Estelionato eleitoral para o bem ou para o mal?
fonte: Folhapress
O governo tem anunciado uma série de medidas e intenções que vão totalmente na contramão do que a candidata Dilma dizia, defendia ou criticava. Começa pelo ajuste das contas públicas que vai incluir aumento de impostos, cortes de gastos em áreas prioritárias, até repasses para os bancos estatais reforçarem o crédito. Já houve, inclusive, aumento da taxa cobrada pelo BNDES para os financiamentos para projetos empresariais. Depois, tem a elevação dos juros, necessária para controlar a inflação que, no ano que vem, de novo, vai ameaçar o teto da meta. E a alta dos juros não significa que o brasileiro vá ficar sem comida na mesa como colava a campanha eleitoral, lembra?
E agora vieram as alterações em benefícios da Previdência. Aqueles que a candidata Dilma afirmou que não seria alterados "nem que a vaca tussa". A vaca vai ter de tomar um bom xarope enquanto o governo tenta fechar alguns ralos das finanças previdenciárias, decorrentes de brechas que permitiam o pagamento de uma série de benefícios até de forma irregular. Algumas possíveis injustiças, como o corte do valor da aposentadoria por morte para a baixa renda, poderão ser corrigidas. As propostas ainda vão passar pelo Congresso, Mas o fato é que são atualizações na legislação que podem assegurar uma economia importante de gastos, ajudando no cumprimento da nova meta fiscal. E a nova equipe já fala, até mesmo, na regulamentação da terceirização nas relações trabalhistas, reconhecendo uma situação que já é realidade em vários setores. mais uma proposta que a candidata abominava.
Agora, a verdade é que, mesmo que a candidata Dilma tenha mentido e a presidente Dilma negue agora o que foi dito em campanha, do ponto de vista do andamento da economia é positivo que isso esteja ocorrendo. Dobrar a aposta numa política equivocada, populista, poderia levar o Brasil a uma crise mais séria na economia. Ainda bem que a Nova Matriz Econômica está sendo abandonada.
As novas medidas propostas não vão assegurar um desempenho excepcional a médio prazo. Não mesmo. 2015 deve ser um ano difícil, até pela adoção dessas medidas, que tendem a travar um pouco a atividade econômica, pelo menos, nos primeiros meses do próximo ano.
Mas, pensando em prazo mais longo, a adoção de uma política econômica mais ortodoxa, com foco no ajuste das finanças públicas e controle maior da inflação, pode criar as bases para a retomada de um crescimento mais consistente com estabilidade.
O pior que poderia acontecer era a presidente Dilma insistir na manutenção das promessas equivocadas da candidata Dilma. Ruim mesmo é para quem acreditou que tudo aquilo era verdade e teríamos o melhor dos mundos. Agora, poderemos atravessar tempos difíceis mas, pelo menos, com a perspectiva de melhora mais à frente.
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