10 de novembro de 2014 • 16h56 • atualizado às 18h41
Cientistas acham parte do cérebro que faz ‘ver fantasmas’
Estudo foi feito com 12 pessoas que apresentavam algum tipo de distúrbio neurológico e que relataram terem sentido uma "presença-fantasma" algumas vezes
A sensação de se estar próximo a uma "presença-fantasma" – de que há alguém por perto quando não há ninguém – se origina em uma parte do cérebro, segundo um estudo recente publicado no jornal científico Current Biology.
Os cientistas conseguiram identificar algumas áreas do cérebro responsáveis por gerar essa sensação relatada por algumas pessoas. Eles também conseguiram criar um experimento que faz com que as pessoas sintam que há um fantasma por perto.
O estudo constatou que pacientes com problemas nas partes do cérebro associadas a autoconsciência, movimentos e a posição do corpo no espaço relatavam experiências como essa, a de sentir a presença de alguém que não existe.
A "presença-fantasma" é um fenômeno comum relatado por muitas pessoas.
Segundo Giulio Rognini, cientista do Instituto Federal de Teconologia da Suíça, essa sensação é sempre muito "real".
"Essa impressão é muito vívida. Eles sentem alguém, mas não conseguem ver essa pessoa. Sempre é uma presença sentida", disse.
Para ele, essa sensação é mais comum em pessoas que enfrentam condições extremas, como montanhistas ou pessoas com condições neurológicas específicas.
"O que impressiona é que eles relatam frequentemente que os movimentos que estão fazendo é 'imitado' pela presença-fantasma. Então se o paciente está sentado, eles sentem que o fantasma está sentado. Se eles estão de pé, o fantasma está de pé, e assim por diante", explicou.
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Estudo
O estudo foi feito com 12 pessoas que apresentavam algum tipo de distúrbio neurológico e que relataram terem sentido uma "presença-fantasma" algumas vezes.
O estudo foi feito com 12 pessoas que apresentavam algum tipo de distúrbio neurológico e que relataram terem sentido uma "presença-fantasma" algumas vezes.
Os testes revelaram que todos esses pacientes tinham problemas em áreas do cérebro que são relacionadas à autoconsciência e aos movimentos do corpo.
Em outros testes, os cientistas examinaram 48 voluntários saudáveis, que não tinham tido nenhuma experiência paranormal, e desenvolveram um experimento para alterar os sinais neurais nessas regiões do cérebro.
Eles vendaram os olhos dos participantes e pediram a eles que manipulassem um robô com as mãos. Enquanto eles faziam isso, um outro robô, poscionado atrás dos voluntários, traçava esses mesmos movimentos.
Quando os movimentos na frente e atrás do corpo do voluntário ocorriam ao mesmo tempo, eles não relatavam nada de estranho.
Mas quando havia um atraso entre um movimento e outro, um terço dos voluntários relataram a sensação de que havia uma "presença-fantasma" na sala, e alguns disseram terem sentido a presença de até quatro "aparições" no local.
Para dois dos participantes, a sensação foi tão estranha, que eles pediram para parar o experimento.
Resultados
Os pesquisadores disseram que essas interações estranhas com os robôs mudaram temporariamente a função do cérebro nas regiões associadas com autoconsciência e percepção da posição dos corpos.
Os pesquisadores disseram que essas interações estranhas com os robôs mudaram temporariamente a função do cérebro nas regiões associadas com autoconsciência e percepção da posição dos corpos.
A equipe acredita que a "presença-fantasma" é sentida por uma "confusão" do cérebro: ele está calculando mal a posição do próprio corpo e o identificando como pertencente a outra pessoa.
"Nosso cérebro tem várias representações do nosso corpo no espaço. Em condições normais, ele é capaz de montar uma autopercepção unificada da pessoa por meio dessas representações", explicou Rognini.
"Mas quando o sistema não funciona bem por causa de alguma doença – ou, nesse caso, por causa de um robô -, isso pode às vezes criar uma segunda representação de um mesmo corpo, que não é mais percebido como 'eu', mas como outra pessoa, ou uma 'presença-fantasma'."
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