O lobista Fernando Soares, conhecido como Baiano, negou ao Conselho de Ética da Câmara, nesta terça-feira, 26, que tenha sido operador do PMDB, mas admitiu que funcionários da Petrobras pediam vantagens indevidas a políticos do partido. Ele afirmou que há um erro na tentativa de "imputar aos empresários a corrupção". "Em todo o lugar tem gente boa e tem gente ruim. A corrupção não começou aqui", disse. "Nenhum empresário acha bom tirar dinheiro do bolso para pagar propina", continuou.
Baiano mencionou que possuía uma empresa na área de Tecnologia da Informação, a Piemonte Investimentos, que prestava serviços para a Petrobras. De acordo com ele, depois de um determinado momento se recusou a pagar propina aos funcionários da empresa, mas que teria sofrido perseguições. O lobista contou ainda que gastou mais de 12 milhões de reais tentando salvar a empresa e que "ficou no prejuízo". Ele admitiu que recebeu propina e vantagens indevidas e que possuía um celular específico para tratar de propina com políticos.
Na oitiva, Baiano disse que esteve cerca de 20 vezes na casa de Cunha no Rio de Janeiro, além de ter ido ao escritório do parlamentar algumas vezes para pagar quantias de acordos feitos entre os dois, no Leblon, e de ter estado de duas a três vezes no gabinete dele na Câmara. Ele contou que também vinha ao Congresso para visitar outros deputados, sem mencionar nomes. O lobista reafirmou que pagou R$ 4 milhões de reais em espécie para um funcionário de Cunha, mas negou qualquer repasse em contas no exterior.
O lobista explicou que recebeu a ajuda do presidente da Casa para cobrar uma dívida de R$ 10 milhões do lobista Júlio Camargo em troca de doações eleitorais, a partir de 2010. No acordo, inicialmente de 20% e que subiu para 50%, Cunha pressionaria Júlio por meio da comissão de fiscalização sobre contratos de empresas que Júlio representava junto à Petrobras. Baiano contou que conheceu Cunha em 2009, de maneira informal.
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