quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Vagas de oficial de chancelaria são vistas como trampolim para candidatos a diplomata

Bruno Peres/CB/D.A Press
O recém lançado concurso para a carreira de oficial de chancelaria, do Ministério das Relações Exteriores, está mexendo com a cabeça de muitos concurseiros. Até os candidatos a diplomata - cargo da mesma área de atuação, mas que recebe o dobro de salário -, foram atraídos pelas 60 vagas abertas nesta semana. Mas eles estão divididos: existem aqueles que querem fazer as provas apenas para testar os conhecimentos e continuar estudando para diplomacia; mas, nesse “simulado”, também há quem gostaria de assumir o cargo caso fosse aprovado, porém sem deixar o sonho de ser diplomata de lado.

Bruno Rolim faz parte do primeiro grupo. O jornalista deseja ingressar na carreira diplomática há dez anos, mas começou a estudar com mais afinco há sete meses. Para ele, o concurso para oficial de chancelaria veio em boa hora, entretanto apenas para medir seu nível de aprendizado. Bruno teme que os estudos possam ser prejudicados caso tenha que trabalhar 40 horas por semana. “Não estudarei especificamente para ‘ofchan’, mas tirando contabilidade, que não está no edital de diplomata, o restante se aplica. Quero testar meu português e inglês, especialmente na prova dissertativa. Sem falar do fato de fazer a prova na prática, para entrar mesmo no clima do concurso. Não acredito em fazer provas em casa”, avalia.


Reprodução/Facebook Apesar da certeza, se passasse, não seria a primeira vez que o jornalista simula um concurso e é aprovado sem querer. “Concorri no último concurso da Universidade de Brasília, que fiz justamente como parte da preparação para o Rio Branco, para me acostumar com a banca Cespe. Fiquei muito surpreso com a aprovação, porque não estou estudando nada fora do edital para diplomata”. 

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O salário de oficial (atualmente em R$ 7.292) cairia bem tanto para Daniel de Campos Barbosa, quanto a Carolyne Lemos. Ambos estudam para a diplomacia, mas assumiriam o cargo da mesma área sem problemas. “O posto de chancelaria é um prêmio de consolação para quem não passar no concurso do Itamaraty”, afirma Daniel, que também pretender adquirir mais intimidade com o nível das provas. Já Carolyne, que se prepara para ser diplomata desde agosto do ano passado, viu na seleção uma oportunidade para impulsionar o aprendizado. “Como a preparação para a carreira diplomática é muito cara [cursinhos cobram cerca de R$ 12 mil por ano de aulas], decidi fazer o concurso de ofchan para patrocinar a minha preparação de diplomata”. 

O que une os concorrentes das duas seleções são as semelhanças das carreiras, já que compartilham as mesmas responsabilidades, além da possibilidade de trabalhar no exterior, o status de representar o país, a alta remuneração e a estabilidade. “Passar para chancelaria é como uma forma de exercer a profissão de diplomata, é possível ter mais experiência na área, pois passamos a conhecer melhor a parte institucional do ministério, convivemos com pessoas do meio e isso facilita muitas coisas”, acredita Tony Pugliese, concurseiro que quer conquistar o Itamaraty desde 2012.


Quem já passou 
Ramon de Arruda trabalha como diplomata no MRE há quatro anos. Desde quando começou a estudar para concursos, seu objetivo era exercer a atual profissão. Em 2008, contudo, o ministério abriu edital para oficial de chancelaria e ele foi tentado. “Ser diplomata estava dentro das metas que coloquei em minha vida. Mas achava que passar como oficial já realizaria a maior parte dos meus objetivos”. 

Depois de ter sido aprovado, Ramon exerceu chancelaria por dois anos e começou a realizar parte do seu sonho conhecendo Angola, Moçambique, Jamaica e Portugal. Apesar disso, não abandonou os estudos para o concurso de diplomacia, lançado em 2011. Na hora da prova, o conhecimento adquirido na prática fez toda a diferença. “As matérias que foram cobradas eram compatíveis com as que eu tinha estudado antes de prestar o concurso. O candidato deve conhecer os melhores métodos de estudos para conseguir o máximo de absorção de conteúdos nesse intervalo de tempo. Acredito que o concurso aberto pode amadurecer os conhecimentos e fazer a com que a pessoa tenha uma alta avaliação”, aconselhou.

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