar que as concorrentes eram fantasmas e que, na verdade, não havia concorrência. A ação policial foi batizada de Apate, um deus grego conhecido por ser o pai do engano e da fraude.
Veja a lista das administrações investigadas:
  • Águas Claras
  • Brazlândia
  • Candangolândia
  • Cruzeiro
  • Ceilândia
  • Itapoã
  • Gama
  • Recanto das Emas
  • Núcleo Bandeirante
  • Riacho Fundo I
  • Riacho Fundo II
  • Samambaia
  • Santa Maria
  • São Sebastião
  • Estrutural
  • Sobradinho
  • Taguatinga
  • Varjão
  • Vicente Pires

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