Este verão, a expressão "ir a banhos" ganhou outro significado. Tudo terá começado com um vídeo publicado nas redes sociais, a 15 de julho, por Pete Frates, 29 anos, um antigo capitão da esquipa de basebol do Boston College, nos EUA, que soubera três meses antes que sofria de esclerose lateral amiotrófica (ELA). Pete despejava um balde de água gelada sobre a sua cabeça, reinterpretando uma iniciativa antiga e adaptando-a aos tempos da comunicação global (e viral). O ex-desportista queria dar visibilidade a esta doença incurável e angariar fundos para apoiar a associação ALS. Desafiou três amigos, e esses amigos trouxeram outros amigos também.
Em menos de um mês, milhões de baldes de água haveriam de ser despejados sobre cabeças mais ou menos famosas, um pouco por todo o mundo. Com esta iniciativa, só no mês de agosto foram partilhados mais de 1,5 milhões de vídeos no Facebook, e a associação de doentes nos EUA recebeu uns inesperados 100 milhões de dólares. O fenómeno acabou por ser transversal a várias idades, meios sociais e nacionalidades. Do cidadão anónimo a atores, empresários, desportistas ou políticos, ninguém quis ficar de fora da onda de solidariedade.
Em Portugal, a doença que vitimou o cantor Zeca Afonso e que confina há mais de 40 anos o físico Stephen Hawking a uma cadeira de rodas, era pouco conhecida. A partir deste ano, arrisca-se a ser rebatizada como "a doença do balde de água gelada". Mas, pelo menos, já todos sabemos o que é.
O QUE É A ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA?
Esta doença neurológica degenerativa conduz à morte das células nervosas responsáveis por enviar informação para a realização dos movimentos dos músculos. Começa por comprometer a locomoção, a fala, a deglutição e a respiração. O corpo vai deixando de obedecer ao cérebro, até ficar completamente paralisado e o músculo vital, o coração, parar de bater. Não tem cura e afeta cerca de 700 portugueses.