sábado, 27 de dezembro de 2014

Afeganistão. A vida de uma intervenção militar internacional

Afeganistão. A vida de uma intervenção militar internacional

As Forças Internacionais saem do Afeganistão no último dia de 2014. Para trás ficam 13 anos de intervenção internacional contra o movimento talibã, liderada pelos EUA na sequência dos atentados de 11 de setembro de 2001
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 Última atualização há 7 minutos
Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, o então Presidente dos EUA, George W. Bush, declarou "guerra ao terror". A invasão do Afeganistão começou a 7 de outubro desse ano, sem o aval da ONU, mas apoiada pela Aliança do Norte, um grupo armado afegão que se opunha aos talibãs, e pela NATO. Segue-se uma cronologia dos principais acontecimentos destes 13 anos de intervenção militar. 
2001
Outubro - Início de bombardeamentos aéreos dos Estados Unidos na sequência dos atentados do 11 de setembro em Nova Iorque e Washington. Forças anti-talibã da Aliança do Norte entram em Cabul.

Dezembro - Diversos grupos afegãos chegam a acordo em Bona, Alemanha, para a formação de um governo interino. Hamid Karzai assume a chefia do novo governo interino.

2002
Janeiro - Chega ao Afeganistão o primeiro contingente da Força Internacional de Assistência à Segurança (ISAF) liderada pela NATO.

Abril - Regresso do antigo rei Zahir, que não reivindica o trono e morre em 2007.

Junho - O 'Loya Jirga', o grande conselho das tribos afegãs, elege Hamid Karzai como chefe de Estado interino, que deverá exercer funções até 2004.

2003
A NATO assume o controlo da segurança em Cabul, na sua primeira missão operacional fora da Europa.

2004
Janeiro - O 'Loya Jirga' adota uma nova Constituição que reforça os poderes presidenciais.

Outubro-novembro - Eleições presidenciais. Hamid Karzai é declarado vencedor.

2005
Setembro - Os afegãos são convocados para as primeiras eleições legislativas em mais de 30 anos.

Dezembro - Sessão inaugural do novo parlamento, dominado por "senhores da guerra" e figuras proeminentes dos diversos clãs afegãos.

2006
Outubro - A NATO toma a responsabilidade pela segurança em todo o território do Afeganistão, ao assumir no leste o comando de uma força militar coligada, liderada pelos Estados Unidos.

2007
Agosto - Relatório da ONU sobre o Afeganistão refere que a produção de ópio atingiu um novo recorde.

2008
Junho - O Presidente afegão, Hamid Karzai, ameaça enviar tropas para o vizinho Paquistão para combater milícias insurgentes, caso Islamabad não inicie uma ação armada contra estes grupos, muito ativos na fronteira comum.

Julho - Ataque bombista suicida contra a embaixada da Índia em Cabul provoca mais de 50 mortos.

Setembro - O Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, envia mais 4.500 soldados para o Afeganistão, que define como um "reforço suave".

2009
Fevereiro - Os países da NATO comprometem-se a aumentar os compromissos militares e outros no Afeganistão, após os Estados Unidos anunciarem o envio de mais 17.000 tropas suplementares.
Dezembro - Barack Obama decide enviar mais 30.000 soldados para o Afeganistão, elevando o contingente norte-americano para 100.000 militares. Refere ainda que os EUA vão iniciar a retirada das suas forças a partir de 2011.
Sete agentes da CIA são mortos por agente duplo da Al-Qaida em ataque suicida numa base norte-americana em Khost.

2010
Fevereiro  - A ISAF desencadeia a Operação Moshtarak, uma grande ofensiva destinada a garantir o controlo pelo governo da província de Helmand, sul do Afeganistão.

Julho - O portal da Internet 'WikiLeaks' publica milhares de documentos militares classificados dos EUA relacionados com o Afeganistão.

Agosto - Holanda retira as suas tropas do Afeganistão.
Karzai diz que as empresas de segurança privadas, acusadas de atuar com total impunidade, devem cessar as suas operações.

Setembro - Eleições legislativas voltam a ser assinaladas pela violência talibã, fraudes generalizadas e um longo atraso na divulgação dos resultados.

Novembro - Cimeira da NATO em Lisboa aprova um plano destinado a transferir o controlo da segurança para as forças afegãs até ao final de 2014.

2011
Janeiro - O Presidente afegão faz uma visita oficial à Rússia, a primeira de um líder afegão desde o fim da invasão soviética em 1989.
Julho - Ahmad Wali Karzai, meio-irmão do Presidente e governador de Kandahar é morto no decurso de uma campanha dos talibãs contra figuras proeminentes.

Setembro - Assassinado o ex-presidente Burhanuddin Rabbani, que assumia as funções de mediador entre Cabul e a liderança talibã.

