Empresas/Finanças
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Segredos do magnata mais discreto das telecomunicações
Patrick Drahi entrou este ano para a lista da Forbes e é descrito como um ‘self made man’. Começou a vender assinaturas de TV Cabo de porta-em-porta e construiu um império. Depois da Oni e da Cabovisão, investimentos em Portugal, o fundador da Altice ambiciona comprar a Portugal Telecom. Nasceu em Marrocos e vive entre Paris, Genebra e Tel-Aviv.
Drahi pertence à lista dos mais ricos do mundo mas evita mostrar sinais de ostentação: veste fatos simples, gosta de ir a pizzarias (não gosta dos restaurantes exclusivos para homens de negócios) e dispensa motorista. O fundador da Altice, empresa que esta semana ofereceu sete mil milhões de euros pela PT, raramente aparece nos holofotes das conferências de imprensa e prefere crescer na sombra.
É filho de dois professores de matemática, nasceu no seio de uma classe média, e nunca quis trabalhar para um patrão. Por isso, começou de porta-em-porta a vender assinaturas de TV Cabo - hoje em dia, a empresa tem presença em Portugal (Oni e Cabovisão), França, Israel, Bélgica, Luxemburgo, Suíça e Caraíbas. A Altice foi fundada com o português Armando Pereira e com o francês Bruno Moineville e emprega 20 mil colaboradores.
A luta com o poderoso grupo Bouygues pela operadora francesa SFR, que pertencia à Vivendi, foi o negócio que o fez sair da sombra e saltar para as manchetes dos jornais. Segundo um artigo publicado no diário norte-americano, "The Wall Street Journal" (WSJ), ninguém da Vivendi acreditava que Drahi pudesse angariar o dinheiro necessário para a operação.
Em 2012, quando o investidor abordou esta companhia, o ‘chairman', Jean-René Fourtou, perguntou-lhe se ele era "louco". E continuou com palavras pouco simpáticas: "falta-lhe dinheiro" e pouco preparado para "lutar com pesos-pesados".
Fourtou enganou-se. Drahi arranjou 17 mil milhões de euros e comprou a SFR, a segunda maior operadora móvel francesa depois da Orange. O negócio foi aprovado pelo regulador na semana passada. "Eu tenho sonhos ambiciosos", disse Drahi, citado pelo WSJ. A companhia tem também uma posição de relevo na Numericable e é em França que gera grande parte das receitas.
Os sonhos começaram a ganhar forma nos anos 90, quando iniciou a venda de pacotes de telecomunicações, em França. Tocava à campainha e seguia sempre a mesma regra para conquistar os clientes: em primeiro lugar mostrava as assinaturas para a TV Cabo. Antes disto, Drahi tinha trabalhado em cargos superiores: foi chefe de produto na Philips, em Eindhoven, trabalhou para um grupo escandinavo chamado Kinnevik-Millisat, onde era responsável pela rede de cabo até que em 1993 fundou a CMA, uma empresa de consultoria em telecomunicações.
"Não conseguia ser assalariado a vida toda. Sou um empreendedor", disse. Mais tarde, fundou duas empresas de serviços por cabo, Câble Services (1994) e Mediaréseaux (1995). Foi nesta altura que desempenhou todas as funções, desde a comercial até à gestão. Em 2002, abriu a Altice, entrando em bolsa este ano.
Nascido em Casablanca, em 20 de Agosto de 1963, mudou-se com os pais para a cidade de Montpellier. Tinha 15 anos e vinha habituado ao clima quente. Na escola era conhecido por ter sempre frio e poucos amigos. Depois, formou-se nas prestigiadas École Polytechnique e École Nationale Supérieure de Télécommunications de Paris.
É filho de dois professores de matemática, nasceu no seio de uma classe média, e nunca quis trabalhar para um patrão. Por isso, começou de porta-em-porta a vender assinaturas de TV Cabo - hoje em dia, a empresa tem presença em Portugal (Oni e Cabovisão), França, Israel, Bélgica, Luxemburgo, Suíça e Caraíbas. A Altice foi fundada com o português Armando Pereira e com o francês Bruno Moineville e emprega 20 mil colaboradores.
A luta com o poderoso grupo Bouygues pela operadora francesa SFR, que pertencia à Vivendi, foi o negócio que o fez sair da sombra e saltar para as manchetes dos jornais. Segundo um artigo publicado no diário norte-americano, "The Wall Street Journal" (WSJ), ninguém da Vivendi acreditava que Drahi pudesse angariar o dinheiro necessário para a operação.
