Veja 25 fatos sobre o Muro de Berlim
Símbolo da Guerra Fria dividiu maior cidade alemã por décadas.
Neste domingo, derrubada completa 25 anos.
A Alemanha celebra neste domingo (9) os 25 anos da queda do Muro de Berlim, barreira construída no meio da maior cidade alemã para separar o lado oriental, comunista, do ocidental, capitalista. Veja abaixo 25 fatos ligados a esse símbolo da Guerra Fria:
Na madrugada de 13 de agosto de 1961, o governo comunista da Alemanha Oriental fez uma operação para fechar a fronteira de Berlim Oriental para Berlim Ocidental em poucas horas. Soldados passaram arame farpado ao redor do lado ocidental, que permanecia como um enclave capitalista no meio da Alemanha Oriental. Isso ocorreu porque, depois da 2ª Guerra Mundial, o lado ocidental da capital alemã havia ficado sob controle de potências ocidentais (Estados Unidos, Reino Unido e França), enquanto a outra parte, assim como a porção leste de toda a Alemanha, haviam caído sob o controle da União Soviética. Para evitar que mais e mais cidadãos fugissem para o lado ocidental, o governo oriental fechou a fronteira em poucas horas. Nos meses seguintes, o arame farpado deu lugar a uma estrutura caríssima de muros, torres de guarda e sistemas de vigilância diversos.
Os números são impressionantes: eram 43 km de fronteira fechada entre Berlim Ocidental e Oriental, no meio da cidade, com muro, cercas, torres e todo o aparato de segurança. Outros 112 km cercavam Berlim Ocidental pela parte externa, para impedir o acesso por outros lados. A instalação tinha 302 torres, 20 bunkers e 259 recintos para cães de guarda. 127 km de cercas com detectores ajudavam a transformar Berlim Ocidental numa ilha à qual ninguém em volta podia ter acesso.
Embora o governo da Alemanha Oriental chamasse a estrutura de “Muro de Proteção Antifascista”, o próprio posicionamento das cercas e dos guardas já deixava claro que seu objetivo não era impedir “agressores” de entrarem na Alemanha Oriental, mas sim impedir que fugitivos deixassem esse país (veja foto abaixo)
Muitas pessoas tiveram de escolher rapidamente de que lado ficar
O fechamento repentino, em 1961, pegou muita gente de surpresa. Inúmeras pessoas tiveram de escolher, em questão de horas, se ficariam do lado comunista ou capitalista, muitas vezes ficando separados de famílias e amigos separados por décadas.
O fechamento repentino, em 1961, pegou muita gente de surpresa. Inúmeras pessoas tiveram de escolher, em questão de horas, se ficariam do lado comunista ou capitalista, muitas vezes ficando separados de famílias e amigos separados por décadas.
A decisão de fechar a fronteira, acertada pela Alemanha Oriental com a União Soviética, foi mantida em sigilo absoluto. O serviço secreto alemão ocidental só ficou sabendo que isso ocorreria três dias antes da onstrução do muro.
Mais de cem mil alemães orientais tentaram fugir para o lado capitalista pelo Muro de Berlim ou pela fronteira entre as duas Alemanhas (outra divisa vigiada com centenas de quilômetros de extensão) entre 1961 e 1988. Mais de 600 deles foram mortos a tiros por soldados ou morriam afogados tentando atravessar algum rio ou nos mais diversos tipos de acidentes. Alguns também se suicidaram ao serem flagrados na tentativa de fuga.
“Alto! Parado! Posto de Fronteira!” eram os comandos que a guarda do Muro de Berlim usava para mandar que os fugitivos parassem. Um tiro de advertência também poderia ser dado. Caso as ordens não fossem respeitadas, os guardas tinham autorização para usar a arma para “impedir” violações da fronteira.
Perto do muro de concreto que dava para o lado ocidental, que podia ter até 3,6 metros de altura, havia uma faixa de areia com postes de iluminação que deixavam a fronteira clara como o dia, mesmo durante a noite. Os próprios soldados que vigiavam a fronteira não podia passar dos postes de iluminação, do contrário seriam considerados fugitivos também. A areia servia para que pegadas de eventuais infratores ficassem registradas.
