Em palestra na Universidade de Harvard, a convite da instituição e do Massachusetts Institute of Technology (MIT), governador afirma que o Brasil está sem gestão política e sem gestão administrativa”
Cambridge (Estados Unidos), 23 de abril de 2016 – O governador Marconi Perillo afirmou neste sábado, em palestra na Brazil Conference, promovida pela Universidade de Harvard e pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Cambridge (Estados Unidos), que o Brasil precisa de líderes políticos que enfrentem os temas desgastantes, para destravar as reformas que o País precisa promover com o objetivo de fazer com que a economia nacional retome o caminho do crescimento e do desenvolvimento.
Marconi afirmou que o Brasil precisa de liderança firme e com convicção. “Precisamos no Brasil de uma liderança que tenha pulso e aponte o caminho. No Brasil de hoje não temos nem gestão política nem gestão administrativa”, disse o governador ao encerrar a palestra, sob intensos aplausos dos participantes da conferência.
“Estou defendendo uma transição democrática que tire o Brasil do buraco”, afirmou. Marconi falou na conferência a convite das duas instituições de ensino superior norte-americanas e debateu alternativas para a crise econômica nacional e a criação do Consórcio de Estados do Brasil Central, do qual é presidente. “O governo de transição precisa fazer as reformas necessárias para o Brasil crescer”, afirmou Marconi, ao citar a abertura do processo de impeachment pela Câmara dos Deputados no último domingo (17 de abril). Assistiram à palestra empresários, economistas, autoridades e estudantes de Harvard e do MIT. Na plateia estavam o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ayres Britto e o empresário Jorge Paulo Lemann.
“Precisamos de pessoas que enfrentem as questões desgastantes”, afirmou o governador na Brazil Conference, citando as reformas trabalhista, tributária, política e previdenciária. “A última reforma que fizemos no País foi no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-1998), quando eu era deputado federal, que foi a mudança do conceito de capital estrangeiro, tabu no País, as reformas administrativa e previdenciária, a flexibilização dos monopólios e as privatizações”, enumerou.
Marconi disse ainda que o estamento político brasileiro, representado pelos Poderes Executivo e Legislativo, precisa apresentar, “com clareza”, o conjunto de reformas demandado pela população. “Chegou a hora de todos nós, políticos, que estamos com a imagem arranhada – e com toda razão –, colocarmos nossas ideias e propostas de forma clara para a população”, assinalou o governador. Ele afirmou ainda que o momento político, “marcado pela consolidação e fortalecimento das instituições democráticas”, cria a oportunidade para que “os temas polêmicos sejam enfrentados e debatidos”.
“Este momento político é muito importante na nossa história. Essa história de golpe só está na cabeça de alguns. Acho até que é uma desculpa, com todo respeito a quem prega essa ideia, porque o que está acontecendo no Brasil é absolutamente legal, constitucional, dentro dos parâmetros institucionais”, asseverou o governador na Brazil Conference, em referência ao processo de impeachment. “Os ritos foram ditados pelo Supremo Tribunal Federal”, citou, para lembrar que o Poder Judiciário, o Ministério Público e a imprensa brasileira “são independentes, atuantes e fortes” no Brasil, como reflexo “da consolidação e do fortalecimento da democracia”.
“Temos no Brasil uma democracia consolidada. A (investigação da) Lava Jato e o processo de impeachment só são possíveis porque vivemos no Brasil um momento democrático dos mais férteis de nossa história e porque nossas instituições são sérias”, ponderou Marconi. “O Brasil não é uma Venezuela. Os países que adotaram gestões modernas e planejadas na América Latina foram para frente. Os países que não quiseram conquistar popularidade a qualquer custo foram para frente e estão crescendo”, definiu.
Acerca da participação de seu partido, o PSDB, com a eventual abertura do processo de impeachment também no Senado, Marconi disse que “muito mais importante do que ficarmos pensando em como vamos chegar a 2018 em condições de termos uma candidatura forte, é saber como o Brasil vai chegar até lá”. “Nós precisamos colaborar com o Brasil. Eu defendo que o PSDB colabore nessa etapa de transição com o nosso País”, sustentou o governador.
Ao apresentar o Consórcio Brasil Central, formado pelos Estados da Região Centro-Oeste, mais Tocantins e Rondônia, da Região Norte, o governador afirmou também que a descentralização administrativa, criada com a fundação da agência, permite que os Estados planejem o desenvolvimento regional de forma conjunta. Ele citou os números da produção agrícola e industrial do bloco, acima da média nacional nos últimos dez anos, para demonstrar que o crescimento econômico permitiu também a redução das desigualdades sociais.
“Nossa região foi a que mais reduziu as disparidades sociais na última década, quando a parcela mais pobre da população teve ganho de renda proporcionalmente superior à parcela mais rica da população”, observou o governador. Marconi demonstrou que Goiás, por sua vez, foi o Estado do Brasil Central que mais reduziu as desigualdades sociais, ocupando a primeira posição no País no quesito. Ele afirmou que isso foi resultado de uma administração planejada, focada no resultado, voltada para o estímulo ao desenvolvimento econômico associado a programas de distribuição de renda.
Marconi também relatou as medidas adotadas no atual governo para reduzir os gastos com a manutenção da máquina pública, como a extinção de 6 secretarias (de 16 para 10 órgãos), a contenção de gastos com custeio e a racionalização da folha de pagamento. Disse também que o governo federal terá de reduzir o tamanho da máquina pública como parte do ajuste fiscal para que o Brasil retome o crescimento econômico. Ao final, o governador respondeu a perguntas feitas pelos participantes daBrazil Conference. Marconi retorna ao Brasil neste domingo (24/4).
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