Em 2012, quando o investidor abordou esta companhia, o ‘chairman', Jean-René Fourtou, perguntou-lhe se ele era "louco". E continuou com palavras pouco simpáticas: "falta-lhe dinheiro" e pouco preparado para "lutar com pesos-pesados".
Fourtou enganou-se. Drahi arranjou 17 mil milhões de euros e comprou a SFR, a segunda maior operadora móvel francesa depois da Orange. O negócio foi aprovado pelo regulador na semana passada. "Eu tenho sonhos ambiciosos", disse Drahi, citado pelo WSJ. A companhia tem também uma posição de relevo na Numericable e é em França que gera grande parte das receitas.
Os sonhos começaram a ganhar forma nos anos 90, quando iniciou a venda de pacotes de telecomunicações, em França. Tocava à campainha e seguia sempre a mesma regra para conquistar os clientes: em primeiro lugar mostrava as assinaturas para a TV Cabo. Antes disto, Drahi tinha trabalhado em cargos superiores: foi chefe de produto na Philips, em Eindhoven, trabalhou para um grupo escandinavo chamado Kinnevik-Millisat, onde era responsável pela rede de cabo até que em 1993 fundou a CMA, uma empresa de consultoria em telecomunicações.
"Não conseguia ser assalariado a vida toda. Sou um empreendedor", disse. Mais tarde, fundou duas empresas de serviços por cabo, Câble Services (1994) e Mediaréseaux (1995). Foi nesta altura que desempenhou todas as funções, desde a comercial até à gestão. Em 2002, abriu a Altice, entrando em bolsa este ano.
Nascido em Casablanca, em 20 de Agosto de 1963, mudou-se com os pais para a cidade de Montpellier. Tinha 15 anos e vinha habituado ao clima quente. Na escola era conhecido por ter sempre frio e poucos amigos. Depois, formou-se nas prestigiadas École Polytechnique e École Nationale Supérieure de Télécommunications de Paris.
Um pianista virtuoso
A Altice entrou em Portugal com a compra da Cabovisão e da Oni, operadora de comunicações empresariais. Em declarações ao Diário Económico, o presidente-executivo da Altice, Dexter Goei, garantiu que o interesse na PT é de longo prazo e quer reforçar o investimento na operadora. O grupo tem a ambição de se tornar, pelo menos, no segundo maior operador em Portugal. A empresa está ainda à procura de boas oportunidades de negócio na Alemanha, América Central e do Sul.
Também esta semana, os empresários Isabel dos Santos e Paulo Azevedo entraram na corrida pela PT e mostraram interesse em fazer parte de uma solução para a operadora. Em Lisboa estão ainda representantes do fundo Apax Partners, que, em parceria com a CVC Capital Partners e a Bain Capital Partners, devem apresentar uma proposta pelos activos da empresa portuguesa.
Casado e com quatro filhos, Drahi vive com a família na cidade suíça de Genebra. Ali, aproveita para esquiar nos tempos livres e dedicar-se ao coleccionismo de obras de arte. Já os negócios levam-no frequentemente a Paris e a Tel-Aviv, em Israel - adoptou as nacionalidades francesa e israelita. "Instalei-me nesta cidade sem falar uma palavra de hebraico, mas comprei a operadora Hot. É uma cidade formidável, em crescimento, e com um ambiente empresarial fantástico", disse em entrevista à "Le Point". Depois, investiu no I24 News, um canal de notícias que pretende concorrer com a Al-Jazeera.
Em Israel, ajudou financeiramente a escola de música Keshet Eilon. O estilo clássico é uma paixão: estudou piano e tem um conhecimento enciclopédico de Rachmaninoff, Listz ou Brahms. A capacidade de lidar com números é um dos pontos fortes do magnata, colocado no 131º lugar da revista Forbes, com uma fortuna estimada em 9,4 mil milhões de dólares (7,5 mil milhões de euros) e considerado um ‘self made man'.
Durante as negociações financeiras, o magnata impressiona pela rapidez a tomar decisões sem recorrer a gráficos, tabelas de Excel ou máquinas calculadoras. "Já vi alguns dos melhores banqueiros perderem-se nas suas ideias, o que não aconteceu com Drahi", explicou Patrice Giami, vice-presidente da operadora Hot, à imprensa francesa.
Drahi encontrou-se recentemente com o presidente François Hollande para uma reunião sobre o papel das empresas no desenvolvimento económico e falaram sobre as doações do empresário para que as instituições de ensino apostem em cursos de telecomunicações.
