Maidan: entre a esperança e o caos, um ano depois
Foto: Reuters
Há precisamente um ano começavam os protestos que ficaram conhecidos por “Euromaidan”, na Ucrânia. Desde a noite de 21 de novembro, o primeiro dia em que a população se juntou na Praça da Independência de Kiev para protestar contra o afastamento progressivo do país face à Europa, muitos foram os acontecimentos e consequências que marcaram a ordem internacional.
Um ano e muita instabilidade depois, Kiev sai à rua para assinalar o primeiro aniversário do início dos protestos Euromaidan. A população protestava naquela altura contra as políticas seguidas pelo então Presidente, Viktor Yanuckovych, que tentava uma aproximação política e económica à Rússia e deixava de lado qualquer possibilidade de integração na União Europeia.
Foi entre essas duas forças diplomáticas vistas como opostas dentro da Ucrânia que a tensão se agudizou ao longo de um inverno de confrontos e que acabou por culminar em resultados dispersos para o país e que o colocaram numa posição de ainda maior fragilidade.
O ex-Presidente, atualmente exilado na Rússia, foi deposto não só pelos protestos que fizeram sentir no longo inverno, mas também pelo próprio Parlamento ucraniano. Uma demissão que acontece já em fevereiro de 2014, depois de várias acusações de violação dos direitos humanos e do reforço policilal nos protestos, que provocaram mais de 100 vítimas mortais, hoje lembradas como “heróis da revolução”.
Repercussões internas e externasWalter Steinmeier, ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, comentava no passado dia 18 de novembro durante uma visita a Moscovo, que a tensão entre a Rússia e a Ucrânia não dá lugar a “optimismo”. Foi mais longe, ao fazer a comparação com a Alemanha dividida: “25 anos depois, estamos a assistir novamente ao silêncio, em vez do diálogo, ao confronto em vez da cooperação”.
A frase do ministro alemão espelha os problemas diplomáticos que a crise ucraniana veio despertar, que ficaram aliás bem visíveis na recentecimeira do G20. Também o histórico líder russo Mikhail Gorbachev falava da emergência de uma nova Guerra Fria entre os Estados Unidos e a Rússia na questão ucraniana, aquando do aniversário da queda do Muro de Berlim.
Mas as consequências assumem contornos sobretudo no território da Ucrânia, e desde logo nas próprias fronteiras do país. Na sequência dos protestos e da deposição do Governo de Yanuckovych, a influência ameaçada de Moscovo volta a impor-se sobre o antigo território soviético e recupera, por meio de um referendo questionável, a soberania no território da Crimeia.
O próprio incidente com o avião MH17 que vitimou 295 passageiros foi uma das infelizes consequências do clima de guerra e tensão entre as forças ucranianas e forças separatistas - a que Moscovo nega desde o início prestar qualquer ajuda ou apoio bélico.Colapso económico
Desde o referendo da Crimeia e das eleições presidenciais em Maio, que as milícias pró-russas exercem controlo no leste ucraniano, essencialmente nas regiões de Donetsk e Donbass, designando aquela área como uma república autoproclamada, separada da Ucrânia, a República Popular de Donetsk.
E nas cidades controladas pelos rebeldes certamente não terão tempo nem disposição para assinalar este aniversário.
Em guerra constante contra os separatistas de Leste, a Ucrânia debate-se com as graves consequências económicas e sociais, fruto de um ano de instabilidade política e militar.
Não obstante o acordo a longo-prazo assinado em paralelo com a União Europeia ou o cessar-fogo assinado em Minsk, no mês de setembro, com o aval da diplomacia russa e da própria Ucrânia, os conflitos têm sido constantes, mas menos violentos do que os registados ao longo do verão.
Desde o início do conflito morreram mais de 4300 pessoas, estimam as Nações Unidas.
Foi entre essas duas forças diplomáticas vistas como opostas dentro da Ucrânia que a tensão se agudizou ao longo de um inverno de confrontos e que acabou por culminar em resultados dispersos para o país e que o colocaram numa posição de ainda maior fragilidade.
O ex-Presidente, atualmente exilado na Rússia, foi deposto não só pelos protestos que fizeram sentir no longo inverno, mas também pelo próprio Parlamento ucraniano. Uma demissão que acontece já em fevereiro de 2014, depois de várias acusações de violação dos direitos humanos e do reforço policilal nos protestos, que provocaram mais de 100 vítimas mortais, hoje lembradas como “heróis da revolução”.
Repercussões internas e externasWalter Steinmeier, ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, comentava no passado dia 18 de novembro durante uma visita a Moscovo, que a tensão entre a Rússia e a Ucrânia não dá lugar a “optimismo”. Foi mais longe, ao fazer a comparação com a Alemanha dividida: “25 anos depois, estamos a assistir novamente ao silêncio, em vez do diálogo, ao confronto em vez da cooperação”.
A frase do ministro alemão espelha os problemas diplomáticos que a crise ucraniana veio despertar, que ficaram aliás bem visíveis na recentecimeira do G20. Também o histórico líder russo Mikhail Gorbachev falava da emergência de uma nova Guerra Fria entre os Estados Unidos e a Rússia na questão ucraniana, aquando do aniversário da queda do Muro de Berlim.
Mas as consequências assumem contornos sobretudo no território da Ucrânia, e desde logo nas próprias fronteiras do país. Na sequência dos protestos e da deposição do Governo de Yanuckovych, a influência ameaçada de Moscovo volta a impor-se sobre o antigo território soviético e recupera, por meio de um referendo questionável, a soberania no território da Crimeia.
O próprio incidente com o avião MH17 que vitimou 295 passageiros foi uma das infelizes consequências do clima de guerra e tensão entre as forças ucranianas e forças separatistas - a que Moscovo nega desde o início prestar qualquer ajuda ou apoio bélico.Colapso económico
Desde o referendo da Crimeia e das eleições presidenciais em Maio, que as milícias pró-russas exercem controlo no leste ucraniano, essencialmente nas regiões de Donetsk e Donbass, designando aquela área como uma república autoproclamada, separada da Ucrânia, a República Popular de Donetsk.
E nas cidades controladas pelos rebeldes certamente não terão tempo nem disposição para assinalar este aniversário.
Em guerra constante contra os separatistas de Leste, a Ucrânia debate-se com as graves consequências económicas e sociais, fruto de um ano de instabilidade política e militar.
Não obstante o acordo a longo-prazo assinado em paralelo com a União Europeia ou o cessar-fogo assinado em Minsk, no mês de setembro, com o aval da diplomacia russa e da própria Ucrânia, os conflitos têm sido constantes, mas menos violentos do que os registados ao longo do verão.
Desde o início do conflito morreram mais de 4300 pessoas, estimam as Nações Unidas.
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