quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Temer anuncia troca do comando da PF; Fernando Segóvia assumirá posto



Por Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito

Carro com empresário Joesley Batista chega à sede da Polícia Federal em BrasíliaCarro com empresário Joesley Batista chega à sede da Polícia Federal em Brasília 11/9/2017 REUTERS/Adriano Machado
Por Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer oficializou nesta quarta-feira a troca do diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, pelo delegado Fernando Segóvia, ex-superintendente da PF no Maranhão.
O Ministério da Justiça confirmou em nota a troca do diretor-geral, como informou a Reuters mais cedo com base em duas fontes com conhecimento do assunto.
"O Ministério da Justiça comunica que o senhor presidente da República escolheu nomear o delegado Fernando Segóvia como novo diretor-geral do Departamento de Polícia Federal", diz o texto, em que o ministro da Justiça, Torquato Jardim, ainda agradece o trabalho de Daiello.
Segóvia, que era adido da PF na África do Sul até poucos meses atrás, é delegado da corporação desde 1996, mas estava sem cargo no momento. O delegado, que tem um bom relacionamento pessoal com Daiello mas não era do grupo mais próximo ao atual diretor-geral, dedicou os meses de sua volta ao Brasil para trabalhar pela indicação, inclusive com relações políticas.
Ex-superintendente no Maranhão, Segóvia desenvolveu um bom relacionamento com o grupo peemedebista do ex-presidente José Sarney, contou à Reuters uma fonte que acompanhou a movimentação do delegado.
A troca de comando na PF estava sendo negociada desde o início do governo Temer, mas se intensificou quando Torquato assumiu o ministério. Já de início, o ministro deu a entender que a mudança seria feita.
O nome preferido de Daiello --e também de Torquato-- era do número 2 do atual diretor-geral, Rogério Galloro. Segóvia, no entanto, também era um dos nomes que corriam nos corredores da PF.
Há cerca de dois meses, o ministro chegou a anunciar que Daiello ficaria no cargo. No entanto, a pressão pela troca cresceu nas últimas semanas.
De acordo com uma fonte, Daiello --que não está em Brasília-- foi pego de surpresa pelo anúncio. Na carreira, segundo fontes ouvidas pela Reuters, delegados e agentes da PF também foram surpreendidos pela escolha neste momento. Entre os delegados, não era visto como o nome de maior preferência da categoria.
Ainda assim, os agentes viram um lado bom na escolha: por ser um nome que não estava na lista tríplice da Associação dos Delegados da PF, delegados não poderiam reivindicar a ideia de respeito à chamada lista tríplice da categoria, nos moldes do que ocorre na escolha para procurador-geral da República.
Mais longevo diretor-geral da PF, Daiello foi beneficiado pelo temor dos governos, tanto de Dilma quanto, inicialmente, de Temer, de parecer que estariam tentando interferir nas investigações tocadas pela corporação, especialmente a operação Lava Jato.
Daiello era visto externamente como um fiador da operação, apesar de, dentro da própria PF, não ser tratado desta maneira e ter sua liderança bastante questionada.
Segóvia foi apresentado formalmente nesta quarta-feira a Temer, acompanhado de Torquato. Logo após o rápido encontro, o Ministério da Justiça divulgou a nota oficializando a mudança.

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