segunda-feira, 4 de maio de 2015

Aécio usou avião exclusivo do governo de Minas após ter deixado o cargo, diz jornal

O senador tucano Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, teria utilizado aeronaves de uso exclusivo do governo de Minas Gerais, sem a presença de autoridade estadual, pelo menos seis vezes após deixar o cargo de governador, em 2010. A denúncia foi feita pela Folha de S. Paulo, que afirma que as viagens aconteceram entre 2011 e 2012, de acordo com informações de relatório do Gabinete Militar do Estado.
Neste período, Aécio já havia assumido o cargo de senador e eleito seu sucessor no Executivo mineiro, Antonio Anastasia, que hoje também é senador.
Uma das aeronaves, usada em uma das viagens, é destinada exclusivamente ao governador - seu uso foi regulamentado por decreto pelo próprio Aécio Neves. Outra, usada em cinco voos, atende ao vice-governador, secretários e autoridades em "missão oficial". Em resposta ao jornal, o parlamentar justificou que estava em missão a pedido de Anastasia.
Esta é a segunda denúncia envolvendo voos e Aécio Neves. Em junho de 2014, veio à tona o caso do aeroporto da cidade de Claudio, em Minas Gerais, construído pelo governo do estado em 2010 dentro de uma fazenda de um parente de Aécio. A obra, que custou R$ 14 milhões, foi feita no fim do segundo mandato do tucano como governador do Estado. As informações também foram divulgadas pela Folha de S.Paulo.
De acordo com a publicação, o aeroporto é administrado por familiares de Aécio. A família de Múcio Guimarães Tolentino, 88 anos, que é tio-avô do tucano e ex-prefeito do município de Cláudio, guarda as chaves do portão do local. 
Orçado em R$ 13,5 milhões, o aeroporto foi feito pela construtora Vilasa, responsável por outros aeroportos incluídos no programa mineiro. O custo final da obra, somados aditivos feitos ao contrato original, foi de R$ 13,9 milhões, segundo a Folha de S. Paulo.
O jornal afirma que, para pousar no aeroporto, é preciso pedir autorização aos filhos de Múcio. Segundo um deles, Fernando Tolentino, a pista recebe pelo menos um voo por semana, e seu primo Aécio Neves usa o aeroporto sempre que visita a cidade. Múcio é irmão da avó de Aécio, Risoleta Tolentino Neves, que foi casada por 47 anos com Tancredo Neves.
Segundo a publicação, a pista do aeroporto tem um quilômetro e pode receber aeronaves de pequeno e médio porte, com até 50 passageiros. Sem funcionários, o local é considerado irregular pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que afirmou que ainda não recebeu do governo estadual todos os documentos necessários para a homologação do aeroporto.
A obra foi executada pelo Departamento de Obras Públicas do Estado (Deop) e faz parte de um programa lançado por Aécio para aumentar o número de aeroportos de pequeno e médio portes em Minas.
Segundo o jornal, o governo do Estado desapropriou a área de Múcio Tolentino antes da licitação do aeroporto e até hoje eles discutem na Justiça a indenização. O Estado fez um depósito judicial de mais de R$ 1 milhão pelo terreno, mas o tio de Aécio contesta o valor.
De acordo com a Folha, antes de o aeroporto ser construído, havia no local uma pista de pouso mais simples, de terra., construída em 1983, quando Tancredo Neves era governador de Minas Gerais e Múcio era prefeito de Cláudio, terra natal de Risoleta.
Ao jornal, Aécio afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a construção do aeroporto seguiu critérios técnicos, e que o governo de Minas Gerais não levou em consideração o fato de o proprietário do terreno ter parentesco com ele.
Contudo, segundo a Folha, Aécio não respondeu quantas vezes usou o aeroporto, e o motivo pelo qual o local, construído com dinheiro público, tem uso privado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário