Presidente é investigado no inquérito que apura suposto pagamento de propina na edição do decreto dos portos. PF quer mais 60 dias para investigar Temer; decisão cabe a Luís Roberto Barroso.
Por Camila Bomfim, TV Globo, Brasília
O presidente Michel Temer (Foto: Adriano Machado/Reuters)
O delegado Cleyber Lopes, da Polícia Federal, pediu nesta terça-feira (20) ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prorrogação, por mais 60 dias, do inquérito em que o presidente Michel Temer é investigado. Caberá ao ministro Luís Roberto Barroso, relator do caso, analisar o pedido.
O inquérito foi aberto em maio do ano passado com base nas delações de Joesley Batista, dono do grupo J&F, e de Ricardo Saud, ex-executivo do grupo.
As investigações apuram o suposto pagamento de propina na edição, por Temer, de um decreto relacionado ao setor de portos.
De acordo com as investigações, a empresa Rodrimar, que atua no Porto de Santos (SP), teria sido beneficiada. Temer e a empresa negam a acusação.
Recentemente, peritos da Polícia Federal sugeriram a Cleyber Lopes que peça a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico dos investigados, inclusive de Temer.
Na semana passada, Joesley Batista e Ricardo Saud prestaram depoimento à PF para dar mais detalhes sobre o caso envolvendo o decreto dos portos.
Joesley, por exemplo, disse que no encontro que teve com Temer em março do ano passado em Brasília fez um gesto de "dinheiro" com os dedos ao perguntar ao presidente se podia tratar de "todos os assuntos" com Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor especial de Temer – Loures ficou conhecido por ter sido flagrado recebendo uma mala com R$ 500 mil da JBS.
Caso Segovia
No último dia 9, o diretor-geral da PF, Fernando Segovia, afirmou em entrevista à Reuters que, no inquérito, não foi encontrado indício de crime cometido por Temer na edição do decreto.
Segundo a agência, Segovia também indicou que a PF iria pedir o arquivamento das investigações.
A entrevista causou intensa repercussão, a ponto de delegados da Lava Jato divulgarem mensagem contra as declarações de Segovia.
Além disso, o ministro Luís Roberto Barroso intimou o diretor-geral da PF a dar explicações. Os dois se encontraram nesta segunda (19) e, segundo despacho de Barroso, Segovia disse ter sido mal interpretado.
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