Documento de 321 páginas avaliou os programas de computador Drousys e My Web Day, que serviam, entre outras coisas, para que os funcionários da empreiteira discutissem o pagamento de propinas a agentes públicos
© Ricardo Moraes / Reuters
POLÍTICA LAVA JATO
A perícia realizada nos sistemas de comunicação usados por executivos da Odebrecht, o Drousys e o My Web Day, foi concluída pela Polícia Federal e o laudo anexado à ação penal que investiga a compra de um terreno em São Paulo, e de um apartamento em São Bernardo do Campo, no prédio onde vive o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O documento, que tem 321 páginas, deu entrada no sistema da Justiça Federal nesta sexta-feira (23), às 14h46. A análise do material foi feito a mando do juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato em primeira instância.
Conforme o portal G1, os programas de computador serviam, entre outras coisas, para que os funcionários da empreiteira discutissem o pagamento de propinas a agentes públicos.
De acordo com denúncia do Ministério Público Federal (MPF), nesse processo, Lula é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Outras oito pessoas foram denunciadas, entre elas Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo Odebrecht.
Segundo os procuradores, Lula participou de um intricado esquema para desviar entre 2% e 3% dos valores de contratos assinados entre a Odebrecht e a Petrobras. A cifra total dos desvios ultrapassaria R$ 75 milhões. As informações são da Agência Brasil.
O dinheiro foi usado para pagar propina aos partidos PT, PP e PMDB, além de promover o enriquecimento ilícito do ex-presidente, escreveram os procuradores. Os contratos foram firmados pelas diretorias de Abastecimento e Serviços da Petrobras, ocupadas por Paulo Roberto Costa e Renato Duque, respectivamente.
Em troca da propina, Lula teria loteado cargos públicos com o intuito de garantir apoio parlamentar para a nomeação dos dois diretores.
Uma das formas do ex-presidente receber a propina se deu por meio da compra e manutenção da sede do Instituto Lula, em São Paulo, pela Construtora Norberto Odebrecht, segundo os investigadores. O negócio, de mais de R$ 12 milhões, teria sido fechado com a intermediação do ex-ministro Antonio Palocci e de seu assessor, Branislav Kontic, também denunciados.
Cobertura custou R$ 504 mil
A denúncia afirma ainda que uma cobertura vizinha à que Lula mora em São Bernardo do Campo foi comprada pela Odebrecht por R$ 504 mil e dada ao ex-presidente. Nesse caso, quem teria atuado como testa de ferro no negócio seria Glaucos da Costamarques, parente de José Carlos Bumlai, pecuarista que é amigo de Lula.
O advogado de Lula, Roberto Teixeira, e a ex-primeira-dama Marisa Letícia também foram denunciados por participação no esquema.
“A denúncia foi elaborada com base em depoimentos, documentos apreendidos, dados bancários e fiscais bem como outras informações colhidas ao longo da investigação, todas disponíveis nos anexos juntados aos autos”, disseram os procuradores.
O ex-presidente nega as irregularidades.
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