PUBLICADO EM 16/05/15 - 03h00
Representantes de movimentos sociais acreditam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apesar de toda a contestação pela qual passa o PT, tem legitimidade para organizar a esquerda brasileira e defender o partido. No próximo mês, Lula irá percorrer o país para conversar com os movimentos sociais e sindicais, para tentar suturar as feridas que acometeram a legenda devido aos escândalos de desvio de dinheiro público na Petrobras.
Representantes de movimentos sociais acreditam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apesar de toda a contestação pela qual passa o PT, tem legitimidade para organizar a esquerda brasileira e defender o partido. No próximo mês, Lula irá percorrer o país para conversar com os movimentos sociais e sindicais, para tentar suturar as feridas que acometeram a legenda devido aos escândalos de desvio de dinheiro público na Petrobras.
Com o objetivo de recuperar a credibilidade do PT com sua base social, o ex-presidente Lula vai colocar o pé na estrada e se encontrar com entidades organizadas no fim de junho. A iniciativa da maior estrela petista será também para defender o atual governo.
A secretária executiva da União Nacional por Moradia Popular (UNMP), Evaniza Rodrigues, entende que Lula continua sendo uma referência importante e atuante. “Ele faz parte do processo de consolidação dos movimentos sociais e do pensamento progressista no Brasil. Já estivemos com ele em abril e o contato é recorrente. Ele tem muita força para unir os setores da sociedade”, acredita.
Mas, para Evaniza, é necessário que o ex-presidente reafirme o compromisso com as demandas da UNMP. “O Lula tem seu papel na história, mas não significa que concordamos em tudo. Apoiamos quem defende nossa pauta.”
Com posicionamento mais crítico, o coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT) Rubem Siqueira enfatiza que Lula não tem o mesmo poder de influência que já teve no passado. No entanto, a proximidade dos governos petistas com as organizações sociais ainda rende uma retaguarda importante para o PT.
“Ainda restou alguma influência ao Lula, mesmo após a derrocada do PT. Ele receberá apoio dos setores que estão ligados umbilicalmente à estrutura do governo federal. Ele também vai ter o apoio de movimentos que estão preocupados com a atual conjuntura do país, que é a mobilização da direita”, pontua.
Siqueira reitera que uma figura populista como a de Lula não é a ideal para a defender o desenvolvimento social no Brasil. “Sempre tivemos essa figura populista, de caudilho, mas uma liderança pessoal forte acaba se permeando por uma disjunção corrupta. O ideal seria que a sociedade civil organizada, a partir de uma grande rede de mobilização, provoque as mudanças e imponha limites a quem está no poder.”
Populismo
“Espero que não apareça mais nenhuma figura como os ex-presidentes Lula, Juscelino Kubitschek ou Getúlio Vargas. A sociedade organizada é que precisa se ver como responsável por mudanças. Precisamos superar esse esquema de figuras populistas”.
Rubem Siqueira - Coordenador da Comissão Pastoral da Terra
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