Ida Siekmann, de 58 anos, vivia no 3º andar de um edifício no centro de Berlim, no lado oriental. Exatamente em sua rua passava a divisa.
Quando viu que a porta de seu prédio, que era acessível pelo lado Ocidental, fora fechado pela polícia oriental, ela decidiu pular pela janela. Logo após o fechamento, era comum moradores do lado oriental pularem das janelas de casas que ficavam exatamente no limite, como a de Ida.
Muitos tinham a queda amortecida por bombeiros do lado ocidental. Ela jogou alguns de seus objetos da janela e pulou em seguida, mas, como o fez rapidamente, caiu no chão, morrendo em decorrência dos ferimentos.
Ela tinha uma irmã do lado ocidental, para o qual tentava fugir. Foi a primeira pessoa a morrer tentando pular o muro.
Em março de 1989, poucos meses antes da queda do Muro, Winfried Freudenberg e sua esposa tentaram fugir de balão para o lado ocidental. Eles passaram meses planejando a operação e construindo a aeronave, sem que ninguém percebesse. No dia em que inflaram o balão, a polícia foi avisada e somente ele decolou, pois tiveram medo de que não estivesse cheio o bastante.
Com menos peso do que o previsto, o balão subiu demais, chegando possivelmente a 2 mil metros de altitude. Winfred ficou vagando por horas sobre Berlim, até que, por algum motivo, caiu dele no jardim de uma casa, quebrando praticamente todos os seus ossos e danificando a maioria de seus órgãos internos, o que o levou à morte. Foi a última pessoa a morrer atravessando a fronteira.
Não só cidadãos fugitivos morreram por causa do Muro de Berlim. Pelo menos oito soldados de fronteira orientais também caíram na cidade tentando defender o limite.
A maioria morreu pouco depois da construção do muro, na década de 1960. O último a morrer foi Ulrich Steinhauer, morto por um colega soldado quando patrulhavam a zona proibida.
Egon Bunge matou Steinhauer para em seguida fugir para o lado ocidental, onde se entregou às autoridades.
Além de simplesmente “o Muro”, a construção foi chamada de inúmeros nomes e apelidos pelos alemães e berlinenses em especial: “Muro da Vergonha”, “Muro do Ulbricht” (por causa de Walter Ulbricht, líder comunista responsável pela construção do muro), “Muro de prisão”, “Muro de campo de concentração”, “Muralha de Gulag” (campo de prisioneiros soviético), “Muro da SED” (partido comunista que governava a Alemanha Oriental), “Muro das Lamentações”.
O governo alemão oriental, liderado por Erich Honecker até pouco antes da queda, não queria seguir as medidas de abertura implantadas na União Soviética, que nos anos 1980 fazia a Glasnost e a Perestroika, sob liderança de Mikhail Gorbachev.
Honecker insistia em manter seu estado altamente vigiado e com pouquíssima liberdade política.A situação foi ficando insustentável até que Honecker foi forçado a renunciar pelos seus colegas de partido. Foi sucedido por Egon Krenz, que realizou a abertura. Honecker morreria exilado no Chile.
O ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev e seu ministro das Relações Exteriores na época, Eduard Shevardnadze, pediram ao líder a Erich Honecker, que derrubasse o muro de Berlim em 1987, dois anos antes da queda. O pedido não foi atendido e ficou escondido nas anotações de um dos funcionários mais próximos a Shevardnadze. Foi encontrado pelo historiador da London School of Economics Wladislaw Subok.
No dia 9 de novembro de 1989, Egon Krenz, sucessor de Honecker e secretário-geral da SED e mandatário da Alemanha Oriental na época, depois que ficou definido que o Muro iria mesmo cair, passou a um funcionário chamado Günter Schabowski as informações sobre como seria a abertura de fronteira. Schabowski seria o porta-voz que anunciaria a medida à imprensa. Em meio à tensão, Krenz esqueceu de avisar que a passagem seria liberada apenas no dia seguinte. Quando estava ao vivo na TV falando que a fronteira seria aberta, Schabowski foi perguntado por um jornalista a partir de quando valeria a medida ele, sem saber o que dizer, respondeu: “ Isso vale, pelo que sei...a partir de agora, impreterivelmente”. Minutos depois já havia gente na fronteira querendo passar.