Novembro - O Presidente Hamid Karzai garante o apoio dos chefes tribais para negociar uma parceria militar com os EUA durante dez anos. O pacto prevê a permanência de tropas norte-americanas após 2014, quando as tropas estrangeiras abandonarem o país.

Dezembro - O Paquistão e os talibãs boicotam a anunciada Conferência de Bona sobre o Afeganistão. O Paquistão recusa comparecer após a morte de soldados paquistaneses colocados junto à fronteira afegã durante um ataque aéreo da NATO.

2012
Janeiro -  Os Talibãs aceitam a abertura de uma delegação no Dubai na perspetiva de conversações de paz com os EUA e o governo afegão.

Março - O sargento do exército norte-americano Robert Bales é acusado de matar 16 civis durante uma incursão numa aldeia de Panjwai, Kandahar.

Abril - Os talibãs anunciam a "ofensiva da primavera" com um audacioso ataque ao bairro diplomático em Cabul. O governo acusa a Rede Haqqani. As forças de segurança abatem 38 militantes.

Maio  - A cimeira da NATO ultima um plano para retiradas das tropas de combate até ao final de 2014. Arsala Rahmani, antigo ministro talibã, envolvido nas negociações de paz e crucial nos contactos com os comandantes rebeldes, é morto em Cabul. Os talibãs negam a responsabilidade.

Julho - A conferência de doadores de Tóquio garante 16 mil milhões de dólares (13 mil milhões de euros) em ajuda civil para o Afeganistão até 2016, com os Estados Unidos, Japão, Alemanha e Reino Unido a fornecerem a maioria dos fundos. O Afeganistão concorda adotar novas medidas de combate à corrupção.

Agosto - Seis soldados norte-americanos são punidos por terem "queimado acidentalmente" cópias do Corão e de outros textos religiosos no Afeganistão. Três 'marines' norte-americanos são também punidos após a divulgação de um vídeo onde urinam sobre corpos de talibãs mortos.

Setembro - Os Estados Unidos entregam ao governo afegão o controlo da prisão de alta segurança de Bagram, apesar de manterem o controlo sobre diversos prisioneiros estrangeiros até março de 2013.
Na sequência de uma série de ataques contra tropas estrangeiras por soldados e polícias afegãos, os EUA suspendem o treino de novos recrutas da polícia para investigar possíveis ligações aos talibãs.

2013
Fevereiro - Hamid Karzai e o seu homólogo paquistanês Asif Ali Zardari concordam em elaborar um acordo de paz afegão, após conversações patrocinadas pelo primeiro-ministro britânico David Cameron.

Junho - O exército afegão assume o comando de todas as operações militares e de segurança que estavam entregues às forças da NATO.
O Presidente afegão suspende as conversações sobre segurança com os EUA após Washington anunciar planos para iniciar conversações diretas com os talibãs. O governo do Afeganistão insiste no direito de conduzir as conversações no Qatar.

2014
Janeiro - Um comando suicida talibã ataca um restaurante no bairro diplomático de Cabul, no pior ataque contra civis estrangeiros desde 2001. Entre as 13 vítimas estrangeiras incluiu-se o responsável do FMI no país.

Fevereiro - Início da campanha para as presidenciais, marcadas por um aumento dos ataques talibãs.

Abril - Eleições presidenciais inconclusivas. Segunda volta entre Abdullah Abdullah e Ashraf Ghani.

Junho - Segunda volta das presidenciais, mais de 50 mortos em diversos incidentes durante a votação.

Julho - Funcionários eleitorais recomeçam a contagem de todos os votos das presidenciais de junho, no âmbito de um acordo mediado pelos EUA e destinado a terminar com as acusações entre os dois candidatos sobre fraudes generalizadas durante o escrutínio.

Setembro - Os candidatos à presidência afegã, assinam um acordo sobre a partilha do poder após dois meses de conflitos em torno dos resultados eleitorais. Ashraf Ghani presta juramento como novo Presidente afegão.

Outubro - Os Estados Unidos e o Reino Unido terminam as suas operações de combate. Um grupo de peritos considera que a ISAF tem tendência a "exagerar" os seus sucessos militares contra os talibãs.

Novembro - Dois soldados norte-americanos mortos em Cabul. O ataque coincide com a aprovação pelo parlamento do decreto que autoriza a presença de 12.500 tropas da NATO, incluindo 9.000 norte-americanos, em 2015.
Dezembro - O chefe das Forças Armadas paquistanesas desloca-se a Cabul para abordar a cooperação antiterrorista com os homólogos afegãos, um dia após o ataque de 16 de dezembro de um comando talibã contra uma escola paquistanesa frequentada por filhos de militares que provocou 141 mortos.
Num discurso de Natal no Hawai, Barack Obama saúda as tropas norte-americanas pelo sua "extraordinária dedicação e sacrifícios" revelados no Afeganistão.


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/afeganistao-a-vida-de-uma-intervencao-militar-internacional=f904107#ixzz3N6DDlURG

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