quinta-feira, 19 de novembro de 2015

A história do falso herói muçulmano que impediu entrada de homem-bomba em estádio BBC Trending

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Image captionTorcedores foram retirados no Stade de France após a série de explosões
A incrível história de um segurança muçulmano que teria impedido a entrada de um homem-bomba no Stade de France na sexta-feira, o que teria salvado centenas de vidas, está sendo amplamente compartilhada nas redes sociais.
Há, no entanto, um porém: ela não é verdadeira.
O boato surgiu de um relato sobre o que aconteceu nos arredores do estádio, publicado pelo jornal Wall Street Journal no domingo. A reportagem citou um segurança que pediu para ser identificado apenas pelo seu primeiro nome, Zouheir.
Ele disse que um dos homens-bomba tinha um ingresso para o amistoso França e Alemanha, mas foi impedido de entrar no estádio quando seguranças descobriram que ele usava um cinto com explosivos. O suspeito, então, se afastou dos guardas e se explodiu.
No total, três suicidas detonaram seus explosivos nos arredores do estádio.
A versão de Zouheir foi confirmada ao jornal por um policial. Mas, apesar da reportagem ter se baseado na sua versão das fotos, na verdade, não foi ele quem impediu a entrada do homem-bomba, disse à BBC Joshua Robinson, um repórter do Wall Street Journal.
Zouheir, na verdade, estava em outro local do estádio, e contou o que havia ouvido de outros colegas que estavam mais perto do local da explosão. E, apesar de seu nome ser de origem árabe, sua religião nunca foi citada na matéria.
Nada disso, no entanto, impediu Zouheir de ser considerado um herói - e, em algumas vezes, um herói muçulmano - nas redes sociais e em sites de notícias, como o do jornal britânico Mirror e o Huffington Post.
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Image captionTorcedores invadiram Stade de France após amistoso entre França e Alemanha; três suicidas se detonaram nos arredores do estádio
Em uma manchete publicada no britânico Mail Online, o jornalista Piers Morgan elogiou um "muçulmano corajoso chamado Zouheir", mas o texto foi, depois, editado.
"Zouheir" foi citado mais de 8 mil vezes no Twitter, e a maioria das mensagens mais populares se referia à história de Paris.
Diversos usuários afirmaram haver alguma tentativa de acobertar o caso, ou que estava sendo ignorado devido a uma suposta posição anti-muçulmana da imprensa.
Outros compartilharam a versão para demonstrar que era uma história "importante" e um "fio de esperança" em meio a uma situação difícil. Mensagens também foram postadas do Facebook e no Instagram, e algumas mensagens foram compartilhadas centenas de vezes.
BBC
Image captionSafer, um legítimo herói muçulmano, teve sua história compartilhada apenas algumas vezes
Mas há uma história autêntica de um herói muçulmano dos ataques de Paris: Safer, um garçom no restaurante Casa Nostra, contou à BBC como levou a tirar duas mulheres feridas ao porão em meio ao tiroteio na rua.
Sua história, no entanto, foi citada apenas algumas vezes nas redes sociais.

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