A rotina de duas voluntárias do Núcleo de Proteção aos Animais, Patrícia Coradini e Beatriz Souza, foi totalmente alterada pela chegada de seis filhotinhos. Acostumadas com cães e gatos, agora as protetoras precisam cuidar de gambás. Eles foram encontrados por um cidadão, que procurou pela ajuda do núcleo. Patrícia conta que os animais são alimentados a cada duas horas em uma seringa própria para isso. Beatriz buscou orientação de um biólogo para alimentar os pequenos. Uma mistura foi sugerida: leite, mel, ovos e sal. Agora, já comem banana também. Patrícia conta que, enquanto um é alimentado, os outros tentam escalar em busca de acesso ao alimento.
Não é possível afirmar como esses filhotes ficaram sem os cuidados da mãe. Mas não é arriscado dizer que, por vezes, gambás são mortos pelos humanos, pois são considerados “pragas”. Esta época do ano é de reprodução da espécie: em busca de um abrigo ou de alimentos, a fêmea acaba se aproximando das residências e coloca sua vida em risco. Após a morte do animal, os filhotes costumam sobreviver pois ficam protegidos pela bolsa marsupial da fêmea. Uma campanha, nas redes sociais, busca conscientizar justamente sobre isso. Também para o fato de que abater animais nativos é crime.
O chefe do escritório regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis de Bagé (Ibama), Rodrigo Dutra da Silva, conta que o gambá de orelha branca (Didelphis albiventris) é um marsupial que se adapta muito bem à zona urbana das cidades. A espécie se aproveita da farta alimentação encontrada nos resíduos domésticos, assim como de abrigos como telhados. Tal característica faz com que a espécie seja considerada parte da fauna sinantrópica, que é aquela que se beneficia de características ecológicas oriundas das atividades humanas e vive próximo ao homem nas zonas urbanas.
Como lidar
O profissional orienta que os gambás que entrarem em residências devem ser afugentados à noite, pois é quando se orientam melhor. “Considerando que são animais nativos em vida livre, não devem ser capturados, salvo com autorização ou acompanhamento do órgão de saúde ou ambiental municipal, pois é situação de impacto local”, argumenta.
Para melhorar a convivência com os animais e evitar o alojamento e a reprodução em partes das residências, é importante que forros, porões e outros locais que possam ser refúgio sejam fechados. Além disso, o lixo com resíduos de comida ou outras fontes de alimentação (ração de cão ou gato) não deve permanecer, durante a noite, no pátio ou em frente às residências. Silva lembra que a espécie é importante na cadeia alimentar. Os gambás se alimentam de insetos e roedores: “São vitais para que outras espécies não venham a se tornar pragas urbanas”, alerta. Aqueles que matarem um gambá não só respondem por crime ambiental como estão passíveis de multa de R$ 500 por animal.
Fonte: Folha do Sul Gaúcho
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