Seja ou não bem-sucedida na Portugal Telecom, a Altice é um adversário para levar a sério no mercado. O factor surpresa já deixou de fazer efeito. Recentemente, Drahi, o empresário "invisível", confidenciou aos colaboradores mais próximos: "Ao longo dos últimos meses apanhámos algumas pessoas de surpresa. Agora, as coisas estão mais sérias."
A Altice entrou em Portugal com a compra da Cabovisão e da Oni, operadora de comunicações empresariais. Em declarações ao Diário Económico, o presidente-executivo da Altice, Dexter Goei, garantiu que o interesse na PT é de longo prazo e quer reforçar o investimento na operadora. O grupo tem a ambição de se tornar, pelo menos, no segundo maior operador em Portugal. A empresa está ainda à procura de boas oportunidades de negócio na Alemanha, América Central e do Sul.
Também esta semana, os empresários Isabel dos Santos e Paulo Azevedo entraram na corrida pela PT e mostraram interesse em fazer parte de uma solução para a operadora. Em Lisboa estão ainda representantes do fundo Apax Partners, que, em parceria com a CVC Capital Partners e a Bain Capital Partners, devem apresentar uma proposta pelos activos da empresa portuguesa.
Casado e com quatro filhos, Drahi vive com a família na cidade suíça de Genebra. Ali, aproveita para esquiar nos tempos livres e dedicar-se ao coleccionismo de obras de arte. Já os negócios levam-no frequentemente a Paris e a Tel-Aviv, em Israel - adoptou as nacionalidades francesa e israelita. "Instalei-me nesta cidade sem falar uma palavra de hebraico, mas comprei a operadora Hot. É uma cidade formidável, em crescimento, e com um ambiente empresarial fantástico", disse em entrevista à "Le Point". Depois, investiu no I24 News, um canal de notícias que pretende concorrer com a Al-Jazeera.
Em Israel, ajudou financeiramente a escola de música Keshet Eilon. O estilo clássico é uma paixão: estudou piano e tem um conhecimento enciclopédico de Rachmaninoff, Listz ou Brahms. A capacidade de lidar com números é um dos pontos fortes do magnata, colocado no 131º lugar da revista Forbes, com uma fortuna estimada em 9,4 mil milhões de dólares (7,5 mil milhões de euros) e considerado um ‘self made man'.
Durante as negociações financeiras, o magnata impressiona pela rapidez a tomar decisões sem recorrer a gráficos, tabelas de Excel ou máquinas calculadoras. "Já vi alguns dos melhores banqueiros perderem-se nas suas ideias, o que não aconteceu com Drahi", explicou Patrice Giami, vice-presidente da operadora Hot, à imprensa francesa.
Drahi encontrou-se recentemente com o presidente François Hollande para uma reunião sobre o papel das empresas no desenvolvimento económico e falaram sobre as doações do empresário para que as instituições de ensino apostem em cursos de telecomunicações.
Seja ou não bem-sucedida na Portugal Telecom, a Altice é um adversário para levar a sério no mercado. O factor surpresa já deixou de fazer efeito. Recentemente, Drahi, o empresário "invisível", confidenciou aos colaboradores mais próximos: "Ao longo dos últimos meses apanhámos algumas pessoas de surpresa. Agora, as coisas estão mais sérias."
Drahi inspirou-se em John Malone
Há duas décadas, quando decidiu investir no negócio do cabo, o magnata francês inspirou-se em John Malone, o filantropo norte-americano. Actual CEO da Liberty Media, liderou durante décadas a gigante Tele-Communications. Em Fevereiro de 2011, Malone ultrapassou Ted Turner como o maior proprietário de terras nos EUA, tendo uma área equivalente a 8500 quilómetros quadrados, sobretudo no estado do Maine, mas também em New Hampshire, Wyoming, Colorado e Novo México.
Há duas décadas, quando decidiu investir no negócio do cabo, o magnata francês inspirou-se em John Malone, o filantropo norte-americano. Actual CEO da Liberty Media, liderou durante décadas a gigante Tele-Communications. Em Fevereiro de 2011, Malone ultrapassou Ted Turner como o maior proprietário de terras nos EUA, tendo uma área equivalente a 8500 quilómetros quadrados, sobretudo no estado do Maine, mas também em New Hampshire, Wyoming, Colorado e Novo México.
Além das comunicações, investe ainda em imobiliário e tem um castelo na Irlanda. Numa entrevista ao canal CNBC, o investidor anunciou que era dono de um iate e que ambicionava comprar mais terrenos. No programa revelou ainda que boa parte da sua fortuna será destinada para Fundações de caridade geridas pelos filhos e netos. Ao contrário de outros magnatas, como Rupert Murdoch, o milionário norte-americano não está interessado em deixar um império corporativo.
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