Operação Jabuti é um desdobramento da Lava Jato e investiga desvio de recursos da entidade, lavagem de dinheiro e pagamento de cerca de R$ 180 milhões em honorários advocatícios
Julia Affonso
23 Fevereiro 2018 | 07h20
A Polícia Federal prendeu na manhã desta sexta-feira, 23, o presidente da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), Orlando Diniz, na Operação Jabuti. A ação é um desdobramento da Operação Lava Jato.
A Jabuti investiga desvio de recursos da Fecomércio, lavagem de dinheiro e pagamento de cerca de R$ 180 milhões em honorários advocatícios com recursos da entidade. A operação é realizada em parceria com o Ministério Público Federal e apoio da Receita.
Aproximadamente 60 policiais federais cumprem um mandado de prisão preventiva, três mandados de prisão temporária e 10 mandados de busca e apreensão.
“Nesse valor estão incluídos cerca de R$20 milhões que teriam sido pagos ao escritório pertencente à esposa de um ex-governador do Rio que se encontra recolhido ao sistema prisional à disposição da Justiça”, diz a nota da PF.
A Operação Jabuti indica que ‘diversas pessoas receberam, por anos, salários da Fecomércio-RJ, embora nunca tenham trabalhado no órgão’.
“Algumas dessas pessoas, na verdade, trabalhavam para o ex-governador preso, e outras são familiares próximos de outros membros da organização criminosa”, afirma a PF.
O nome da Operação faz alusão a funcionários-fantasmas, que entre os funcionários da FECOMÉRCIO-RJ eram conhecidos como “jabutis”.
Em dezembro do ano passado, Orlando Diniz foi afastado do Sesc-Rio, pelo Superior Tribunal de Justiça.
Repasse de R$ 13.025.183,26, da Fecomércio do Rio ao escritório de advocacia da ex-primeira-dama do Estado Adriana Ancelmo já havia sido alvo da Lava Jato. Em novembro de 2016, quando o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB) foi preso, o Ministério Público Federal havia apontado um ‘crescimento vertiginoso’ da banca.
Durante o governo Cabral, o escritório de Adriana Ancelmo recebeu R$ 35,8 milhões de 10 empresas. Uma delas, a Fecomércio do Rio.
Na época, a forca-tarefa da Lava Jato chamou a atenção para ‘o assombroso vole de recursos que a Fecomércio – Federação das Indústrias do Comércio do Rio – passou a desembolsar para o escritório de Adriana Ancelmo principalmente em 2015 e 2016’.
“Os valores pagos exclusivamente pela Fecomércio são superiores a soma de todos os clientes do escritório nos anos anteriores, sabendo que existe pedido de investigação do Ministério Público de Contas junto ao Tribunal de Contas da União, envolvendo a Fecomércio e a contratação de escritórios de advocacia”, destacou a força-tarefa na ocasião.
COM A PALAVRA, A DEFESA DO PRESIDENTE DA FECOMÉRCIO DO RIO, ORLANDO DINIZ
“As acusações que recaem sobre Orlando Diniz são infundadas. Ele vai esclarecer todos os pontos levantados pela PF e pelo MPF e o devido processo legal deve provar sua inocência.
O comando nacional da Confederação Nacional do Comércio, dirigida desde 1980 pela mesma pessoa, tem interferindo indevidamente na entidade do Rio de Janeiro com a finalidade de se manter no poder.
As inverdades levantadas contra o grupo legitimamente eleito para dirigir a Fecomércio e o Sesc têm resultado na destruição de projetos importantes para a sociedade fluminense (como o investimento no esporte), no enfraquecimento do comércio no Estado e na desprofissionalização da Fecomércio, hoje controlada por interventores indicados politicamente.
Orlando Diniz sempre colaborou com as investigações e esteve à disposição para esclarecimentos junto às autoridades.”
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