Às 23h29 do dia 9 de novembro foi aberta a primeira passagem entre os dois lados. O tenente-coronel Harald Jäger, a cargo de um bloqueio na Rua Bornholmer, ao norte da cidade, entra para a história ao deixar os primeiros cidadãos passarem, sem opor resistência. Àquela altura, ele só antecipou o inevitável.
No dia 9 de novembro, o telejornal da TV estatal oriental ainda tentou refrear as massas que iam para o lado ocidental, divulgando que era possível passar pelo muro, mas que era necessária uma autorização, o que não era verdade. Milhares e milhares já estavam cruzando a fronteira e a cidade estava em festa.
Os cidadãos orientais que obtinham a rara autorização para ir para o lado ocidental só podiam levar pouquíssimo dinheiro. Por isso, a Alemanha Ocidental decidiu que todo visitante oriental teria direito a um dinheiro de “boas-vindas”. Quando o muro estava fechado, eram poucos os pedidos, já que quase ninguém podia cruzar a fronteira. Quando ele caiu, no entanto, milhões de alemães orientais queriam receber os 100 marcos, em valor da época, oferecidos pelos vizinhos capitalistas, o que levou a enormes filas nos primeiros dias de abertura.
A Queda do Muro é chamada de reunificação, mas na verdade foi mais uma incorporação da parte oriental, comunista, pelo lado ocidental, capitalista. O sistema de governo, a economia, as instituições, a bandeira, o hino, toda a estrutura da Alemanha Oriental deixou de existir, prevalecendo o que já existia na Alemanha Ocidental. Claro que isso deixou parte da população oriental ressentida, já que o mundo em que viviam desmoronou.
Egon Krenz, o último líder oriental, foi condenado em 1997 a seis anos de prisão por causa da morte de quatro pessoas que tentaram fugir para o lado ocidental. Cumpriu quatro anos de cadeia, depois foi libertado sob condicional.
Até hoje as partes Ocidental e Oriental da Alemanha têm muitos indicadores diferentes, que mostram que a integração ainda não foi total. Os alemães ocidentais têm cerca de 6% de desemprego, enquanto os orientais enfrentam 10% (dado de 2013). Os orientais empregados, por sua vez, atualmente ganham 25% a menos de salário, em média.
Até do espaço é possível ainda ver que Berlim já foi dividida. Uma foto publicada em abril do ano passado pelo astronauta Chris Hadfield, tirada a bordo da Estação Espacial Internacional, revela a iluminação branca do lado ocidental, em contraste com a luz amarelada da iluminação de rua oriental.
Depois da derrubada, pedaços do Muro de Berlim ainda estão à venda em lojas para turistas, assim como na internet, para colecionadores interessados em um "pedaço" da Guerra Fria.
Há no entanto, muitos rumores sobre a autenticidade desses restos de concreto.
Corre entre os berlinenses a piada de que seria possível erguer vários muros com o que já se vendeu desse tipo de lembrancinha.
Embora o dia 9 de novembro de 1989 seja comemorado como o dia da Queda do Muro, a reunificação só ocorreu formalmente quase um ano depois, em 3 de outubro de 1990, quando a República Democrática Alemã (RDA) foi dissolvida e todo seu território passou a fazer parte da República Federal da Alemanha, conhecida como Alemanha Ocidental.
Quando a fronteira foi aberta, a população animada começou a quebrar o muro, derrubando as placas de concreto de que era formado. Isso, no entanto não foi suficiente para dar um fim à extensa instalação. Foi necessário um ano inteiro de obras para remover os 45 mil elementos de concreto e demais sistemas de proteção, permitindo a reabertura de mais de cem ruas que haviam sido bloqueadas.
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